Ao L!, Flávio Tênius exalta disputa entre Gatito e Cavalieri no Botafogo: ‘Temos dois titulares’

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, preparador de goleiros do Alvinegro comemora nível da posição no atual elenco e se vê assumindo outra função dentro do futebol no futuro

Gatito e Cavalieri - Botafogo
Gatito Fernández e Diego Cavalieri (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

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Em tese, seria uma missão difícil para qualquer um substituir o terceiro jogador com mais partidas na história de um clube. Isto, porém, não aconteceu com o Botafogo. Desde a aposentadoria de Jefferson, no final de 2018, o Alvinegro tem Diego Cavalieri e Gatito Fernández, atual titular, na posição. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, Flávio Tênius, preparador de goleiros do clube, elogiou a presença dos dois.

- Não tenho dúvida (da qualidade dos goleiros). Hoje, nós temos dois titulares, como tínhamos com Jefferson e Gatito. Não é muito comum, né. Os clubes sempre têm, de repente, um titular e um segundo goleiro um pouco abaixo. A gente conseguiu, com Cavalieri e Gatito, manter o nível. Qualquer um dos dois que jogue a gente tem conseguido boas atuações - afirmou.

A posição de goleiros, inclusive, foi a única que não teve nenhum tipo de alteração na atual janela. O Botafogo foi o clube do Rio de Janeiro que mais contratou, com 13 reforços ao todo, mas nenhum atleta para reforçar a baliza. Flávio Tênius, é claro, comemorou o feito e reafirmou a confiança na dupla Gatito Fernández e Diego Cavalieri.

- Isso significa que o trabalho está dando certo (risos). Quando ninguém se preocupa com a área é porque a coisa está andando. Foi um pedido nosso que o Diego Cavalieri ficasse, é um profissional diferenciado. Nunca tinha tido a oportunidade de trabalhar com ele, sempre olhei de fora e, ano passado, só confirmou tudo que as pessoas falavam e o que a gente via de longe. O Gatito veio para cá em 2017, conquistou a torcida, é titular na seleção do país dele. Nós temos dois goleiros de alto nível, e isso é importante. Tem que ter uma reposição. Temos dois jovens feitos no clube (Saulo e Diego Loureiro) e que a gente trabalha e espera, havendo possibilidade, colocá-los para jogar. A gente fica satisfeito que as coisas estão dando certo - comemorou.

Herrera, Gatito, Cavalieri, Loureiro, Saulo e Tenius - Botafogo
Flávio Tênius (à direita) com Gatito, Cavalieri, Diego Loureiro e Saulo (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Flávio Tênius possui uma forte relação com o Botafogo, clube que trabalhou em duas passagens: de 2010 a 2014 e de 2016 até agora. Um dos primeiros funcionários a chegar nos arredores do Estádio Nilton Santos para os treinos e um dos últimos a deixar o estabelecimento, o preparador de goleiros tem o clube de General Severiano quase que inserido em suas veias. 

- O Botafogo tem uma importância muito grande na minha vida, em termos até da minha família. Meu avô, pai da minha mãe, era botafoguense, morava em Botafogo e todos os sete filhos nasceram botafoguenses. Minha mãe foi campeã brasileira de vôlei pelo clube, meu tio foi treinador do Botafogo, meu irmão jogou vôlei no Botafogo, minha esposa começou jogando vôlei aqui, eu joguei no time sub-20... Sempre foi uma ligação muito forte. Depois que eu parei jogar, fiquei dez anos fora do Rio e não tinha tido a oportunidade de trabalhar no Botafogo. Em 2010, tive o convite do Anderson Barros e fiquei até meio espantado, eu não imaginava que fosse trabalhar no clube, com uma ligação tão forte com a família. Já tem oito anos que estou aqui, porque fiquei fora um ano para trabalhar no Vasco - relembrou.

Apesar de estar consolidado na função de treinador de goleiros no cenário nacional, Flávio Tênius não descarta a possibilidade de assumir uma nova função dentro do futebol no futuro. Com um curso de gestão, ele se prepara, aos poucos, para entrar no universo fora das quatro linhas.

- Sou professor de educação física e tem 27 anos que sou treinador de goleiros. É uma função desgastante, a gente usa muito o físico, os clubes entenderam isso e o preparador sempre tem uma pessoa para ajudar. Às vezes você, sozinho, pode prejudicar a performance do trabalho. Como já tenho muito tempo na função, aos pouquinhos vou me preparando... Já fiz um curso de MBA (Master of Business Administration) de gestão, minha vida inteira foi dentro do futebol, jogando e como membro de comissão técnica, e isso me deu uma experiência legal de como ver o esporte dentro e fora do campo. Acho que isso ajuda muito, não tenho dúvida que, saindo dessa função, vou continuar no futebol. Tudo que tenho foi o esporte que me deu - admitiu.

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Importância do preparador experiente
- Em todas as áreas, é preciso ter profissionais competentes, isso é mais importante que a experiência, algo que você vai adquirindo com o tempo. É uma função importante e é válido que a pessoa tenha conhecimento e saiba desenvolver isso da melhor maneira, é uma posição (goleiro) tão importante quanto as outras, mas é um pouco diferente e requer um trabalho específico, trabalho, uma preparação diferente. É preciso que a pessoa seja até mais competente do que experiente.

