Ronaldo detona CBF e analisa troca de Dunga por Tite: ‘Muito melhor’

Fenômeno participou de evento da Nike no México, onde foi homenageado, falou sobre a Seleção Brasileira, da troca no comando e relembrou drama com treinos quando era atleta

Ronaldo Fenômeno no Azteca, onde nunca jogou
Ronaldo Fenômeno no Azteca, onde nunca jogou (Foto: Divulgação Nike)

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Com a chegada de Tite ao cargo de treinador da Seleção Brasileira, Ronaldo Fenômeno saiu de cima do muro. O centroavante, que antes evitava comentários sobre um substituto para Dunga, demitido em junho, agora é só elogios à troca. O ex-centroavante disse que a mudança foi muito melhor para o Brasil. O Fenômeno comentou sobre a Seleção durante evento da Nike, sua patrocinadora, no México. 

Ronaldo exaltou Tite, seu último treinador como jogador de futebol - se aposentou em 2011, depois que o Corinthians foi eliminado da Libertadores para o modesto Tolima (COL). Mas não deixou de criticar a CBF, ao ser perguntado pela reportagem do LANCE!. Para o eterno camisa 9, as mudanças necessárias ao futebol brasileiro passam pela troca no comando da entidade, presidida por Marco Polo del Nero.

- Eu não tenho nenhuma relação com a CBF. Estou feliz que o comando técnico mudou e mudou para muito melhor. O comando do Tite é respeitável, é um cara sensacional, um administrador de grupo nato e que com certeza vai dar muito resultado à Seleção. O comando da CBF continua o mesmo, são as mesmas pessoas que comandam, e minha opinião continua a mesma. As mudanças no futebol brasileiro passam pelas mudanças no comando da CBF - declarou o ex-atleta.

Ronaldo também falou sobre o duelo entre Brasil x Argentina na próxima quinta-feira, no Mineirão, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018. O Fenômeno lembrou de quando enfrentou os hermanos no mesmo palco, pelas Eliminatórias da Copa de 2006, e fez os três gols da Seleção na vitória por 3 a 1. Sobrou uma tiração de sarro com um jornalista argentino...

- A partida vai ser dura outra vez, como sempre Brasil x Argentina. Faz alguns anos, joguei esse clássico justamente no Mineirão e ganhamos por 3 a 1, com três gols meus (risos). Mas, para tua felicidade (respondendo a um jornalista argentino), não estarei no próximo jogo (risos) - brincou Ronaldo.

Muito respeitado no México, Ronaldo foi ao país também para receber uma homenagem: ele entrou para um seleto time de estrelas, que já tem Pelé e Maradona, entre outros, tendo seu nome incluído no Salão da Fama do Futebol, ao lado de Zico e do italiano Paolo Rossi. Durante a visita, o ex-jogador participou de ações promovidas pela Nike para divulgação das inovações para chuteiras nos próximos anos e aproveitou para relembrar momentos de sua carreira.

Dentro do Estádio Azteca, palco das finais das Copas de 1970 e 1986, Ronaldo falou até sobre treinamentos, um assunto que sempre lhe foi caro, principalmente no fim da carreira pelo Corinthians, quando era  criticado por estar acima do peso. O ex-centroavante disse que as pré-temporadas o matavam. Confira abaixo um bate-papo com o bicampeão do mundo (1994 e 2002), consagrado jogador que fez sucesso por Barcelona (ESP), Real Madrid (ESP), Inter de Milão (ITA) e Milan (ITA). Detalhe: ele nunca jogou no Azteca, um templo sagrado do futebol.

Qual a importância dos treinos em toda sua carreira?
Creio que a dedicação tem de ser 100% no futebol. Não se chega a ser profissional se não se dedica plenamente. Para mim, e minha geração, sobretudo, foi raro, porque a princípio, quando comecei, em 1993, nos primeiros anos, treinávamos muito mal. No sentido de que se treinava muito coletivo, e me faziam correr grandes distâncias com Cafu, que podia inclusive correr uma maratona. Com o passar do tempo, isso foi melhorando, então a preparação física para mim melhorou muito e começamos a treinar individualmente. A esgotar a capacidade de cada atleta. E para mim sempre me dei bem com a velocidade, com os sprints curtos. E com o tempo, passamos a individualizar e daí teve uma diferença muito grande. Os atacantes treinavam específico para suas características. Então, a cada ano vai mais rápido. E fazia muita diferença porque se vai 10 décimos de segundo mais rápido que o defensor, marca gols. Faz muita diferença.

O que gostava de fazer e o que não gostava?
Eu sofri a cada ano de minha carreira, em 20 anos, na pré-temporada. As pré-temporadas me matavam. Nas férias eu já estava sofrendo, pensando no que iria fazer na pré-temporada. Os piores testes para um futebolista era o teste de cooper, que tinha de fazer 12 minutos no máximo que podia. E eu sempre era o último nesse teste. E nos testes de velocidade, eu sempre era o primeiro. E eu adorava treinar velocidade.

Qual foi o melhor técnico com quem trabalhou?
Para mim o melhor foi Zagallo, mas não posso deixar de nomear outros que foram muito importantes para mim. Luiz Felipe Scolari, que me levou ao Mundial em 2002. Até quando eu não tinha condições ideias de jogar, e ele teve a confiança em mim, e no fim eu retribui o favor. Ele sabia como conquistar os jogadores, como Zagallo, Vicente Del Bosque, cada um me ensinou. lembro que ficava muito impedido, e Zagallo me corrigia os movimentos.

A maneira de treinar mudou muito?
Sim, estou seguro disso. Eu quando voltava de lesão, voltava sempre melhor fisicamente porque tinha tempo de treinar, de me preparar. Durante o ano, com muitas partidas, não tem tempo de recuperar. Porém, sei que a diferença está no treinamento, é onde você se prepara, onde você vê as jogadas que vai fazer na partida. Onde se adapta no espaço, na área, o treinamento é simplesmente muito importante.

O que faltou na sua carreira, se é que faltou?
Seguramente, faltarão coisas. Porque o mundo do futebol é tão grande, um universo maravilhoso, porém estou muito contente, feliz, por tudo que consegui na minha carreira. E tudo foi por amor ao futebol. Quem dera tivesse mais tempo para ganhar mais coisas e que não tivesse tantas lesões, que me impediram de desfrutar mais o futebol.

Como vê Brasil x Argentina? E acredita que Argentina pode ficar fora da Copa?
Não. Não imagino a Argentina fora da Copa, estou seguro de que a Argentina vai conseguir. Se voltarmos dois meses atrás, Brasil estava em uma situação bem pior e já estamos em uma situação bem melhor. Tem que se preocupar, mas tampouco se desesperar.

* O repórter viajou a convite da Nike


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