Retrospectiva Lance!: veja como foi o 2025 do Manchester City, um ano para ser esquecido
No 130º aniversário do lado azul da cidade, não houve conquistas por parte do clube

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Desde 2008, o Manchester City teve sua realidade transformada por aportes financeiros dos Emirados Árbes Unidos, consolidando-se entre os clubes mais fortes do país e do mundo. A chegada de Pep Guardiola ao comando técnico, em 2016, potencializou ainda mais o sucesso da equipe, que viveu os tempos mais vitoriosos de sua história na última década. Contudo, 2025 começou de forma atípica e pode ser considerado o pior ano da relação entre clube e treinador, com um possível encerramento de ciclo e a necessidade de renovação. A seguir, o Lance! revive o conturbado ano dos ingleses.
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Dias contados? ⏳
Ao longo de nove temporadas, Guardiola firmou sua trajetória no comando do City como o período mais extenso de sua carreira à frente de um único clube. Desde a dominante conquista da Premier League 2017/18, com o recorde de 100 pontos em 38 rodadas, à tríplice coroa doméstica em 2018/19 — liga, Copa da Inglaterra e Copa da Liga —, até o título inédito da Champions League em 2022/23, acompanhado do triplete continental, seu trabalho reforçou seu status como um dos maiores treinadores da história do esporte bretão.
Após mais um ano vitorioso em 2023/24, marcado pelos títulos do Mundial de Clubes contra o Fluminense, da Supercopa da Europa e da Premier, tudo indicava a continuidade do trabalho, com a equipe disputando de forma competitiva todos os títulos na campanha seguinte. No entanto, desta vez, os desafios mostravam-se mais complexos e a campanha se apresentava menos previsível.
O legado de Guardiola parecia próximo de um ponto final. O catalão protagonizou uma longa novela de negociações com a diretoria, que se estendeu por meses até a oficialização em novembro de 2024. O vínculo, inicialmente previsto para expirar ao fim da temporada 2024/25, passou a vigorar até junho de 2026, com opção de prorrogação por mais um ano. Após declarações do próprio treinador indicando a possibilidade de saída e notícias na imprensa europeia sobre sua relutância em renovar o contrato, surgiram intensas especulações sobre o fim de um ciclo em Manchester.
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Cobertor curto 🛏️
No início da temporada, que já se desenrolava desde agosto, o Manchester City deu sequência ao padrão vitorioso dos últimos anos com mais um troféu. No primeiro jogo oficial da temporada, os Azuis Celestes levantaram a taça da Supercopa da Inglaterra ao vencer o arquirrival Manchester United nos pênaltis, após empate em 1 a 1 no tempo regulamentar, em revanche à derrota sofrida para o adversário na final da Copa da Inglaterra de 2024.
Em seguida, os primeiros meses da temporada foram positivos para o time, que iniciou a Premier com atuações sólidas e vitórias fora de casa, sempre impulsionado pelos gols de Erling Haaland. No entanto, a equipe sofreu um duro golpe: perdeu o pilar de sustentação do meio-campo e Bola de Ouro em 2024, Rodri, que saiu mancando da partida contra o Arsenal e teve confirmado o rompimento do ligamento cruzado anterior, o que o deixou de fora do restante da temporada.

Sem o astro, o elenco manteve, em grande parte, a base da temporada anterior, embora Guardiola seja conhecido por não repetir muitas escalações. Ederson permaneceu como titular no gol, enquanto a defesa e o meio-campo contaram com uma rotação versátil, com jogadores capazes de atuar em diferentes posições: Nathan Aké (zagueiro e lateral esquerdo), Joško Gvardiol (zagueiro e lateral esquerdo), John Stones (zagueiro e volante), Manuel Akanji (zagueiro e lateral direito), Matheus Nunes (volante e lateral direito) e Nico O'Reilly (volante e lateral esquerdo), com Rúben Dias fixo na zaga.
Mais à frente, valorizado pelo estilo controlador do técnico, o Cityzens contavam com opções experientes, embora em baixa forma física ou técnica, como Mateo Kovačić, Kevin De Bruyne, İlkay Gündoğan e Bernardo Silva, além de Phil Foden em período de oscilação e jovens pontas como Jérémy Doku, Savinho e Oscar Bobb. No ataque, Haaland era a única peça incontestável.
Crise sem fim ❌
O que inicialmente poderia parecer a ausência de apenas um titular transformou-se no início de uma maré negativa que marcaria toda a temporada em Manchester. Em outubro, a equipe foi eliminada pelo Tottenham da Copa da Liga, após derrota por 2 a 1, e enfrentou um novembro desastroso: perdeu na Champions para o Sporting por 4 a 1 fora de casa — seu primeiro revés no torneio em dois anos — e acumulou quatro derrotas consecutivas na Premier, incluindo a humilhante derrota por 4 a 0 para os mesmos Spurs no Etihad Stadium, que encerrou uma sequência invicta de 52 jogos em casa.
