Retrospectiva Lance!: veja como foi o 2025 de Raphinha, um ano de mudança e injustiça
Com títulos na Espanha e números expressivos, atacante vive a melhor fase da carreira

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Quando se fala em um jogador que mudou de patamar em 2025 aos olhos do futebol mundial, ao passar a exercer outra função no ataque e se consolidar como artilheiro, conduzir uma equipe a uma sequência de títulos e figurar entre os melhores atletas do planeta, grande parte do público tende a citar Ousmane Dembélé, do PSG. No entanto, as mesmas características se aplicam à temporada de Raphinha, do Barcelona, que neste ano alcançou a prateleira mais alta do esporte bretão, liderou um dos maiores clubes do mundo e voltou a representar a camisa da Seleção Brasileira com prestígio. A seguir, o Lance! relembra o ano do craque.
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Aos 29 anos, após uma carreira inteiramente dedicada ao futebol europeu desde 2016, Raphinha alcançou o auge na temporada 2024/25. Sua trajetória teve início no Vitória de Guimarães, de Portugal, e depois passou pelo gigante nacional Sporting. Em 2019, ganhou projeção em uma das cinco grandes ligas europeias ao atuar pelo Rennes, na França, e atingiu destaque internacional nos holofotes da Inglaterra com o Leeds United, até chegar ao degrau sonhado por muitos jovens: atuar pelo Barcelona.
Destino ideal? ✈️
A trajetória, por mais linear que pareça, não foi tão simples a partir do momento em que Raphinha chegou à Espanha. Contratado em 2022, o jogador encontrou um clube ainda em processo de transição esportiva e financeira, que enfrentava dificuldades para se reerguer como a potência que por anos intimidou rivais com um futebol vistoso. Sob o comando de Xavi, um dos pilares de outra era do Blaugrana, a equipe conquistou o título de La Liga em 2022/23, já na primeira temporada do atacante, mas ainda estava longe de reproduzir o domínio ofensivo de tempos passados.
Nesse período, Raphinha ainda não era titular absoluto e disputava espaço justamente com Dembélé pelo lado do campo. Ponta-direita habilidoso, ágil e imprevisível, conhecido pela força da perna esquerda, o brasileiro não conquistou plenamente a confiança do técnico nem da torcida naquele momento. A temporada seguinte tampouco trouxe grandes feitos: o Barcelona terminou o ano sem títulos, enquanto o gaúcho perdeu espaço em razão de períodos afastado dos gramados por lesões. Paralelamente, um jovem da mesma posição começava a chamar a atenção do clube: Lamine Yamal.
Figura paterna 👨
Em duas temporadas, somou 20 gols e 23 assistências em 87 partidas, números consistentes para um ponta, mas ainda insuficientes para consolidá-lo como peça crucial do Barça. No início da temporada 2024/25, seu futuro na Catalunha era incerto, a ponto de seu nome ser associado ao endinheirado futebol saudita, enquanto a imprensa local já discutia possíveis reposições para a posição.
Nada disso, porém, parecia difícil demais para um menino criado na Restinga, bairro de Porto Alegre de condições simples, para quem aquele cenário representava apenas mais um obstáculo entre tantos já superados desde os tempos na base do Avaí. A chegada de Hansi Flick à beira do campo foi decisiva para a permanência do atacante no clube, e a escolha do treinador mostrou-se rapidamente acertada.

