Bruno Henrique relembra Libertadores de 2018: ‘Nunca vi energia igual’

Agora no Al-Ittihad, ex-capitão do Verdão está na torcida para que o clube enfim possa conquistar o bi da América

Palmeiras x Boca
Palmeiras busca disputar a sua segunda semifinal de Libertadores no Allianz Parque (Foto: CesarGreco/Ag. Palmeiras)

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O Palmeiras enfrenta o Libertad-PAR nesta terça-feira (15), no Allianz Parque, pelo jogo de volta das quartas de final da Libertadores. O Verdão pode chegar à segunda semifinal do torneio continental em menos de três anos.

Um dos grandes nomes da temporada de 2018 palmeirense, o volante Bruno Henrique relembrou, em entrevista ao LANCE!/NOSSO PALESTRA, a semifinal diante do Boca Juniors e afirmou estar na torcida para o Verdão conquistar o título na atual temporada.

Na ocasião, Bruno Henrique abriu o placar para o Verdão logo aos nove minutos de partida, fazendo o estádio do Verdão estremecer. Porém, o VAR anulou o gol por impedimento de Deyverson no inicio da jogada. Foi um balde de água fria no estádio que viveu uma de suas festas mais bonitas em todos os tempos.

>> Confira aqui o chaveamento da Libertadores 2020

- Foi um ano que a gente estava muito bem. Até arrepia falar sobre aquele momento, eu nunca tinha visto o estádio daquele jeito e aquela energia da torcida. Anular o gol no comecinho do jogo foi um momento triste também pros jogadores, com certeza classificaríamos se valesse o gol – disse Bruno Henrique.

Então capitão da equipe comandada por Luiz Felipe Scolari, o volante tem plena certeza de que o Verdão poderia ficar com o título caso avançasse para a final:

- Teríamos grandes chances porque estávamos em um momento muito forte com o Felipão. Um time consistente, veloz e confiante. O River era um excelente time, mas teria sido um jogo parelho.

Confira a segunda parte da entrevista exclusiva com o capitão do Deca:

L/NP: Como você vê as críticas de que somente o seu 2018 no clube foi bom, sendo que em 2019 você foi o artilheiro do Palmeiras no Brasileirão e um dos destaques do time ao lado do Dudu?

Bruno Henrique: Cara, eu acho que assim, em outros países e em outros esportes, você não vê essa obrigação de sempre ter que ganhar títulos. É muito difícil ganhar todo ano no Brasil, não é simples. As pessoas só acham que você performou bem se vencer e acho que isso é uma coisa que a gente tem que mudar. Uma hora ou outra vai ganhar, como esse ano, o Palmeiras tem chances de vencer mais um título, mas ter essa análise individual é importante.

L!/NP: Em 2018, você revelou que estava fazendo terapia. O quanto isso te ajudou e como você acredita que isso faz falta, não só no Palmeiras, mas em todos os clubes? Você ainda faz?

Bruno Henrique: Faço sim, acho que isso é importante para todas as pessoas. Depende de como a pessoa entende a pressão. Tem várias maneiras de você enxergar a pressão, a cobrança. É importante todas as pessoas se conhecerem pra poderem viver melhor. Dentro do futebol, a gente tem uma característica de ser humano. Os jogadores saem de casa muito cedo, com uma responsabilidade muito grande, perdem a infância e adolescência. Os meninos do Palmeiras estão concentrados com 13, 14 anos, são crianças. E quando você vira profissional, aí que a cobrança fica maior ainda. Lidar com essa pressão de vitória, derrota, críticas, xingamentos, são muitas situações. A torcida coloca esse peso nas costas do jogador, que é natural. Então por lidar com essa vida, muitos jogadores começam a dar passos pra trás. Pra mim foi bacana conhecer todo esse processo, me conhecer, me ajudou bastante. É uma coisa que poucas pessoas falam, acho que ainda tem um preconceito com isso, mas não deveria.

L!/NP: Muitas das críticas da torcida a você nesse ano eram de que você não corria ou que faltava raça. Falta um entendimento tático maior da torcida e da imprensa na hora de criticar um atleta ou um resultado?

