Eurico assume responsabilidade por queda, mas culpa Dinamite e árbitros

Uma hora de atraso e mais uma hora de coletiva. Tempo suficiente para o presidente do Vasco, Eurico Miranda, conceder a primeira entrevista coletiva após o terceiro rebaixamento do clube em oito anos - o primeiro sob o comando dele. O dirigente sentou sozinho na mesa, apesar de boa parte da diretoria estar na sala de imprensa, assumiu a responsabilidade pela queda e admitiu a mancha no currículo de mais de 50 anos como dirigente:

- O único e exclusivo responsável pelo rebaixamento do Vasco sou eu. E estou dizendo isso para não transferir para mais ninguém. É uma mancha irreparável no meu currículo de 50 anos de Vasco. Esperava não ter que passar por isso.

VEJA OS MEMES QUE CIRCULARAM NA INTERNET APÓS A QUEDA DO VASCO

Para Eurico, entretanto, a culpa pelo rebaixamento ficou dividida entre o ex-presidente Roberto Dinamite, que comandou o clube entre 2008 e 2014, e os erros de arbitragem, tecla batida pelo presidente desde o empate com a Chapecoense, no Maracanã, e que culminou, segundo ele, no jogo contra o Coritiba, após um pênalti não marcado em Nenê no segundo tempo.

- Encontrei o Vasco em um quadro que podemos classificar de terra arrasada. Eu achei, quando assumi,que era uma situação difícil, mas muito mais difícil foi o quadro que eu encontrei. Encontrei uma situação em que de imediato esse cidadão chamado Roberto Dinamite passou sete anos no Vasco e não recolheu um centavo de imposto, um centavo de fundo de garantia e me deixou, fora outras situações, assumir com três meses de salário atrasado, entre jogadores e funcionários. Se não mais fosse, pode ser que tenham tido clubes prejudicados, mas mais ninguém foi mais prejudicado por arbitragem do que o Vasco. Até no último jogo teve um pênalti que não foi nem duvidoso, pois todos disseram que foi pênalti. Isso mesmo tendo alertado a CBF e sua comissão de arbitragem, mas nenhuma providência foi tomada - comentou Eurico.

VEJA AS CARAS E BOCAS DE EURICO MIRANDA DURANTE A ENTREVISTA
(Fotos: Armando Paiva/Agência Eleven/LANCE!Press)

Confira, agora, os principais tópicos da entrevista coletiva de Eurico Miranda

PERMANÊNCIA DE JORGINHO E ZINHO
"Jorginho e o Zinho permanecem, já foi dito a eles. Cada caso de jogadores vai ser analisado. Os que terminam contrato será analisado para saber se será renovado ou não. E os que não tem, permanecem"

MUDANÇAS NO ELENCO
"Martin é jogador do Vasco, Nenê é jogador do Vasco. São jogadores sob contrato. É evidente que o jogador só continua querendo continuar, agora são vinculados ao Vasco. Para sair, precisam ser liberados. Mas não tenho interesse em liberar. Os que têm contrato não tenho que fazer nenhum tipo de projeto."

SIBÉRIA
"Morar na Sibéria, quando eu disse, é que se o Vasco caísse eu ia para ficar longe. Acho que se não fossem as razões que viessem a acontecer, se não tivesse a minha significância pessoal, não precisava ir para a Sibéria. Tem uns que devem estar tristes, mas alguns gostariam de ir comigo. Até aqueles que têm problemas freudianos comigo. E aí está triste porque gostariam de me acompanhar para a Sibéria. O problema quando falei, poderia falar Groenlândia, ou qualquer mais distante, mas se eu não tivesse as razões que levaram a isso, não ficava aqui nenhum dia. Quando atribuo a mim é responsabilidade, não é culpa. Responsabilidade é diferente da culpa. Acho que já foi suficientemente explicado que é porque não se pôde fazer investimento."

PAULO ANGIONI
"Não sei. Hoje ele está no Vasco, mas não sei. Agora, o comando do futebol é meu e do José Luis Moreira, cargos não remunerados. Diretor é outra coisa."

PRINCIPAL ERRO
"O erro do Eurico Miranda foi não ter superado essa barbaridade de problemas que enfrentamos. sempre tive condições de superar as dificuldades, mas isso aqui está muito lógico. Quando se encontra o clube na situação que encontrei, não tem condição de fazer investimento no time de futebol. E vou repetir: aprova-se uma lei que tem que estar com salários e impostos em dia sob pena de rebaixamento, mas nada disso é visto. Nada é levado em consideração pelos críticos. Erros brutais foram feitos contra o Vasco e a crítica não se manifestou"

FRASES BANCANDO A PERMANÊNCIA
"Não só é o meu estilo como que pela necessidade que eu tinha e tenho a obrigação de levantar a auto-estima dessa instituição. Todos ouviram eu falar que comigo o Vasco não cai. É evidente que traz uma responsabilidade, mas levanta a auto-estima. Da forma como encontrei o Vasco, o Vasco precisava disso. Que eu colocasse o Vasco não no terreno esportivo apenas, mas no lugar dele. No contexto nacional e ser considerado como uma instituição que tem que participar do processo decisório e que fique no plano secundário. E eu reafirmo que com todas as dificuldades que encontramos o Vasco está no contexto nacional, tem que ser ouvido. Aqueles que participam do processo decisório devem saber da grandeza dessa instituição e eu acho que. Até estou me tornando repetitivo, mas o fato que achar que isso é uma mancha no meu currículo que não esperava ter, mas que o Vasco continua e continuará sendo respeitado. Respeitado."

ESTADO DE SAÚDE
"Só queria fazer uma observação, porque tem várias coisas saindo a respeito. Uns falam que vou me tratar nos EUA, outros que ando com dificuldade. Cada um afirma uma coisa. Mas eu estou bem. Posso não estar 100%, mas estou bem. Nada que impeça que eu continue a honrar o compromisso que assumi a partir do ano passado. Então, aqueles que esperavam que eu pudesse chegar aqui e dizer que estava querendo dar um tempo ou me afastar, nenhuma chance. Vou carregar isso pra mim e o Vasco, sem dúvida nenhuma ou frase de efeito, vai retornar ao lugar que é dele, que é a primeira divisão. E talvez coisas mais importantes devem acontecer. O comando continua, tenho solidariedade de toda a diretoria e vamos continuar. Vamos dar a volta por cima. Para mim não é fácil em termos pessoais. É algo que eu esperava terminar o meu ciclo e isso não ter terminado. Agora estou à disposição."