Emily Lima explica amplo projeto pelo futebol feminino no Equador

Ao L!, ex-volante ainda avaliou liga nacional, elogiou esforço de federação paulista e revelou desafios da rotina durante pandemia

Emily Lima - Equador
Emily Lima é treinadora de futebol a quase 10 anos (Divulgação/fefecuador)

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A convidada desta quarta-feira no "De casa com L!" vestiu as camisas de São Paulo e Napoli (ITA), além de ter treinado a Seleção principal e as categorias de base do Brasil feminino de futebol. Atualmente no comando da seleção equatoriana, Emily Lima abriu o jogo ao LANCE! sobre o a participação da mulher no esporte e elogiou o crescimento gradual da modalidade.

Segundo ela, que está morando no país, o Equador dividiu as cidades em diferentes "bandeiras" já começa a sair do pior momento da pandemia de coronavírus. Além disso, Emily contou que o futebol tanto feminino quanto masculino já tem data para retornar e o comércio local começa a reabrir.

"O mais importante é deixar um legado e iniciar dentro das escolas, universidades, categorias de base"


O primeiro encontro entre a treinadora e os dirigentes do futebol feminino durante a pandemia para definir os rumos do retorno das atletas aconteceu nesta semana. A última partida foi na Argentina, no Sul-Americano, onde ela treinou a base do país e logo assumirá a equipe principal. Emily revelou que manteve contato com os cartolas desde os primeiros dias de isolamento.

- Queremos trabalhar com nosso grande objetivo, que é a seleção principal. E ainda não tive a oportunidade. Não ia ficar com a base, mas, como a federação estão em reformulação, tínhamos os Sul-Americanos logo no começo do ano e me pediram pra ficar nesse primeiro semestre. Aceite, conversei com a direção e eles viram que seriam bom ter esse contato maior com as meninas - e seguiu:

- O projeto tem muito a ver com a iniciação das jogadoras aqui no Equador. É fazer a iniciação e fazer com que elas comecem o quanto antes. Eu não acredito que alguém possa vir e fazer um trabalho aqui sem que nós tivéssemos um projeto de base pra fazer a construção para chegar no produto final. Ninguém chega aqui sem ter um projeto à longo prazo.

Antes de ir ao Equador, Emily participou da comissão brasileira e treinou o Santos, um dos expoentes de São Paulo. Segundo ela, existe um exemplo de esforço que poderia ser seguido pelo país.

Time feminino do Santos, comandado por Emily Lima
Emily no Santos (Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC)

Emily lembra o esforço da Federação de São Paulo na busca por investimentos no futebol feminino, e deseja que mais regiões do país projetem essa evolução na categoria. A treinadora ainda elogiou a iniciativa da CBF em patrocinar o campeonato nacional.

- São Paulo é uma potência porque, o que acontece lá, não acontece pelo nosso país. A gente sabe que outras federações passam por dificuldades como não ter campeonato,.. Precisamos modificar isso. O que acontece com a federação paulista, precisa acontecer.

A comandante do Equador analisou o Brasileirão Série A1 e explicou que faria mudanças para nivelar as equipes. Para ela, o ideal seria criar mais rivalidade adicionando uma terceira Série. Outro aspecto que Emily vê com bons olhos é o expressivo número de brasileiros que assistiram a final da última Copa do Mundo.

- Os números da Copa, no Brasil, foram significativos e a imprensa tem que levar em consideração. Não é qualquer jogo que leva 19,9 milhões de pessoas assistindo uma final, sendo que o Brasil não era finalista. Nós tínhamos esse número olhando para o futebol feminino. (...) Eu acredito que, com essa exposição, é um meio barato em que você pode expôr o seu produto. Para essas empresas colocarem em evidência é mais vantajoso.

Para o momento, Emily acredita que seja fundamental investir em profissionais do país. Ele usou o exemplo da França para demonstrar que ex-atletas brasileiras precisam estar dentro do futebol para incentivarem e ajustarem o esporte. O benefício das jogadoras que deixaram os gramados esbarra no valor para se tornarem especialistas.

Acompanhe agora outras respostas da ex-atleta:

UNIÃO ENTRE BASE E PROFISSIONAL

Não é fácil trabalhar em três categorias, é muito puxado. Somos de fora, precisamos do máximo de conhecimento das nossas atletas, que jogam em diversas partes do mundo. É uma busca e um trabalho muito importante. Estamos nessa expectativa, estou como criança. Quero ver as pessoas, ir trabalhar depois de quase cinco meses. Também foi bom para que pudéssemos refletir, fazer coisas diferentes, me readaptar em uma nova realidade.

DESENVOLVIMENTO BRASILEIRO COM CAMPEONATOS NACIONAIS
Nos últimos três anos, houve um crescimento muito grande e o interesse muito grande por parte das equipes. É claro que temos ao nosso favor o licenciamento de clubes, que obriga a terem o feminino. Como é algo obrigado, entendem que terão que fazer. Falando de grandes clubes, como o Corinthians, eles querem montar bons times, porque, vão querer ganhar até bolinha de gude.

Você vê uma equipe como o Corinthians, o Santos já é uma equipe profissional, mas falta estrutura quando falamos disso. Temos uma série de equipes que disputam tanto A1 com A2 buscando profissionalização.

PROJETO NO EQUADOR
A ideia é classificar pro Mundial, mas, o mais importante é deixar um legado e iniciar dentro das escolas, universidades, categorias de base e chegar na seleção. Talvez a gente não desfruto disse agora, mas alguém poderá colher os frutos que estamos plantando.

IDA PARA O EQUADOR
Eu saí do Santos em setembro, no dia 6 ou 9, e dia 14 eu recebi um email da federação equatoriana. Ele não me fala em momento nenhum de processo seletivo, mas eu percebi devido a várias áreas que eu nunca tinha passado.

Tenho quase 10 anos nisso e sempre foi direto com o presidente e explicando a situação. Nunca apresentei um projeto. (...) Tivemos problemas de abuso sexualmente no passado, então passei primeiro por uma assistente social, aí depois falamos com o presidente. Foi todo esse processo que achei muito bacana mesmo.

*sob supervisão de Tadeu Rocha

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