Seleção Brasileira passa de seis meses sem treinador e prazo é adiado novamente pela CBF

Entidade tem como plano A a contratação de Carlo Ancelotti, do Real Madrid

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Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF (Foto: Lucas Figueiredo / CBF)

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O calendário marca o dia 30 de junho de 2023. É o dia que finaliza o primeiro semestre do ano, e a Seleção Brasileira segue sem a definição do novo treinador. Após a saída de Tite, depois da derrota na Copa do Mundo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se mostrou cautelosa e paciente quanto ao processo de escolha do próximo comandante.

Prazos, prazos e novos prazos foram esticados por Ednaldo Rodrigues, presidente da entidade. A espera se configura devido ao plano A: o italiano Carlo Ancelotti, atualmente no Real Madrid, não deseja deixar a Espanha antes do fim de seu vínculo com o clube, que expira em junho de 2024. Ednaldo enxerga a vinda de Ancelotti como a solução para uma área técnica vaga, mas a espera parece não ter um fim próximo.

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SAÍDA IMINENTE
Tite já havia sinalizado de forma clara à CBF que seu desejo era não continuar à frente da Seleção, independente do resultado alcançado na Copa do Mundo. Porém, a equipe apresentou um desempenho pouco convincente na competição. Contra Sérvia e Suíça, vitórias com custo, e a surpresa no fim da fase de grupos ao perder para Camarões. A imposição contra a Coreia do Sul, em goleada nas oitavas, não foi suficiente para uma subida de produção. Derretendo fisicamente - e emocionalmente - no duelo frente à Croácia e lidando com lesões, ficou para trás ao perder nos pênaltis.

O então comandante da Seleção assinou sua rescisão de forma oficial com a CBF em janeiro e planejava ter um caminho rumo à Europa, mas não foi o que aconteceu. Tite não recebeu propostas a seu gosto vindas do Velho Continente e segue sem trabalho desde então. Seu nome foi ventilado no Arsenal meses antes da Copa, devido à boa relação com Edu Gaspar, coordenador técnico dos Gunners, mas com um grande trabalho de Mikel Arteta, a transação parece inviável.

QUEM SERÁ?
Após a saída do treinador, muitos nomes foram listados internamente pela confederação, tanto no âmbito europeu quanto nacional. José Mourinho, em grande passagem pela Roma, chegou a receber o convite, mas rejeitou. Zidane também foi outro que esteve como uma das opções, mas de forma distante. Por parte dos torcedores brasileiros, a utopia de Pep Guardiola ganhou força, e nunca foi negada pelo espanhol sua admiração pela Seleção, mas em um trabalho sólido de sete anos com o Manchester City, a conquista recente da Champions não parece misturar os caminhos tão cedo.

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A CBF também olhou para o cenário nacional, mas não enxergou grandes opções para o cargo. Abel Ferreira, do Palmeiras, foi ventilado, mas não houve abordagem da entidade em momento algum pelo consagrado treinador palmeirense. Fernando Diniz, em evidência no Fluminense, foi pedido por seu estilo de jogo pelos brasileiros, mas nada concreto. Um nome que ganhou muita força após a Copa do Mundo foi o de Dorival Júnior. Campeão da Libertadores e da Copa do Brasil com o Flamengo, Dorival deixou o clube após impasse com a diretoria pelo interesse da Seleção, mas novamente, os planos eram outros para Ednaldo.

RESTA UM
Das opções listadas, Ednaldo escolheu de forma imutável o nome de Carlo Ancelotti para assumir o Brasil. Após grande trabalho em 2021-22, levando um Real Madrid de "noites mágicas europeias" à conquista da Champions League na temporada. Abordagens iniciais foram feitas pela CBF entre o fim de 2022 e o início de 2023 e o primeiro prazo estava decidido pelo mandatário principal: janeiro de 2023.

Carlo Ancelotti
Ancelotti no comando do Real (Foto: CRISTINA QUICLER / AFP)

Pelo andamento da temporada europeia e o pouco tempo para costurar um acordo, Dorival e Diniz tiveram seus nomes em ascendência nas opções. Contudo, a escolha intocável por Ancelotti levou ao primeiro adiamento do prazo para o primeiro jogo de 2023.

- Pode até ser que aconteça isso (interino no primeiro momento). Mas quero até março ter um nome definitivo. Não um provisório para ter que substituir. Será que define até 31 de janeiro? Pode ser que tenhamos. Estamos começando o trabalho a partir de agora. Mas pode ser que não tenha. E, se não tiver, não está atrasado - disse Ednaldo.

O PRIMEIRO COMPROMISSO
A primeira Data Fifa era o desejo do presidente da entidade em alcançar um nome para o cargo. O Brasil jogaria com o Marrocos em amistoso e havia intenção manifesta em um comandante já definido para o encontro. Porém, nada de acerto antes do jogo. Ramon Menezes, campeão sul-americano sub-20 com a Seleção, foi como interino para Tânger, mas o compromisso acabou de forma negativa para a Seleção. Na ocasião, os africanos venceram por 2 a 1, conseguindo sua primeira vitória na história do confronto.