A má fase se prolongou em dezembro, com novas derrotas diante de Liverpool, United e Aston Villa, além da derrota para a Juventus no cenário europeu. No ponto mais baixo, o City somava apenas uma vitória em treze jogos, com nove derrotas; logo, terminou 2024 sem a confiança de uma torcida acostumada a celebrar glórias e há muito esquecida do sabor da derrota.
Gás novo 💨
Com a virada do ano, Guardiola, recém-renovado, parecia enfrentar o maior desafio de sua vitoriosa carreira. Mais do que pensar fora da caixa, o treinador precisaria se reinventar dentro de um trabalho que já havia atingido o auge no próprio clube pela primeira vez. Tudo isso inserido no contexto da "Disney do futebol mundial" na Inglaterra, além da necessidade de disputar o troféu da Orelhuda de novo.
Para isso, a endinheirada diretoria recorreu ao mercado de transferências de meio de temporada, a fim de iniciar 2025 com peças pontuais para substituir os diversos lesionados do elenco naquele momento do campeonato e renovar o plantel. O perfil traçado ficou claro — jogadores jovens, todos vindos do exterior e a serem desenvolvidos na Inglaterra — com os zagueiros Abdukodir Khusanov e Vitor Reis, o meio-campista Nico González e o atacante Omar Marmoush.
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Por água abaixo 💦
Janeiro trouxe um breve alívio de bons resultados para uma equipe que vinha acumulando derrotas, mas houve um baque esperado: derrota para o PSG por 4 a 2 na Champions, o que colocou em risco a classificação para o mata-mata. A última chance ocorreu na oitava e decisiva rodada da inédita fase de liga contra o Club Brugge, quando o City venceu por 3 a 1, e carimbou sua vaga nos playoffs — etapa anterior às oitavas de final — em 22ª colocação entre 24 classificados. O adversário seria nada menos do que o poderoso Real Madrid, em um dos maiores clássicos modernos da competição. Entre as partidas continentais, também venceu o Chelsea na Premier por 3 a 1.
Fevereiro não trouxe motivos para comemoração e praticamente decretou o fim da temporada 2024/25 dos Sky Blues. Logo no início do mês, sofreu uma goleada de 5 a 1 para o Arsenal e, em seguida, perdeu os dois jogos contra os espanhóis na Champions: 3 a 2 no Etihad Stadium e 3 a 1 no Santiago Bernabéu. Tratava-se da primeira eliminação do clube antes das oitavas de final desde a temporada 2012/13, quando caiu ainda na fase de grupos. Com a eliminação europeia, restavam apenas a liga, sem grandes chances de título, e a FA Cup, última oportunidade de salvar a temporada.
O Manchester City conseguiu terminar o mês entre os quatro primeiros colocados da Premier e, com menos jogos a disputar, focou suas atenções no campeonato, com bons números até a reta final. Nas onze rodadas finais, sofreu apenas uma derrota, destacando-se especialmente o excelente desempenho em abril, com quatro vitórias e um empate, e finalizou na terceira colocação, com 71 pontos, atrás de Arsenal e Liverpool. Em comparação com as demais campanhas de Guardiola como treinador azul, a campanha apresentou indicadores questionáveis: menor número de vitórias (21), menor número de gols marcados (72), maior número de empates (8), maior número de derrotas (9) e maior número de gols sofridos (44).
Por qualquer perspectiva, era o time mais frágil da era Pep. A chance de encerrar a temporada com um resultado positivo surgiu na final da Copa da Inglaterra, contra o azarão Crystal Palace, que buscava seu primeiro troféu na era profissional do esporte. Resultado: os Eagles venceram por 1 a 0, enquanto o Manchester City manteve-se preso à espiral negativa, sem conseguir recuperar a confiança tão cedo.
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Esperança mundial 🌍
Na transição entre a temporada negativa de 2024/25 e a oportunidade de mudança em 2025/26, surgiu um obstáculo inédito. Ali se apresentava, de forma inesperada, a possibilidade de reafirmar o lugar não apenas no topo do futebol europeu, mas também do cenário mundial, de maneira ainda mais impositiva do que em 2023. O desafio atendia pelo nome de Copa do Mundo de Clubes de 2025, torneio inédito com 32 participantes, entre eles os Cityzens.
