Nilmar dá detalhes sobre depressão que o tirou dos gramados: ‘Perdi o prazer no que mais amava’

Atacante com passagem pela Seleção Brasileira revelou o processo de como a doença foi lhe tomando por inteiro

Nilmar
Nimar se aposentou em 2017 (Foto: Ivan Storti/Santos)

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Nilmar ostentava uma carreira de sucesso quando chegou ao Santos, em 2017. Autor de um dos gols mais bonitos da história do Brasileirão, o atacante carregava títulos importantes por Internacional e Corinthians. A passagem no exterior também foi bem-sucedida. Atuou com destaque no Villareal e futebol árabe, além de convocado para a Copa do Mundo de 2010. Nenhum desses fatores impediu que a depressão o atacasse.
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Em entrevista ao canal do jornalista Duda Gabi no Youtube, Nilmar deu detalhes sobre o doloroso processo que ficou fortemente acometido pela doença. O ex-jogador revelou que teve dificuldades para aceitar a depressão, uma vez que sua carreira lhe oferecia frutos distantes de quando vivia no interior do Paraná.

- Vivi na pele, e só fui diagnosticado porque senti no corpo, foi físico. Eu não dividia com ninguém, era muito retraído, nem com a minha esposa. Sempre fui muito "vim do interior, não tinha nada, por que estou triste? Vai melhorar". Acho também prejudicou muito eu não externar para alguém mais próximo, procurar ajuda profissional - começou.

- Eu fui entender que é um 'pote' que encheu no momento eu tive uma paralisação depois de um jogo em Minas Gerais. Na concentração eu estava tão estressado que não tinha vontade de treinar, de jogar, tinha perdido o prazer daquilo que eu mais amava. Paralisou todo meu lado direito do corpo, fui para o hospital e fiquei dois dias. Exames no corpo todo e não tinha nada. Coração a 200 por hora e não era 'nada - completou Nilmar.

Nilmar teve seu contrato encerrado com o Santos ainda em 2017. Foi o espaço necessário para a busca de ajuda profissional e apoio familiar.

- Procurei ajuda, foram seis meses sem fazer nada, só deitado no sofá. Eu tinha vergonha. O que me conformou foram pessoas que passaram pelo problema, conhecidas, treinadores famosos, jogadores, que tiveram e não veio a público. Aquilo foi me confortando, fui conversando com eles. É uma coisa química. Procurei ajuda, psicólogo, tomei medicamentos. Foi difícil aceitar me medicar - contou.

- O apoio da família foi muito importante também. É difícil para quem está próximo que uma pessoa alegre, feliz, realizada, que tinha voltado para o Brasil para os últimos dois anos da carreira para um time legal, com estrutura - disse o ex-jogador de 37 anos.

Afastado dos gramados desde então, o ex-atacante aprendeu a lidar com a depressão. 

- Não me sinto curado, me sinto bem. Me sinto realizado em conseguir entender essa doença. Não é que não acreditava, mas achava muito difícil uma pessoa que tem tudo... Eu, pai de família, joguei na seleção, Copa do Mundo, ganhei dinheiro, aquela coisa. Pensamento bobo. Hoje eu sou o Nilmar de novo, e até melhor do que eu jogava - porque quando jogava vivia no automático. É difícil se reencontrar. Eu trabalharia nessa parte do futebol, com um olhar... É outro mundo. O que a gente vive lá dentro, a gente vê muito jogador se perdendo porque é muito tentador o poder que é dado, ainda mais para nós, brasileiros - concluiu.

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