Trabalhar no Botafogo
- O ambiente aqui é muito legal, todos os jogadores quando saem daqui, um exemplo recente é o Gabriel, que chegou aqui e parece que, de repente, ele nasceu no Botafogo e não queria sair de jeito nenhum. Claro que vai muito do rendimento do jogador, isso ajuda muito para a ligação, mas todo profissional que sai daqui sempre mantém contato querendo saber como as coisas estão, a gente sente um prazer no dia a dia de trabalho, que é o mais importante em um ambiente de trabalho. O Botafogo é esse clube. É bem família, as pessoas trabalham por muito tempo, é um prazer enorme. Trabalho todo dia com muito prazer. É muito bom fazer o que você gosta no lugar que te acolheu.

Ambiente do clube
- Vou dar um exemplo próximo: em 2015 e 2016, tivemos um preparador físico, o Ednilson (Sena), que trabalhou até o final com o Jair Ventura e foi com ele para o Santos. Ele está sempre em contato com a gente, querendo saber como está o clube, ele tem um carinho enorme pelo clube. A gente teve o Anderson Barros que saiu e voltou, o nosso diretor de comunicações Kako Arêas, que trabalha aqui há dez anos, ele não quer sair. Em todas as áreas as pessoas têm prazer, mesmo com todas as dificuldades que o clube vive, existe um carinho não apenas de jogador, mas de todos que trabalham com o futebol.

Outros clubes de olho na situação de Gatito Fernández
- É normal. O cara realmente conseguiu um destaque grande no Botafogo. Foi determinante em várias competições, ajudando demais, hoje ele é titular do Paraguai. A gente sabe que o mercado do futebol é dinâmico e todo mundo está de olho em todo mundo, mas a gente sabe que ele é um goleiro que a qualquer hora, havendo uma proposta, sair. Isso faz parte do futebol. Tenho certeza que ele está muito feliz aqui, ele gosta muito do clube e da cidade.

O que pode melhorar no trabalho
- Sempre tem que melhorar. Não dá para parar nunca, é uma posição que você tem que estar muito preparado tecnicamente, fisicamente e emocionalmente. É uma posição de destaque, você fica muito mais exposto, joga a um metro do gol, então é preciso estar muito atento. A gente sabe que não pode achar que já conquistou e tudo está legal, esse é o grande caminho para o cara desabar. Se não tiver noção de que sempre é preciso trabalhar e buscar uma melhor performance, ele vai ter dificuldade. Hoje, estou feliz porque tenho goleiros que entendem isso. A posição mudou nos últimos anos, então isso deve estar sempre sendo atualizado com eles.

Tenius - Botafogo
Flávio Tênius (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

Jefferson
- Aos pouquinhos, ele vai digerindo essa falta de futebol. Peguei o Jefferson com 17 anos no Cruzeiro, em 2000. De lá para cá, ele decolou. O Jefferson não precisava nem ter parado, ele podia ter jogado mais um pouquinho, mas ele realmente não quis, foi uma decisão com a família, mas aos pouquinhos ele está entendendo essa falta. Mas ele foi um cara esperto, conseguiu direcionar a atividade dele para uma outra área, está se dedicando aos negócios dele lá na cafeteria, ele só não manda um café para a gente, eu não vou cobrar mais (risos). Ele está curtindo bem a família, porque você, quando é jogador, às vezes deixa a família um pouco de lado.

Enxerga Jefferson como um preparador de goleiros no futuro?
- Espero que seja bem no futuro, porque se ele vier para o Botafogo agora ele vai ter que me ajudar primeiro (risos). Sem brincadeira, ele nunca me passou essa vontade de ser treinador de goleiro. Ele me passou que teria vontade de voltar ao futebol com outra função, comissão técnica, parte gerencial... Em relação a goleiro nós nunca conversamos sobre. O Botafogo é muito forte na vida dele, de repente ele poderia voltar para algo assim. Ele sabe que tem se preparar para uma nova função, o clube estará sempre aberto por tudo que ele fez.

Gabriel Toebe, goleiro do sub-17
- O Gabriel foi para o sub-20 agora, eu já o conhecia, é um goleiro que, com pouco tempo de clube, assumiu a titularidade (do sub-17). Ele foi muito bem, passou para o clube que é um atleta que temos que cuidar e investir porque eu vejo muito potencial, temos que estar atentos a isso. O negócio é dinâmico, daqui a pouco sai um e nós temos que estar prontos, nossa função é fazer goleiro.

Andrew, goleiro titular do time sub-20
- O Andrew, desde o sub-15, sempre esteve com a gente. É um goleiro que o clube sempre acreditou, a gente está sempre de olho. Eles têm mostrado muita condição disso. Nosso trabalho de lapidar é muito importante, o jovem às vezes falta experiência e a vivência com os profissionais é muito importante. São dois goleiros que a gente entende que podem ser titulares no futuro, é importante ter essa troca com os goleiros do profissional.

Diego Loureiro e Saulo
- Tem o Diego, com uma passagem muito boa nas divisões de base, foi campeão brasileiro no sub-20, o Saulo é um goleiro que acredito muito, jogou 20 jogos no ano passado. É difícil, de uma hora para outra, sem nunca ter jogado, você entrar para substituir Gatito e Jefferson e ele se saiu bem, nos ajudou em muitas partidas. É uma posição difícil, né, só joga um então é complicado... o Saulo já vai fazer 25 anos e não conseguiu uma sequência, mas é assim que funciona, paciência. A gente procura fazer nosso melhor trabalho para colocar todos os goleiros na melhor condição.

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