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Luiz Gomes: ‘Trapalhadas mais uma vez em torneios da Conmebol’

'Estamos assistindo a nada menos do que 21 clubes de quatro países envolvidos no mesmo imbróglio. Oito deles brasileiros. Algo está errado'

Troféu da Copa Libertadores 2018
imagem cameraMais uma vez, torneios da Conmebol sofrem com falhas burocráticas (Foto: Divulgação/Conmebol)
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Lance!
São Paulo (SP)_ 
Dia 23/02/2019
16:32
Atualizado em 24/02/2019
08:35

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A pretensão da atual diretoria da Conmebol de globalizar o futebol do continente tornando a Libertadores um torneio atraente para além do Oceano Atlântico cada vez parece mais distante de ser realizada. E o principal obstáculo para isso não vem da concorrência óbvia e direta de competições muito mais valorizadas internacionalmente como a Champions League ou alguns dos campeonatos europeus. A Conmebol, na verdade, tropeça é nas próprias pernas.

Menos de três meses depois da vergonhosa final da Libertadores, disputada em Madrid por absoluta falta de competência em gerir a crise criada pelo entrevero entre o Boca e o River, o futebol sul-americano está de novo envolvido em uma situação surrealesca: 21 clubes denunciados por terem jogadores inscritos irregularmente, fora dos prazos determinados, tanto na Libertadores como na Copa Sul-Americana. Trata-se de um prato cheio para que, mais uma vez, os rumos das principais disputas da América sejam decididos não no campo, mas em idas e vindas no tapetão.

Vejam que não estamos falando de casos isolados, como os que abateram a Chapecoense em 2017 e o Santos no ano passado, ambos eliminados ao serem punidos por escalar atletas sem condições, o que lhes custou os pontos conquistados nos gramados. Estamos assistindo a nada menos do que 21 clubes de quatro países envolvidos no mesmo imbróglio. Oito deles brasileiros - o já eliminado São Paulo e o Atlético-MG na Libertadores, Corinthians, Botafogo, Fluminense, Bahia, Chapecoense e Santos na Sul-Americana.

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Quando uma situação dessas acontece é claro que algo está errado. Não se admite que haja um surto de incompetência coletiva dos clubes, ainda que se saiba o quanto amadoras são as gestões dessas entidades aqui e ainda mais nos países vizinhos. Admitindo-se que não haja má fé - tudo é possível em se tratando de Conmebol até mesmo aquela história de criar dificuldades para negociar facilidades -, há evidentes erros de processo, exigências além do aceitável e prazos mal esclarecidos que precisam ser remodelados. No mínimo há problemas de comunicação entre a entidade, as federações e os clubes. E tudo precisa ser sanado para que a credibilidade da Libertadores e da Sula se restabeleça e a bola rolando seja o único fator a interferir nas tabelas de classificação.

Vale destacar - e isso é uma particularidade brasileira - a forma omissa como mais uma vez age a CBF em detrimento dos nossos clubes. Os herdeiros da dinastia Teixeira-Marin-Del Nero, encastelados na sede da entidade na Barra da Tijuca, demoraram três dias para se manifestar e trataram de culpar o sistema Comet, que pode ter falhado "durante a realização de uma das etapas de homologação de processo". Postura bem diferente da federação chilena, por exemplo, que, desde a primeira hora, quando o caso veio à tona, assumiu os erros de registro, numa forma de proteger Universidad de Chile, Palestino, Colo-Colo, Antofagasta, Unión La Calera e Unión Española, dos questionamentos da Conmebol. É o mínimo de compromisso que se espera de uma confederação nacional.

A nota da Conmebol sobre o assunto foi simplesmente patética, como aliás tudo o que se faz ali. A entidade disse que o caso foi encaminhado para análise de seu Tribunal Disciplinar e que os clubes podem ser punidos – em tese, até com a eliminação dos torneios. Destaca ainda que, enquanto uma decisão não for tomada, tudo segue normalmente. É pura falastrice esse negócio de tribunal. Muito mais do que suas próprias regras, determinações, portarias ou resoluções, o jogo político é o que sempre comandou os julgamentos da Conmebol, onde sempre prevaleceu a máxima invertida de que nem todos são iguais perante a lei, não raramente alimentada por interesses inconfessáveis.

Assim, se o seu time é um dos oito que está na lista da Conmebol, seja na Libertadores ou na Sul-Americana, torça, pois isso vale a pena, acredite no que rola no campo, mas sempre desconfiando. Campeonatos que começam dessa forma, sob o signo da trapalhada e a égide dos tribunais, têm tudo para acabar do mesmo jeito. Ou de ter um desfecho ainda pior.

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