Antes do início da competição, abriu-se uma janela especial de transferências, criada justamente para permitir que os principais clubes inscrevessem novos reforços com foco no torneio que atrairia a atenção do mundo inteiro. Nesse contexto, o City contratou três nomes: o lateral-esquerdo Rayan Aït-Nouri, o meio-campista Tijjani Reijnders e o meia-atacante Rayan Cherki.
Inserido no Grupo G do torneio realizado nos Estados Unidos, o Manchester City não encontrou dificuldades para encerrar a fase inicial na liderança, com três vitórias: 2 a 0 sobre o Wydad Casablanca, 6 a 0 contra o Al Ain e 5 a 2 diante da Juventus. A surpresa, no entanto, surgiu nas oitavas de final, contra o Al Hilal, em um confronto marcado também pelo simbolismo político entre Emirados Árabes e Arábia Saudita. Na equilibrada partida decidida apenas na prorrogação, o time saudita venceu por 4 a 3 e consumou mais uma eliminação inglesa em um torneio no qual havia iniciado como um dos favoritos.

2025/26 🔢
A 130ª temporada da história do clube chegou ao fim sem motivos para comemoração. Restou virar a página, pois, pouco tempo após o encerramento do Mundial, a engrenagem já voltou a girar para o gigante inglês. Com Guardiola no comando rumo à sua décima temporada, o Manchester passou a encarar o desafio de evitar os erros da primeira metade do ano e buscar o retorno aos seus melhores dias.
No elenco, as mudanças mais relevantes ocorreram no gol, com a saída de Ederson após oito anos no clube e as chegadas de James Trafford e Gianluigi Donnarumma, além das saídas definitivas de mais ídolos como Kyle Walker, De Bruyne e Gündoğan, e de outros nomes, como James McAtee. Mais do que reforços pontuais, o principal ganho para todos os setores residiu na melhora da condição física do elenco, que enfrentou recorrentes dificuldades ao longo da temporada anterior, sobretudo com Rodri, que voltou a atuar após período de recuperação.
Ao final deste ano, o Manchester City ocupa a parte alta da Premier League, com 37 pontos após 17 rodadas, fruto de 12 vitórias, um empate e quatro derrotas, além de 41 gols marcados — o melhor ataque da competição — e 16 sofridos. A equipe aparece a dois pontos do líder Arsenal, com um campeonato inteiro ainda por disputar em 2026 entre as duas potências, enquanto o Aston Villa segue na terceira colocação, logo atrás, com 36 pontos.
Nas competições nacionais, alcançou as semifinais da Copa da Liga Inglesa, com confronto diante do Newcastle em dois jogos, o primeiro marcado para 13 de janeiro, às 17h (de Brasília), e o segundo em 3 de fevereiro, às 13h (de Brasília); a outra chave reúne Arsenal e Chelsea. Na Copa da Inglaterra, por sua vez, a equipe estreia contra o Exeter City, da terceira divisão, em partida marcada para 10 de janeiro, às 12h (de Brasília).
Se a estreia no novo formato da Champions League, com a fase de liga, não ofereceu um cenário de tranquilidade em 2024/25, a classificação direta para as oitavas de final aparece bem encaminhada neste ano. Com seis dos oito jogos já disputados, o Manchester está na quarta colocação, com 13 pontos, obtidos em quatro vitórias, um empate e uma derrota, além de 12 gols feitos e seis contra. As duas rodadas finais apresentam confrontos considerados favoráveis, embora não isentos de risco: visita ao Bodø/Glimt no dia 20 de janeiro, às 14h45 (de Brasília), e duelo em casa contra o Galatasaray no dia 28 de janeiro, às 17h (de Brasília).
Individualmente, torna-se impossível não destacar Haaland, uma verdadeira anomalia da natureza, que já soma 25 gols na temporada 2025/26 — 19 na liga nacional — e alcançou 149 gols pelo clube em 169 partidas, muitas vezes decidindo jogos ao extrair gols do improvável para sustentar uma equipe que ainda apresenta dificuldades para quebrar defesas. Cherki mantém as características exibidas desde os tempos de Lyon, com criatividade acentuada, capacidade de gerar chances e habilidade associada ao futebol de rua, enquanto Doku atua como válvula de escape pelos lados, apoiado em velocidade e agilidade. Foden retomou o bom futebol em função mais centralizada, e o sistema defensivo mostrou maior estabilidade em relação a períodos anteriores, com laterais formados por meio-campistas e Donnarumma transmitindo segurança sob as traves.

Mesmo distante de sua melhor versão, o Manchester City apresenta sinais de alívio, com campanhas seguras nas competições e presença consistente na disputa por troféus. Guardiola mantém o controle do processo, e 2026 surge como um possível ano de redenção após um 2025 marcado por dificuldades e resultados aquém do esperado.
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