Ao L!, Deivid fala sobre novo projeto voltado para revelar atletas: ‘Quero deixar um modelo para o futuro’

Campeão como jogador por Corinthians, Santos, Cruzeiro e Flamengo, o ex-atacante tem a missão de administrar a base do Jabaquara e pede menos imediatismo aos clubes

Deivid - Jabaquara
'A gente não trabalha com imediatismo. Sabe que a maturação pode ser tardia de acordo com cada jogador', afirma o ex-atacante, que também trabalhou como técnico no Cruzeiro e no Criciúma (Divulgação)

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Abrir caminho para que novos talentos desfilem pelo futebol brasileiro é o novo desafio de Deivid. Campeão por equipes como Corinthians, Santos, Cruzeiro e Flamengo, o ex-atacante administra as categorias de base do Jabaquara, clube localizado em Santos. Ao LANCE!, ele aponta como é lidar com a ansiedade dos garotos ávidos por uma chance no futebol.

– A gente não trabalha com imediatismo. Sabe que a maturação pode ser tardia de acordo com cada jogador. Além disto, há muitos jovens que vêm de outra cidade porque sonham em ser jogadores e sofrem com angústias por isto.

Nesta hora, Deivid surge como um “conselheiro” para as categorias do sub-11, sub-13, sub-15 e sub-17 do Leão da Caneleira.

– Transmito para eles algumas coisas que passei. Sei como é o desejo de estar em um clube grande, este desejo de estar no time principal. Afinal, só vão conseguir com trabalho.

Na entrevista, Deivid também é taxativo ao falar sobre o panorama do futebol brasileiro.

– Pensamos demais nos resultados em detrimento da qualidade. Com isto, trabalhos promissores são deixados para trás. Eu quero deixar um legado.

LANCE!: Você está voltado para as categorias de base. O que pesou para querer revelar talentos?

Deivid: Tive o privilégio de me profissionalizar no Nova Iguaçu, clube que tem trabalho forte nas categorias de base. Sempre ficou na minha cabeça a questão de implementar um modelo de base, dar espaço e estrutura para que atletas se destaquem.

'Pegamos a base do Jabaquara praticamente do zero e estamos conseguindo bons resultados', recorda o ex-jogador


L: Como veio a oportunidade de administrar as categorias de base do Jabaquara?

Bom, hoje moro na cidade (de Santos), e queria ajudar o futebol daqui. Temos o Santos e a Portuguesa Santista, mas o Jabaquara, que tem que uma tradição muito forte no estado, não era tão lembrado. O clube é um dos fundadores da Federação Paulista de Futebol (FPF), revelou o bicampeão do mundo, Gylmar dos Santos Neves, projetou o Geuvânio... Conversei com o presidente (Adelino Rodrigues) e propus terceirizar a base do clube. Pegamos a base praticamente do zero e estamos conseguindo bons resultados. Na Paulista Cup, estamos nas quartas de final.

'Com os resultados, o presidente (do Jabaquara) chegou a nos propor assumirmos o time profissional. Mas não adianta pegar agora só por pegar, sem planejar deixar nada para o futuro'


L!: Qual estrutura vocês oferecem aos atletas do Jabaquara?

Oferecemos uma alimentação balanceada. Temos nutricionista, damos estrutura, ajudamos os atletas para que se desenvolvam.

L!: Você chamou Marcos Basilio para treinar o Leão da Caneleira. Como é este reencontro com ele?

Jogamos juntos no Santos. É um grande amigo, conhece muito do trabalho realizado com categorias de base e gostou muito do projeto. Tem sido muito legal, ele tem uma visão de trabalho que é semelhante à nossa.

L!: Você tem alguns trabalhos como treinador (no comando do Cruzeiro e do Criciúma). Por que não quis seguir no mercado?

É só ver o que ocorreu de ontem para hoje (a entrevista foi concedida no dia 27 de setembro, data na qual quatro técnicos foram demitidos na Série A no intervalo de 24 horas). Não vale a pena ser andarilho nesta altura da minha vida. Além disto, o futebol brasileiro não avalia um profissional por sua experiência em campo, pelo seu estágio na carreira, por sua capacidade. É se você venceu é bom, e se perdeu é ruim! Não sou de analisar só isso. Gosto de analisar o contexto de jogo da equipe.

'Não vale a pena ser andarilho nesta altura da minha vida. O futebol não avalia um profissional por sua experiência. É se você venceu, é bom, e se perdeu é ruim!', responde sobre não seguir como treinador

L: Nos profissionais, o Jabaquara teve um fraco desempenho na Segunda Divisão Paulista (quarta divisão estadual, na qual o Leão da Caneleira foi lanterna na primeira fase, após empatar duas partidas e perder as outras dez no Grupo 6). Está nos seus planos?

O presidente tem interesse, se entusiasmou com a organização com a qual deixamos o Jabaquara. Mas não adianta assumir o o profissional do clube agora só por pegar, em busca de resultados, sem deixar nada para o futuro. O presidente concorda com isto. Aqui na base, tenho liberdade. Minha prioridade não é vencer, e sim revelar. Quero deixar um modelo de base para o futuro.


L!: E você, que legado quer deixar ao futebol?

A ideia é aprimorar os fundamentos dos jogadores. De início, não vou brigar por título com um Palmeiras, Corinthians... Mas quero, a longo prazo, fazer com que o profissional do Jabaquara seja resgatado, ter seu espaço na elite paulista. E lançar atletas bons, dinâmicos. Mas ainda vou estudar muito, quero aprender conceitos novos para implementá-los aqui.

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