Daniel Alves abre o jogo e conta ‘segredos’ da vida e da carreira

Lateral brasileiro lembra dos momentos difíceis, mudança para Europa, ligação forte com o Barcelona e atual momento vivido na Juve, próximo de jogar a final da Liga dos Campeões

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(Foto: Miguel Medina / AFP)

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Daniel Alves está próximo de mais uma conquista importante na carreira já que no próximo sábado ele disputa a final da Liga dos Campeões. Agora pela Juventus, ele encara o Real Madrid, velho conhecido dos tempos em que atuou na Espanha pelo Sevilla e posteriormente com a camisa do Barcelona. 

O brasileiro falou, em depoimento ao site "The Players Tribune", como foi assistir à virada dos catalães sobre o PSG por 6 a 1, nas oitavas de final da Liga dos Campeões, após levar de 4 a 0 em Paris.

- Como todos os demais torcedores do Barça ao redor do mundo, eu estava ficando completamente maluco. Porque a verdade é que o Barcelona ainda está no meu sangue - afirmou Daniel Alves, que ainda não esqueceu da maneira como deixou o clube catalão:

Daniel Alves - 34 títulos
Daniel Alves tem 34 títulos na carreira (Foto: Divulgação)

- Fui desrespeitado pela cúpula dos dirigentes quando eu saí do clube no verão passado? Certamente que sim. É simplesmente a maneira como eu me sinto a respeito, e você jamais pode dizer algo diferente a esse respeito para mim. Mas não é possível jogar por um clube ao longo de oito anos, e alcançar tudo o que nós alcançamos, e não ter esse mesmo clube no coração para sempre. Dirigentes, jogadores e membros do conselho vêm e vão. Mas o Barça nunca vai desaparecer - afirmou o lateral-direito brasileiro, que deu recado aos dirigentes espanhóis no momento em que se transferiu para a Itália:

- Quando eu fui para a Juventus, eu fiz uma promessa final para a cúpula do Barcelona. Eu disse: 'Vocês vão sentir saudades de mim'. Eu não quis dizer como jogador. O Barça tem muitos jogadores incríveis. O que eu quis dizer foi que eles iriam sentir saudade do meu espírito. Eles iriam sentir saudade de alguém que prezava tanto pelo ambiente e pelo clube. Eles iriam sentir saudade do sangue que eu derramei todas as vezes que eu coloquei a camisa do Barcelona.

Daniel Alves beija o escudo do Barcelona no Camp Nou
Daniel Alves beija escudo do Barça no Camp Nou (Reprodução L!TV)

Desde o início da temporada na Juventus, Daniel Alves já conquistou a Copa da Itália e Campeonato Italiano. E pode faturar a Tríplice Coroa neste sábado, quando enfrenta o Real Madrid, às 15h45 (de Brasília), em Cardiff, no País de Gales.

- Neste sábado, eu tenho a chance de conquistar a 35ª taça em 34 anos de vida na terra. É uma oportunidade especial para mim, e isso não tem nada a ver com provar para a cúpula do Barcelona que eles cometeram um erro ao me deixarem sair de lá. Eu sei que eles jamais vão admitir isso - disse.

Em mais um encontro contra Cristiano Ronaldo, Dani revelou como se prepara para enfrentar os melhores jogadores do mundo:

- Preste atenção, vou te contar outro segredo. Antes de eu enfrentar os melhores atacantes do mundo – Messi, Neymar, Cristiano Ronaldo – eu estudo as suas forças e as suas fraquezas como uma obsessão, e então eu planejo como vou atacar. Meu objetivo é mostrar ao mundo que Dani Alves está no mesmo nível. Talvez eles me driblem uma ou duas vezes. Certo, tudo bem. Mas eu irei para cima deles, também. Eu não quero ser invisível. Eu quero o palco. Mesmo aos 34 anos, depois de 34 troféus, eu sinto que tenho de provar isso todas as vezes - afirmou o brasileiro. Leia mais trechos da entrevista:

Relação com Pep Guardiola
Se você virar a palavra computador de trás para frente, vai aparecer Steve Jobs.
Se você virar a palavra “futebol” de trás para frente, vai aparecer Pep. Ele é um gênio. Vou dizer novamente. Um gênio. Pep contaria para você exatamente como tudo ia acontecer num jogo antes mesmo da partida começar. Por exemplo, o jogo contra o Real Madrid em 2010, quando nós ganhamos de 5-0? Pep nos disse antes do jogo, “Hoje, vocês vão jogar futebol como se a bola fosse de fogo. A bola jamais ficará nos pés de vocês. Nem meio segundo. Se vocês fizerem isso, não haverá tempo para que eles nos pressionem. Nós ganharemos facilmente.” Quando nós saíamos de uma preleção como essa a sensação era de que o jogo já estava 3-0 para nós. Nós estávamos tão preparados, tão confiantes, que nós sentíamos que já saíamos ganhando.

Orgulho do pai
Bom, meu pai não lá uma pessoa muito emotiva. Eu nunca soube quando verdadeiramente alcancei aquele momento de fazê-lo ficar de fato orgulhoso. Durante a maior parte da minha carreira, ele estava em casa, no Brasil.
Mas em 2015 ele foi a Berlim para me ver ganhar a final da Champions League pela primeira vez pessoalmente. Eu me lembro que, após as comemorações pela conquista nos gramados, o Barça deu uma festa especial para as famílias dos jogadores. Nós tivemos que entregar o troféu para as pessoas que nos ajudaram a realizar nossos sonhos. Então eu me lembro que, quando foi a minha vez, passei o troféu para o meu pai, e nós dois o estávamos segurando, posando para a foto. Então, ele disse uma coisa, que, por ser um palavrão, eu não vou reproduzir aqui exatamente com precisão. Mas, basicamente, ele disse algo do tipo “Meu filho é o cara agora”. E você quer saber? Ele estava chorando como um bebê.

De frente para o espelho
Este é o filme que roda na minha cabeça quando eu olho para o espelho antes de cada partida. Ao final, antes de eu voltar para o vestiário, eu sempre digo a mesma coisa para mim mesmo. 
Mano, eu vim da "Pqp".
E estou aqui agora.
É irreal, mas eu estou aqui.
…Bora.

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