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Niteroienses e paraense surfam onda da Pororoca com canoa polinésia

Remadores ficaram por seis minutos em feito inédito na famosa onda dos encontros da água do mar com o rio <br>

Expedição Anamauê - Canoa Havaiana na Pororoca
imagem cameraDivulgação
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Lance!
Arari (PA)
Dia 24/02/2022
16:52

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A quinta edição da Expedição Anamauê viveu uma experiência diferente na última semana na região Amazônica do Brasil. Quatro remadores, três de Niterói (RJ) e um de Belém (PA), surfaram a onda da pororoca por cerca de seis minutos na cidade de Arari (PA), porta de entrada do rio Mearin, onde foi realizado o feito com uma canoa OC4. Foi uma expedição muito bem planejada e finalizada com êxito, e até onde se sabe, o tempo mais longo registrado surfando a Pororoca com uma canoa polinésia.

"Trouxemos a canoa de Belém em dois dias de viagem de carro até Arari e foram mais dois dias de aprendizado e conseguimos por dois dias surfar. Foram seis minutos de onda que dropamos e completamos. Tivemos imprevistos em nossa jornada, mas finalizamos o objetivo sem nenhuma avaria ou quebra em nossa canoa, algo super importante. Essa onda da pororoca tem muito mais velocidade que a onda comum do mar , vem com muita pressão, corre demais, é uma leitura muito diferente e não adianta que basta pegar surfe no mar para surfar essa onda, foram precisos três dias para surfar bem. É muita potência", disse Douglas Moura, niteroiense líder da Expedição que contou mais detalhes: "Tivemos um momento bem delicado pouco antes da onda vir, por questões de saúde, ficamos sem o apoio do nosso tripulante Helio e também do nosso guia no rio. Ficamos só nós três, eu o Alan e o Augusto . Ou pegaríamos a onda ou ficaríamos sozinhos na selva em um lugar que não conhecemos. Mas parece que o rio recompensou os três dias de luta, provamos que éramos guerreiros. Remamos pela vida no momento que a onda vinha vindo. A hora que entramos na onda e ela nos empurrou foi uma explosão de grito, uma realização e fomos embora. Depois mais a frente na bancada pegamos outra ainda e as crianças ainda vibraram no redor, parecia que estavamos no Maracanã lotado".

Douglas contou também contou como foi o primeiro dia onde acabaram perdendo a onda: "Parecíamos muito afoitos pois pulamos vários rituais, inclusive o batismo da canoa. Quando chegamos parecíamos no meio do nada, ninguém do nosso lado, foi aquela ansiedade, cadê a onda, será que ela vem, de onde ela vem, daqui a pouco começamos a ouvir o barulho e foi muito rápido e parece que passou em um segundo. Tudo isso foi muito legal pois percebemos o quanto somos pequenos aqui. Tudo aqui é ultra dimensionado, a força dessa corrente é ultra dimensionado, o tamanho das árvores e nossa vibe foi ultra-dimensionada. No segundo dia voltamos ao que estamos acostumados , fizemos nossa roda, batizamos a canoa. A partir dali toda essa espiritualidade fez com que as coisas dessem certo".

"Vivemos uma ansiedade muito grande no primeiro dia, escutamos bastante sobre a pororoca, mas só vivenciamos mesmo a partir do primeiro dia e curiosamente foi quando perdemos a onda, posicionamos justo no local onde com aquela lua a onda era pequena , estavamos na bancada do retão, quando a onda apareceu não identificamos e perdemos. Ficamos assimilando e a partir disso prestando atenção em como ela avança no rio conforme encontra uma reta, uma bancada, pega uma curva e cresce de virar uma onda de 30cm para virar 1 metro de forma muito rápida. Então voltamos pro retão no segundo dia, nos posicionamos e pegamos uma onda média, saímos mais satisfeitos, pegamos a primeira onda, sentimos como ela se comporta com a canoa. Devemos ter ficado uns 40s nessa onda e fomos mais confiantes para o terceiro dia que foi o Dia D sabendo como as três bancadas funcionavam e o que precisávamos fazer. Então foi muito louco pois pelo nosso plano conseguimos identificar qual a melhor pororoca para nossa canoa. Fomos na garra como o Douglas falou no momento que ela chegamos no paredão, chegamos na onda e optamos por não pegar no retão pois essa onda não estava legal e fomos para a bancada dos locais. O grande aprendizado foi não termos nos dado por vencido. Fomos entendendo o que precisávamos e nos adaptamos para tirar o que de melhor tinha . O surfe de prancha na pororoca é bem conhecido, agora podemos dizer que de certa forma estamos abrindo o leque para o surfe de canoa havaiana, já entendemos que podemos surfar com a canoa por lá", disse Alan Bordalo, jornalista que esteve na expedição Anamauê e que foi o responsável por toda a logística da canoa de Belém até Arari.

"Queria agradecer ao apoio e a comunidade do Arari por nos prestar suporte e também ao Jean, diretor de turismo da cidade que nos prestou apoio durante nossa estada", finalizou Douglas.

A expedição contou com outros dois niteroienses, Augusto Donadel e Helio Valente.

A Expedição Anamauê a cada ano vive novos desafios. Já atravessou de canoa havaiana boa parte da costa brasileira do Sul da Bahia até Niterói (RJ) em 2021, foi de Mangaratiba (RJ) até Ubatuba (SP), percorreu o Rio de Janeiro (RJ) até Santos (SP) e agora em sua mais nova edição consegue desbravar mais um dos maiores desafios em solo brasileiro.

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