L! Espresso: Vilões e mocinhos

<br>Luiz Fernando Gomes analisa o verdadeiro papel do goleiro Alex Muralha na perda do título da Copa do Brasil pelo Flamengo. Goleiro vem sendo muito crucificado

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É endêmico no futebol brasileiro. Ao mesmo tempo em que heróis são eleitos após uma conquista, vilões são caçados para justificar uma derrota. De certa forma, Alex Muralha já entrou em campo no Mineirão como vilão. O apoio que recebeu da torcida do Flamengo antes da final da Copa do Brasil soou mais como um ato de conformidade, já que Diego Alves não poderia atuar contra o Cruzeiro, do que um voto de confiança.

A decisão da última quarta-feira foi truncada, baseada em posse de bola e contra-ataques, e após 90 minutos os goleiros foram pouco exigidos. Muralha deu um susto no segundo tempo, em cruzamento mal cortado que foi na direção de Arrascaeta, que errou o alvo. Nenhum outro lance gerou susto ou vibração. A única chance de redenção que teria, e pouco importaria o resultado final na verdade, era defender ao menos uma penalidade. Não conseguiu. Pulou no mesmo canto, o direito, nas cinco cobranças da Raposa. Não funcionou, e afirmar após a partida que havia sido uma “estratégia” também não o ajudou. Mas a competência do Cruzeiro na marca da cal serviu para expor o linchamento ao qual Muralha tem sofrido há algum tempo, e que terá uma única consequência daqui por diante: inviabilizar sua permanência no clube, estejam certos ou errados os críticos de plantão. Cabem aqui alguns questionamentos:

1 - Muralha tem mais "culpa" que Thiago, que falhou no gol do Cruzeiro no jogo de ida e permitiu o empate em 1 a 1 no Maracanã?
2 - Muralha tem mais "culpa" que Diego, que desperdiçou mais uma cobrança de pênalti no ano?
3 – É realmente necessário expor um técnico ou um jogador, de qualquer clube ou posição, ao espancamento moral a cada fracasso de seu time do coração? O que se ganha com isso?
4 - Ao apontar culpados, quais lições são tiradas para o futuro para que não pareça apenas uma perseguição covarde?

Caçar vilões com as próprias mãos costuma ser um ato heroico e dá muito certo na ficção. No futebol, quase sempre é uma tragédia.

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