Invicto contra portugueses no Palmeiras, Abel vê ‘choque de estilos’ com Vitor Pereira no Corinthians

Ex-pupilos, corintiano tenta retomar protagonismo alcançado por palmeirense no futebol brasileiro e mostrar novo estilo português em nossos gramados 

Montagem Abel Ferreira - Vítor Pereira
Abel e Vitor nos tempos de futebol português: rivalidade acentuada (Fotos: reprodução Instagram Porto e Sporting)

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Desde que o técnico José Mourinho surpreendeu em 2004 ao levar o Porto à conquista de Liga dos Campeões da Europa, a escola portuguesa entrou definitivamente na rota dos grandes conceitos do futebol. E nesta quinta-feira (17), quando Palmeiras e Corinthians entrarem em campo no Allianz Parque às 20h30 (de Brasília), pelo Campeonato Paulista, a história mostrará que essa escola conquistou mesmo o universo futebolístico, marcando um dos maiores clássicos do Brasil quase 20 anos depois de seu surgimento e com ex-pupilos no banco de reservas.

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Inovadora, a escola portuguesa marcou não por apresentar especificamente um estilo de jogo. Mas sim por inovar os métodos de treinamento. Chamada de 'periodização tática' pelo próprio Mourinho, essa metodologia foi levada pelos para o dia a dia de trabalho. 

Com ela, acabaram atividades específicas como trabalhos físicos. Passaram a ser realizados todos juntos, sempre tendo como base o próximo jogo, o próximo adversário, copiando situações de campo e apostando em uma metodologia que prioriza a análise do oponente ao entrosamento próprio de uma equipe titular.

O palmeirense Abel Ferreira e o corintiano Vitor Pereira são filhos diretos dessa metodologia, cada um à sua maneira e aí sim, adaptando suas predileções e convicções pessoais. O duelo em terras brasileiras será o primeiro entre ambos, mas de certa forma simboliza o embate entre duas correntes ideológicas distintas.

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Pereira, recém-chegado ao Timão, é, digamos, um herdeiro direto de Mourinho. Depois de uma carreira mediana, com passagens por clubes pequenos de Portugal, iniciou sua trajetória como técnico no sub-15 do Porto, nos tempos que o superastro português guiava os Dragões rumo às suas glórias.

Aprendeu diretamente com o mestre e aperfeiçoou o seu estilo quando foi promovido a auxiliar direto de André Villas-Boas, antigo braço direito de Mourinho, e que acumulou passagens por gigantes europeus tal como seu mestre.

Tal como Villas-Boas, Pereira adotou ao longo da carreira um posição mais ofensiva dessa escola portuguesa. E ela gerou os resultados esperados no Porto e, segundo especialistas, mostram que ele está preparado para um desafio como o Corinthians.

- Ele encontrou uma pressão fortíssima, até porque o nível de exigência deixado pelo Villas Boas foi muito alto. Mas o Vitor foi muito bem. Ficou no cargo por dois anos, vencendo a Liga Portuguesa nesses dois anos, inclusive de maneira invicta em uma temporada. Se você pensar, é um cenário parecido de certa forma com o Corinthians. Aqui a cobrança por resultados, até pela cultura imediatista, é maior do que em Portugal. Mas no Porto ele era um novato assumindo um time super vencedor - afirma o comentarista da RedeTV Elcio Mendonça, especialista em futebol português.

Já consolidado no país, Abel Ferreira simboliza uma outra dimensão desse estilo português, mais pragmática em campo, porém extremamente funcional no trabalho. 

Ex-jogador do Sporting, onde encerrou precocemente a carreira após grave lesão no joelho, foi no clube lisboeta que assumiu as pranchetas das categorias de base sob o prisma de outro discípulo de Mourinho: Leonardo Jardim, venezuelano de nascimento, mas português de coração.

- A diferença entre os dois (Abel e Pereira) é como priorizam o planejamento do jogo. Vitor gosta de linhas altas, marcação pressão e construindo as jogadas por meia dos pontas. Ele não tem esquema fechado, varia conforme o adversário. Abel prefere fechar as linhas e utilizar o erro do adversário para ataca-lo, geralmente fecha com cinco na defesa e usa da velocidade sem uma atacante fixo para construir as jogadas - analisou o historiador Tiago Cabral, torcedor do Sporting e estudioso do futebol lusitano.

Abel deixou os juniores do Sporting após a chegada de Jorge Jesus (ele mesmo) para o time principal. Não revelou nenhum grande jogador de expressão, mas teve bom trabalho e levou o time B do Sporting ao sexto lugar na segunda divisão.

De Lisboa, passando por Braga e Grécia, Abel é hoje o treinador português mais vitorioso, com suas duas Libertadores e Recopa Sul-Americana. Não à toa é cotado para assumir o Benfica na próxima temporada. Por ora, o palmeirense mostra que os métodos aprendidos com Jardim deram mais que certo, afinal, em meio à profusão de portugueses desembarcando no país nos últimos anos, tem quatro vitórias em quatro partidas disputadas contra compatriotas pelo Verdão- venceu Ricardo Sá Pinto (contra o Vasco, em 2020), Renato Paiva (duas vezes contra o Independiente del Valle-EQU, na Libertadores de 2021) e Antônio Oliveira (contra o Athletico-PR, pelo Brasileiro do ano passado). Resta saber se chegou enfim um adversário à sua altura. Justamente no maior rival de seu clube.

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