Arco e flecha 🏹
A partir dali, sua carreira jamais seria a mesma, com o destino reservado aos grandes palcos e aos dias de maior protagonismo do esporte. Tudo isso teve origem em uma mudança aparentemente simples, promovida pelo novo comandante. Antes identificado como um ponta-direita fixo, aberto pelo lado do campo, adepto do corte para o meio com o pé esquerdo e da quebra de linhas por meio do drible, Raphinha passou a atuar de forma mais centralizada, em um movimento pouco comum nos padrões atuais, que privilegiam jogadores abertos de pé trocado para dar amplitude ao terço final. O brasileiro assumiu progressivamente a função de segundo atacante, atrás de Robert Lewandowski, atuando mais próximo do gol e, na maior parte do tempo, partindo da ponta esquerda.
Foi assim que a reta final de 2024 ganhou novo significado para o camisa 11, com uma sequência de atuações que simbolizou a virada em sua trajetória. Em 31 de agosto, marcou seu primeiro hat-trick pelo Barcelona na goleada por 7 a 0 sobre o Real Valladolid; em 23 de outubro, voltou a repetir o feito na Champions League, ao anotar três gols na vitória por 4 a 1 contra o Bayern de Munique; poucos dias depois, em 26 de outubro, balançou as redes pela primeira vez em um El Clásico e ainda distribuiu uma assistência na contundente vitória por 4 a 0 sobre o Real Madrid, no Santiago Bernabéu.
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Nasce uma estrela ⭐
O Barcelona iniciou o ano na liderança da Liga, sem dar margem de reação aos rivais de Madri. Já se desenhava ali um dos ataques mais dominantes da Europa, formado por Yamal pela direita, encantando o mundo aos 17 anos com lances de genialidade, Lewandowski como referência central e finalizador recorrente, e Raphinha na esquerda como elo entre ambos, decisivo tanto em gols quanto em assistências.
Na nova função, o brasileiro passou a se destacar pelas infiltrações em velocidade, o chamado "facão", ao romper linhas defensivas com frequência. Sem permanecer restrito à lateral, ampliava o espaço entre os defensores, criava mais opções ofensivas para si e para os companheiros e, em diversas ocasiões, participava da construção das jogadas desde o meio-campo.
2025 manteve Raphinha no mesmo patamar elevado de desempenho e protagonismo. Em 12 de janeiro, abriu o ano sendo eleito o melhor jogador da final da Supercopa da Espanha ao marcar dois gols e dar uma assistência na vitória por 5 a 2 contra o Real Madrid. Dias depois, em 21 de janeiro, voltou a receber o prêmio de destaque da partida ao liderar uma virada histórica contra o Benfica, na fase de liga da Champions, com dois gols, incluindo o decisivo nos acréscimos, no triunfo por 5 a 4 no Estádio da Luz.
De volta ao protagonismo internacional em março, o astro foi decisivo na classificação do Barcelona às quartas de final ao brilhar novamente contra o Benfica, tanto no jogo de ida quanto no de volta. Em abril, marcou um gol e distribuiu duas assistências na goleada por 4 a 0 sobre o Borussia Dortmund, resultado que lhe permitiu igualar o recorde de Lionel Messi de 19 participações em gols em uma única edição do torneio. Depois, balançou as redes duas vezes diante do Celta de Vigo, com o segundo tento representando o 50º pelo manto azul e grená.
O mês, porém, terminou com sentimentos contrastantes. No dia 26, o Barcelona venceu o Real pela quarta vez na temporada, ao triunfar por 3 a 2 na final da Copa do Rei, e encaminhou a tríplice coroa doméstica em 2024/25. Quatro dias depois, no entanto, ocorreu a única grande falha coletiva da equipe no ano: o empate por 3 a 3 com a Inter de Milão, válido pela ida da semifinal da Champions, duelo no qual Raphinha superou o recorde de Messi. Na semana seguinte, pior ainda; em maio, o Barça foi derrotado por 4 a 3 no jogo de volta e encerrou sua campanha sem levantar a "Orelhuda".
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O brazuca ainda marcou nos minutos finais do tempo regulamentar, mas o tento não foi suficiente para levar a equipe à decisão. Raphinha encerrou o torneio continental como artilheiro (13) e também como líder em assistências (9), tornando-se o jogador com maior número de participações diretas em gols em uma única edição, ao alcançar 21, marca igualada apenas por Cristiano Ronaldo em 2016/17.
Na sequência, voltou a ser decisivo diante do Madrid ao marcar dois gols na vitória por 4 a 3, resultado que selou o título da La Liga em um roteiro irrepreensível. O desempenho ao longo da temporada reforçou a confiança da diretoria, que, em 22 de maio de 2025, acertou a renovação de contrato do brasileiro até 30 de junho de 2028, a fim de oficializar a permanência de uma das grandes estrelas reveladas naquele ano.
Injustiça de classe ⚖️
Uma primeira metade de ano e uma temporada como um todo que redefiniram o status do talento. Ao todo, foram 34 gols e 22 assistências, números que traduziram o impacto e a alegria proporcionados aos culés em um ano que resgatou a autoestima de um torcedor exigente. O roteiro parecia ideal para coroar o desempenho dele nas principais premiações individuais do futebol, como a Bola de Ouro e o Fifa The Best, impulsionado pela expectativa e pelo apoio do público brasileiro, que via renascer o sonho de voltar a testemunhar um representante do País do Futebol no ápice do reconhecimento.
Por razões atribuídas aos deuses do futebol — ou, para muitos, a um viés eurocêntrico das comissões eleitorais —, não foi desta vez que um dos nossos voltou a receber o troféu. Em setembro, na Bola de Ouro, Raphinha viu Dembélé ser eleito o melhor jogador do mundo em um contexto semelhante ao que viveu ao longo do ano, com a diferença decisiva de o francês ter conquistado a inédita Champions pelo PSG; o brasileiro terminou apenas na quinta colocação, atrás do próprio companheiro Yamal, de Vitinha, também do Paris, e de Mohamed Salah, do Liverpool. Em dezembro, no The Best, o camisa 10 foi consagrado novamente, enquanto o 11 catalão sequer figurou na seleção ideal da entidade, um desfecho interpretado por muitos como uma das maiores injustiças das premiações individuais de 2025.
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Bom, novo e brasileiro 🟢🟡
A segunda parte da temporada de Raphinha segue em andamento, com números que mantêm o alto nível de desempenho: até aqui, são 14 partidas disputadas, com sete gols e três assistências em todas as competições. Em 25 de setembro, o atacante sofreu uma ruptura na região central do bíceps femoral direito durante a partida contra o Real Oviedo, sendo substituído aos 65 minutos. A previsão inicial indicava afastamento de cerca de três semanas, mas contratempos no processo de recuperação adiaram seu retorno até 22 de novembro, quando voltou a atuar nos minutos finais da vitória sobre o Athletic Bilbao, na partida de estreia no Camp Nou parcialmente reformado.
Ao longo de todo o ano, Raphinha foi convocado pelos técnicos Dorival Júnior e Carlo Ancelotti para os compromissos da Seleção Brasileira, tanto nas rodadas finais das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026 quanto em partidas amistosas. Assim como em 2024, o craque segue como um dos principais nomes de um setor ofensivo repleto de opções e, mantidas as condições físicas até o meio do ano, desponta como forte candidato à titularidade da Canarinho no próximo Mundial.

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