Sem o Mundial, título inédito pode enfim começar a acalmar ânimos no Palmeiras com gestão Leila

Insatisfação por falta de reforços de peso foram intensificadas com derrota na final <br>da competição internacional que era dita como prioritária pela diretoria

Leila Pereira e Paulo Buosi
Leila Pereira e seu vice, Paulo Buosi, durante a disputa do Mundial, em fevereiro (Foto: Fabio Menotti/Palmeiras)

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Leila Pereira conseguiu. Pouco mais de dois meses após assumir a presidência do Palmeiras, a primeira mandatária do clube alcançou sua primeira conquista oficial, com a vitória do Verdão nesta quarta-feira por 2 a 0 sobre o Athletico-PR no Allianz Parque. Momento de felicidade que, apesar da relevância diferente da Recopa Sul-Americana é inédito para o Verdão, e deve ao menos servir para amenizar o clima armado com a derrota no Mundial de Clubes para o Chelsea.


A dona da Crefisa não esperava uma vitória certa diante do poderoso time inglês, conforme o LANCE! apurou. Mas o bom papel contra os Blues, com o revés vindo apenas na prorrogação não foi o suficiente para acalmar os ânimos no Alviverde. Pelo contrário. Reviveu os debates sobre a ausência de reforços de peso, especialmente o centroavante pedido por Abel Ferreira.

As alegrias vêm se tornando insuficientes para sanar as cobranças pela chegada de nomes de peso no Palmeiras. No dia 25 de janeiro, a alegria predominava no Allianz Parque por conta da inédita conquista da Copa São Paulo de juniores. Por alguns minutos, entretanto, os gritos de ovação aos garotos que encerraram um dos mais incômodos jejuns do Palmeiras foram interrompidos quando apareceu descendo ao túnel do estádio a presidente. O tom passou a ser de cobrança. Por reforços, satisfações e outros motivos quaisquer...

Os vídeos que circularam por toda as redes sociais e motivaram debates de horas em canais de influencers palmeirenses mostra como tem sido a rotina da milionária empresária do ramo financeiro e educacional há pouco mais de dois meses, quando foi eleita presidente do time alviverde por unanimidade, em um pleito sem concorrentes.

O projeto de poder de Leila, galgado desde 2015, quando suas empresas passaram a patrocinar o Verdão com o maior aporte financeiro da América do Sul, venceu barreiras estatutárias e, porque não, preconceituosas, afinal é a primeira mulher, e sem descendência italiana, a dirigir o clube.

Chegar lá, ela chegou. Resta agora à empresária vencer de vez a desconfiança da torcida, pilar de sua sustentação política e que não se mostra 100%. Um degrau bem mais difícil de subir se tratando da categoria mais exigente de fãs que o futebol brasileiro pode possuir.

- O palmeirense é um eterno insatisfeito. E a Leila está entrando nesse universo do futebol como linha de frente agora. Precisa aprender. E na minha opinião está. Mas na prática o que vemos são ataques pelos motivos errôneos. Uma presidente que assume falando em responsabilidade financeira, monta um planejamento perfeito para o Mundial, mantém o técnico e tem poder de segurar nossas promessas para negociá-las pelo melhor valor possível não pode ser afrontada com mentiras e calúnias. Tem que dar o tempo ao tempo - disse ao L! um conselheiro oposicionista.

De fato os ataques vêm nessa direção. Uma pessoa do seu estafe particular torce para o Corinthians? Críticas. Houve reformulação no departamento de comunicação e marketing? Mais críticas. E os assuntos ganham ressonância em uma torcida aflita pelo Mundial. Que tinha esperança de ver grandes reforços chegando no Verdão com uma pessoa bem-sucedida financeiramente na cadeira de presidente - como ela fez quando passou a estampar suas empresas no uniforme. E que logo no primeiro dia de trabalho do grupo, no início de janeiro, viu sua mandatária falar em 'austeridade, responsabilidade e cautela com as finanças.'

O Palmeiras tinha um Mundial pela frente e a presidente teve que dar explicações até para a torcida organizada, até então apoiadora incondicional de seu nome, por diversos motivos, como o funcionário torcedor de rival e a falha na contratação de um camisa 9. Esse episódio, em específico, marcou Leila, segundo o L! apurou com pessoas próximas da mandatária. Mostrou o quão mais difícil seria o caminho de se manter contas em dia com a obrigatoriedade de contratar craques. Por mais que a ausência deles jogue contra a torcida. Mas até que ponto vale a pena dar ouvidos para redes sociais, onde a dirigente é tão presente? Uma régua que ela ainda tenta descobrir a medida.

- As pessoas simplesmente achavam que ela ia chegar despejando dinheiro. Mas isso não pode acontecer. Ela quer trazer a experiência no mercado financeiro, de administração, para o clube. Sempre sentiu que não era ouvida no clube nesse sentido, a não ser pelo (Maurício) Galiotte, que viu nela uma empresária bem sucedida, não uma rica com fetiche de ser ídolo de torcida. Só títulos farão os inimigos que criou para chegar na presidência calarem a boca - disse à reportagem uma pessoa com bom trânsito com Leila.

É o caminho no Palmeiras. O contestado Mustafá Contursi, odiado pela torcida, ganhou respaldo nos bastidores ao unir uma era vitoriosa nos anos 1990 com o crescimento patrimonial do clube social. Outros dirigentes posteriores, mesmo conseguindo bons contratos publicitários, aliviando o caixa e investindo em grandes times, saíram em desgraça pela falta de troféus.

Leila sabe onde está pisando e por isso a competição em Abu Dhabi é essencial. Ela viu que a gana de conquistas do palmeirenses não se saciou com o bi consecutivo da Libertadores, com a inédita Copinha. Sempre precisa mais. Não importa que ela tenha dado uma abertura inédita do mandatário do clube ao torcedor comum por meio das redes sociais, que cumpriu promessas de diminuir preço de ingressos na arena alviverde ou tenha conseguido manter peças do elenco, como o próprio Abel, que queria ir embora no fim do ano passado. É preciso mais. E como não se conseguiu encerrar o outro jejum que tanto incomoda o torcedor alviverde, a Recopa pode significar uma escalada por ganhar tudo o que for possível. É o caminho. Ou pelo menos o início dele. Afinal é o Palmeiras...

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