A derrota, tecnicamente, traria aos comandantes um senso de urgência quanto à definição. Por isso, Ednaldo decidiu investir de forma definitiva em Ancelotti e adotou-o como plano A definitivo. Viagens foram feitas à Espanha para que as tratativas com o italiano fossem mais diretas, e Carletto deu sinal verde para as conversas com seus agentes. A contratação parecia se tornar iminente. Apenas parecia.

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MOMENTOS DECISIVOS
Com o sinal verde, Ednaldo afirmou o terceiro prazo: 25 de maio, período que rondava os jogos mais importantes da temporada, com final da Copa do Rei e semifinal da Champions. Uma pressão grande por parte da diretoria começou a cair sobre Ancelotti, que tinha a obrigação de conquistar a competição europeia. Apesar de erguer o troféu na copa espanhola, com dois gols do brasileiro Rodrygo na final, a semifinal terminou com um gosto amargo para os merengues. Goleada por 4 a 0 para o Manchester City de Pep Guardiola, em uma noite de pura doutrina pelos ingleses no Etihad Stadium.

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Akanji celebra gol pelo Manchester City contra o Real (Foto: Oli SCARFF / AFP)

Abandonar o barco após uma eliminação dolorida para assumir o Brasil não parecia ser a prioridade do treinador madridista, que seguiu sem uma resposta concreta à CBF. Ednaldo, então, em entrevista ao canal árabe "Bein Sports", foi ao quarto prazo: 10 de junho, uma semana antes da segunda Data Fifa de 2023 e data exata da final da Champions, que fechou a temporada do Velho Continente.

- Não que ele tenha qualquer tipo de proposta, mas acompanhamos e verificamos também se ele tinha algum tipo de vontade. Eu o tenho como plano A. Estou falando pela primeira vez de uma forma bem aberta e não adianta ficar escondendo essa preferência - assumiu Ednaldo Rodrigues.

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Ancelotti chegou a assumir o contato da Seleção, mas optou por manter seu foco no futebol espanhol.

- A realidade é que me querem e me pediram para treinar. Isso me deixou feliz, me encanta, me entusiasma, como é natural. Mas eu amo o Real Madrid e quero ficar. A única coisa que penso é cumprir neste clube enquanto esteja aqui. De resto, sou bastante claro: seguirei até que o Real me permita. Estamos bem, sinto o amor do clube. Meu ambiente é calmo e eu sigo sendo o mesmo - disse Carlo.

FIM DO SEMESTRE
No dia 10 de junho, a situação seguiu sem definição. Não havia proposta concreta na mesa do comandante por parte da entidade, devido ao fim da temporada, e a corda foi esticada mais uma vez. 30 de junho, fim do semestre, seria o prazo ideal para já ter o anúncio preparado. Mais jogos sem treinador trouxeram desconfiança para a decisão de Ednaldo. Uma vitória por 4 a 1 sobre a seleção de Guiné, já esperada, parecia diminuir a poeira. Entretanto, no segundo jogo, uma atuação abaixo do esperado resultou em uma derrota árdua por 4 a 2 para Senegal, com um trabalho de oito anos e muita coerência dentro do encontro.

Brasil x Senegal
Rony tenta jogada em amistoso contra Senegal (Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP)

No dia 19 de junho, o LANCE! noticiou que Ancelotti aceitou a proposta da CBF para assumir a Seleção a partir de junho de 2024, justamente ao fim de seu contrato com o Real Madrid. Porém, ainda não há a possibilidade da assinatura de contrato, já que isso só poderia ocorrer com seis meses ou menos de vínculo, ou seja, a partir de janeiro do próximo ano.

A decisão dividiu torcedores brasileiros quanto a esperar cerca de um ano e meio para ter o técnico. Caso aconteça a chegada de Carletto no segundo semestre de 2024, o ciclo para o treinador seria de dois anos até a Copa do Mundo. É 30 de junho e não há um anúncio concreto quanto ao futuro do cargo de treinador da Seleção Brasileira. Também não há data oficial para um posicionamento.

PRÓXIMOS COMPROMISSOS
Cinco adiamentos, um alvo distante e zero definição. A CBF arrasta a situação de Carlo Ancelotti por meses e meses e não chega a uma decisão final pela escolha do novo comandante. Compromissos da Seleção Brasileira Feminina, como o amistoso contra o Chile e a chegada da Copa do Mundo, devem se tornar prioridade para a confederação nos próximos dias e as tratativas devem voltar a acontecer posteriormente com o italiano.

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A princípio, o Brasil terá seis jogos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo em 2023. As partidas serão: Bolívia (casa), Peru (fora), Venezuela (casa), Uruguai (fora), Colômbia (fora) e, por último, a Argentina, em casa, no dia 21 de novembro. A competição voltaria a acontecer em setembro de 2024, possivelmente já com Ancelotti no comando. Amistosos também devem acontecer no primeiro semestre do ano, além da Copa América nos Estados Unidos, prevista para ocorrer entre 14 de junho e 14 e julho.

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