Bruno Henrique: Sem dúvidas. A gente joga com um GPS, uma coisa simples de ver se o cara está correndo ou não. Volante é sempre um dos que mais correm. Nunca deixei de apresentar bons números tanto em quilometragem quanto em intensidade. É claro que, às vezes, em alguns jogos você não vai bem tecnicamente, ou está numa fase ruim. Isso acontece, tento lidar com isso de uma maneira tranquila. É só pegar os números do jogo para fazer uma crítica embasada. Hoje em dia, em rede social, todo mundo pode dar uma opinião, e acaba que a pessoa não para para analisar e ter uma visão própria do jogo. Faz parte ser criticado ou elogiado, mas seria até mais legal que a crítica fosse mais embasada, até pro torcedor começar a enxergar o futebol de outra maneira.

L!/NP: Você acredita que as vezes parte da torcida do Palmeiras é ingrata? Falta um pouco mais de consideração com quem representa tão bem o clube, como no caso do Willian?

Bruno Henrique: Falta sim. Você vai pegar um atleta profissional como o Willian e um clube como o Palmeiras, com mais de 100 anos de história. Poucos jogadores conseguem construir o que o Willian vem construindo. Sempre brigando, ganhando títulos, levando o nome do clube com ele. Se perguntar lá dentro se alguém quer o Willian fora do Palmeiras, vão te chamar de louco. Ele representa muito bem o clube e qualquer time do Brasil gostaria de tê-lo. Às vezes não faz gol, mas nesse ano já é o artilheiro. São essas coisas que eu não consigo entender muito bem. Claro que em algum jogo ou outro o atleta pode desagradar pela sua performance, mas sem dúvida alguma é um cara para ser ídolo. Pelo profissional que ele é e pelo o que ele entrega dentro e fora de campo.

L!/NP: Dentro do vestiário vocês tem noção que esses protestos são por parte de uma minoria que não representa toda a torcida?

Bruno Henrique: Sim, a gente conversa sobre isso, mas a gente não pode misturar. As críticas existem, mas não podemos achar que todo palmeirense é assim para não minar todo um trabalho onde milhões de pessoas estão ao redor torcendo por nós. A gente tem essa responsabilidade. Quando ganha o palmeirense fica feliz, isso é muito legal, mas temos que saber conviver com essas poucas pessoas que tumultuam. Ao mesmo tempo, ver o sorriso de uma criança entrando com você no gramado é muito legal. Tem os dois lados. A gente tenta ver sempre pelo lado bom para tirar forças nos momentos difíceis e ganhar títulos.

L!/NP: Quando você foi vendido, tanto você quanto o restante da equipe desempenhavam abaixo do esperado, entretanto, desde a saída do Luxemburgo, o time melhorou bastante. Você acha que se tivesse continuado seria capaz de jogar o bom futebol que todos sabemos que você é capaz?

Bruno Henrique: Não sei como eu estaria agora, procuro nem pensar nisso. São momentos que a gente passa ali e temos que levar como aprendizado. A gente fez um bom ano com o Luxemburgo, conquistamos o Paulista em cima do nosso maior rival, não foi um ano tão ruim assim. Chegou um momento que estava tendo muita crítica, o time estava um pouco abaixo, e precisou fazer essa mudança, mas é uma coisa natural. Talvez eu pudesse estar melhor, mas não dá pra saber. Procuro focar no meu clube agora e jogar bem aqui.

L!/NP: Como é a cobrança da torcida aí na Arábia Saudita, muito diferente daqui?

Bruno Henrique: Por conta da pandemia, ainda não tive contato com a torcida. Não sei como seria com torcida. Não sei se veríamos protestos de torcedores querendo nos xingar, tacar pedra no ônibus mas acredito que não. Aqui as leis são rígidas. Acho que se você fizer algo errado aqui, com certeza você será duramente penalizado, coisa que não acontece no Brasil. Aqui eles são bem participativos em rede social, criticam bastante, mas como é em árabe eu não entendo nada (risos). Acredito que a torcida esteja gostando do nosso trabalho…

L!/NP: Qual foi o maior jogo da campanha do Deca pra você?

Bruno Henrique
: Um jogo inesquecível foi o contra o Atlético Mineiro, que eu fiz o gol de falta, eles empataram e aí no último lance eu fiz o gol de cabeça. Aquilo ali foi sensacional, inacreditável. Pra mim, foi o jogo mais incrível.

https://www.youtube.com/watch?v=jeJb7Mi9FSk&feature=emb_title

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