Diretor financeiro do Corinthians explica corte salarial menor para o elenco: ‘Jogador tem vida mais curta’

Matías Ávila concedeu entrevista ao GloboEsporte.com e esclareceu os motivos que levaram o clube a cortar até 70% dos vencimentos dos funcionários e 25% dos jogadores

Tiago Nunes tem cobrado muito dos jogadores do Corinthians neste início de semana
Jogadores tiveram redução de 25% dos salários e funcionários de até 70% (Foto: Daniel Augusto Jr./ Ag. Corinthians)

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Como medidas para amenizar os efeitos das paralisações provocadas pela pandemia de coronavírus, o Corinthians anunciou a redução salarial de seus jogadores e dos funcionários do clube. No entanto, a enorme diferença no corte do elenco em relação aos demais profissionais causou polêmica. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o diretor financeiro corintiano, Matías Ávila, tentou esclarecer as atitudes tomadas até o momento.

- Todo mundo está renegociando tudo: patrocínio, aluguel, emprego. O Corinthians fez a opção de preservar emprego, está aplicando as leis que foram anunciadas para não precisar demitir. Está aplicando a lei (reduzindo o salário) em 70% para quem não está trabalhando e 50% para quem está trabalhando.

O dirigente do Timão explicou que nem todos os funcionários terão cortes, apenas aqueles que recebem mais de R$ 3 mil por mês. Além disso, aqueles que sofrerem redução, serão parcialmente ressarcidos pelos programas governamentais de ajuda durante a crise da pandemia.

- Para quem ganha até R$ 3 mil, não desconta nada. O desconto é de R$ 3 mil para cima. Eles também têm possibilidade de recuperação através dos programas federais. Estamos adotando todos os procedimentos no sentido de aproveitar toda a legislação disponibilizada e fazer a transição da melhor forma possível.

A questão principal da polêmica é em relação à enorme diferença entre os cortes para os jogadores e para os funcionários do clube. Enquanto o elenco terá redução de 25%, os outros profissionais serão reajustados em 70% dos vencimentos. Para Ávila, são regimes diferentes, além de um ser acordo individual e o outro coletivo.

- As legislações são diferentes. Em princípio, a legislação dos funcionários do clube é normal, como de uma empresa qualquer. E a legislação do jogador é uma legislação específica. Estamos fazendo o que podemos fazer. Por isso é diferente, só isso. O corte dos funcionários é que poderia ser maior. O jogador tem um regime diferente. Apesar de ser CLT, ele tem direito de imagem, todo um outro ganho diferente. É praticamente um acordo, enquanto com os funcionários é um acordo coletivo.

De forma contundente, a reportagem do GloboEsporte.com insistiu na pergunta sobre os motivos pelos quais não se pôde aumentar a redução para os jogadores, a fim de evitar o corte maior aos funcionários, que têm ganhos bem menores do que o elenco. Ao responder o questionamento, o diretor financeiro do Corinthians causou ainda mais polêmica.

- O Barcelona cortou 70% por iniciativa dos próprios jogadores, mas os atletas do Arsenal, por exemplo, não quiseram cortar nada. Depende muito da negociação, da proximidade e da possibilidade, os jogadores também têm compromissos, adquirem bens parcelados, compras de bens, enfim. Outra coisa que é muito importante: funcionário do clube muitas vezes entra lá e fica a vida toda, até se aposentar. O jogador tem a vida mais curta. A gente não quer prejudicar ninguém, estamos procurando fazer o que era possível - afirmou Ávila.

Embora ainda não tenha publicado seu balanço de 2019, o Corinthians deve apresentar um déficit de cerca de R$ 180 milhões, ou seja, uma crise financeira que já era ruim, pode ficar ainda pior por conta da pandemia e os prejuízos que ela trás, como adiamento de verba de patrocínio, não pagamento de cotas de TV e diminuição na receita de sócio-torcedor.

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