Posicionamento da ATP sobre caso Peng Shuai e China causa revolta
Tenistas, ex-tenistas e fãs condenam posicionamento do comando do tênis masculino
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Por Ariane Ferreira - No fim desta quinta-feira, a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) emitiu um comunicado a respeito da falta de informações verificáveis sobre a situação da tenista Peng Shuai, na China. O posicionamento causou revolta.
O comunicado traz as palavras de Andrea Gaudenzi, Chairman da ATP, e foi publicado no site da entidade. “A situação envolvendo Peng Shuai continua a levantar sérias preocupações dentro e fora do nosso esporte. A resposta a essas preocupações até agora, tem sido insuficiente. Mais uma vez, pedimos uma linha de comunicação direta e aberta entre a jogadora e a WTA, a fim de estabelecer uma comunicação mais clara de sua situação”, afirma Gaudenzi.
O italiano, ao contrário do que era esperado, não dá apoio público a decisão de Steve Simon, presidente e CEO da WTA, e da diretoria da WTA, de suspender torneios realizados em território chinês e no território de Hong Kong. Gaudenzi não faz menção alguma sobre as atividades da ATP na China e diz que “continua a consultar membros e monitorar quaisquer desenvolvimentos do problema”.
O posicionamento, sem posição, causou reações públicas e alguns tenistas do circuito profissional. Outros, apesar de não falarem publicamente, afirmam estar “incomodados” com a falta de definição da ATP. A consciência de que “há muito em jogo”, não apenas em ganhos para os atletas que na China competirem, como multas e custos de contratos existe em perdas para a entidade, e é por esta razão que um atleta ouvido pela reportagem, sob condição de anonimato, pontua: “A ATP pode deixar claro se não quer ou não pode deixar a China. O preço que a WTA vai pagar é alto e não foi definido apenas por Simon. Dá para cumprir contratos na China e condenar abusos, se é que existem, no caso da Shuai”.
Publicamente, outros criticam a ATP, caso do ex-top 10 Mardy Fish questionou: ‘Isso é um comunicado’. Já o ex-tenista Michael Joyce resumiu: “Isso é muito patético”. Já o ex-número 1 do mundo Andy Roddick ironizou Gaudenzi: “Como dizer muitas palavras e não dizer nada”.
A incredulidade fez o jovem tenista americano Chase Buchanan pedir uma posição clara: “Defenda algo”, escreveu em resposta ao comunicado no Twitter.
A tenista georgiana Oksana Kalashnikova foi outra que não conteve sua indignação: “Como se preocupar e não se preocupar ao mesmo tempo”. A duplista Nicole Melichar decretou: “Isso é pior do que decepcionante”.
Os torcedores de tênis, em sua esmagadora maioria, também reagiram mal ao comunicado emitido pela ATP. Muitos responderam a publicação com a foto de um cartaz de protesto, em inglês, que afirma: “Nossas expectativas com vocês eram baixas, mas pelo amor de Deus”. Outros pontuaram o comunicado como “vergonhoso” e ainda teve quem afirmasse “não estar surpreso”.
Andrea Gaudenzi, pessoalmente, foi bastante criticado pela postura da ATP. Muitos torcedores o classificaram como “medroso” e “fraco” diante de um posicionamento tão ambíguo.
ATP perde queda de braço e PTPA ganha força
Muitos dos críticos ao posicionamento da ATP utilizaram o comunicado emitido pela Associação dos Profissionais de Tênis (PTPA) para provar a tese de que a ATP está perdendo representatividade com seus atletas e por isso, a associação fundada por Novak Djokovic e Vasek Pospisil mostra-se importante.
A PTPA não esperou muito, e horas após o comunicado da WTA suspendendo torneios em território chinês, emitiu um comunicado prestando total apoio à WTA. “Em unidade com a WTA, nós solicitamos uma evidência confiável e verificável de que Peng Shuai está segura e livre de qualquer coerção ou intimidação. Nos acreditamos no que a WTA chama de “a completa e transparente investigação – sem censura – das acusações de violência sexual feitas por Peng Shuai”, afirma a PTPA em parte de seu comunicado.
A organização de Djokovic fez ressoar o pedido de inúmeros atletas do circuito masculino, como Tenny Sandgren, Nicolas Mahut, Liam Broady, Kevin Anderson, John Millman, Taro Daniel e outros, que apoiaram publicamente a decisão da WTA e pediram posicionamento forte e “unido” das demais entidades do esporte, em especial a ATP e a Federação Internacional de Tênis (ITF).
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