Os “anjos da guarda” da carreira do líbero Maique, do Minas e da Seleção

Jogador esteve prestes a encerrar a carreira, mas acabou "salvo"

Minas x Vôlei Renata
Maique, de camisa branca, é um dos destaques do Minas (Foto: Divulgação/Minas)

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O líbero Maique foi a surpresa mais agradável do vôlei brasileiro em 2018. De segunda opção para a posição no Fiat/Minas, passo a ser um dos destaques do Brasil no Campeonato Mundial. Foi um turbilhão de novidades e emoções na vida do jovem de 21 anos. E olha que o sonho de infância de vencer na vida por intermédio do esporte esteve prestes a não se concretizar.

Três anos atrás, Maique enfrentava a difícil transição das categorias de base para o profissional. Era atleta do Três Corações, time mineiro com histórico de participação na elite nacional no passado. Com o desempenho aquém do esperado e com dificuldades financeiras, a equipe estava prestes a fechar as portas. Com poucas perspectivas, o líbero se deu um prazo limite para arrumar uma nova equipe. Já entrava no mês de setembro e aguardaria em janeiro uma resposta. Sem jogar, começou a estudar e pensar em prestar vestibular. Até que o telefone tocou, em novembro.

- Eu tinha mesmo a opção de parar. Estava em Três Corações, o time não tinha ido bem na Superliga B, iria parar o trabalho de base e não iria disputar nem Superliga B nem Campeonato Mineiro Adulto no ano seguinte. O projeto lá iria acabar. E eu já estava em negociação com o Minas. Mas iria esperar uma resposta deles só em janeiro. Em um golpe do destino, o Lucianinho (líbero do Minas), acabou se machucando e o Nery (Tambeiro) me ligou no dia 19 de novembro. Eu me lembro, não esqueço nunca do Nery falando que eles estavam sem o segundo líbero. Aí eu voltei ao vôlei. Estava parado por dois meses, estudando, queria fazer faculdade. Tinha realmente pensado: “Talvez não dê certo”. Aí apareceu o Nery, um anjo, e eu consegui dar sequência ao meu trabalho - relembrou Maique, em entrevista ao site Web Vôlei.

Até hoje no comando do Minas, Nery Tambeiro é conhecido no meio do vôlei por lapidar talentos. É também auxiliar das Seleções Brasileiras de base e tem olho clínico no trabalho de formação de atletas. Ele lembra da estreia de Maique com a camisa minastenista na temporada 2015/2016.

- Sempre tivemos uma parceria com o técnico principal da base do Minas. Na época em que o Maique veio para o clube era o Sérgio Veloso, que hoje está nos Estados Unidos. Ele falou de um jogador que estava se destacando no Campeonato Mineiro. Eu vi o Maique jogar e pensei que seria bom ter um atleta para substituir o Lucianinho no caso de uma eventual contusão. E ele correspondeu bem. Logo no primeiro jogo ganhou o troféu de melhor da partida. Mostrou ali que tinha muito potencial a ser desenvolvido. Vimos um menino carente de trabalho para explorar. Mas, a gente só desenvolve o que já pré-existe no organismo do atleta. Vimos no Maique uma capacidade incrível. Nós só o ajudamos a aflorar essa capacidade com a equipe multidisciplinar do Minas, que conta com uma estrutura maravilhosa de nutricionista, psicólogo etc - conta Nery, dividindo os louros.

Veloso, hoje treinador de vôlei de praia e quadra em Fort Collins, no Colorado, além da indicação ao Minas, foi um dos responsáveis por convencer Maique a trocar a posição de ponteiro pela de líbero.

- Em 2014 o Maique foi indicado pelo time de Três Corações como atacante para seleção mineira infanto-juvenil, sob meu comando, para a disputa do Brasileiro de Seleções em Jaraguá do Sul. Porém enxerguei nele potencial como líbero e o convenci de jogar o campeonato nesta posição. Com o treinamento e jogos neste período, pude perceber que ele poderia se transformar em um líbero capaz de jogar no alto rendimento, por já ter características emocionais necessárias para a posição, uma excelente percepção para tomada de decisões, e grande vontade de aprender e desenvolver técnica e taticamente, com a necessidade de melhorar no aspecto comportamental.  Entrei em contato com o seu técnico após o Brasileiro para informar do meu interesse em trazê-lo para o Minas. Combinamos que após o término da temporada poderia convidá-lo, mas quando ele ficou disponível não havia vaga para mais um líbero.
Em outubro de 2015, o Minas necessitou de um outro líbero. Conversei com o Nery sobre o Maique. Um mês depois ele se transferiu para o Minas - lembra Sérgio Veloso.

Maique relembra com carinho de um dos "salvadores" da carreira:

- Serginho Veloso foi uma peça fundamental na minha carreira. Foi ele quem me instruiu dentro do Minas, foi também o técnico da seleção mineira, dois anos de eu vir para cá, e sempre cogitava a possibilidade de eu ir para o clube. Serginho estava sempre falando de mim para os caras: "Olha, tem esse garoto, trabalhei com ele na seleção mineira, tem um grande futuro". E aí ele conseguiu me colocar dentro do Minas Tênis Clube e eu sou completamente grato, pois ele acreditou no meu potencial e no meu trabalho desde o início, o tempo todo, e hoje eu consegui chegar até aqui.

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