Hudson recebe Troféu Osmar Santos do L! e confia: ‘O melhor está por vir’

Capitão do São Paulo recebeu a honraria entregue pelo LANCE! ao campeão simbólico do primeiro turno, repetindo Muricy Ramalho e Rogério Ceni: 'Orgulho'

Hudson recebe o Troféu Osmar Santos de 2018
Fellipe Lucena

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Hudson ainda não conquistou títulos pelo São Paulo, mas já sentiu o gostinho de receber um prêmio como capitão do time: nesta quarta-feira, o LANCE! entregou ao volante o Troféu Osmar Santos, honraria que homenageia um dos maiores narradores da história do futebol brasileiro e é concedida desde 2004 ao campeão simbólico do primeiro turno do Brasileirão.

O Tricolor conquistou o turno inicial outras duas vezes: em 2006, quando Muricy Ramalho recebeu o Osmarzão, e em 2007, ano em que o prêmio foi entregue a Rogério Ceni. Nas duas ocasiões, o time terminou o ano como campeão brasileiro.

- Com certeza é uma estatística boa, faz parte da história do São Paulo. Claro que agora é outro ano, outro campeonato, e a gente tem que fazer a nossa história em 2018. mas é um número que nos traz ainda mais motivação para buscar esse título - disse Hudson, orgulhoso por repetir o gesto de duas lendas da história são-paulina.

- São dois caras que têm uma história tremenda dentro do São Paulo. Me sinto orgulhoso e feliz pelo primeiro turno que a equipe do São Paulo fez, mas acredito muito que o melhor ainda está por vir.

O São Paulo fez 41 pontos no primeiro turno do Brasileirão 2018, mais do que em 2006 (38 pontos) e 2007 (39 pontos). Agora, passada a 26ª rodada da competição, a equipe de Diego Aguirre lidera com 51 pontos. Ainda é mais do que em 2006, quando o Tricolor liderava com 50 pontos, mas bem menos do que em 2007, quando já estava com 57. Só que o time atual tem só um ponto de vantagem para o vice-líder, margem que era de cinco pontos em 2006 e confortabilíssimos nove pontos em 2007 nesta mesma etapa do torneio.

Em 2008, outro ano em que foi campeão, o clube chegou a esta mesma rodada em quinto lugar, com 49 pontos (o líder era o Palmeiras, com 53). Naquele ano, o time de Muricy fez a melhor campanha do returno e faturou o Troféu João Saldanha, oferecido pelo L! ao melhor time da segunda metade do Brasileiro. O São Paulo também faturou este prêmio em 2006, 2007 e 2012.

Na entrevista abaixo, Hudson fala sobre a campanha do Tricolor no primeiro turno, a oscilação das últimas rodadas e o que espera para a reta final:

LANCE!: Quais são as lições deixadas pela boa campanha do São Paulo no primeiro turno?

Hudson: Até o jogo com o Flamengo, que foi um confronto direto, a gente estava quatro pontos atrás. Foi um jogo-chave. Nos jogos-chave do primeiro turno a gente foi muito bem. Se a gente conseguir repetir isso no segundo turno a chance de título vai ser grande. Claro que esse começo de segundo turno está sendo abaixo do esperado, perdemos quatro pontos em casa, coisa que não vinha acontecendo. Vamos ter que mais uma vez buscar pontos fora de casa, algo que conseguimos no primeiro turno. O Campeonato Brasileiro premia o time que é mais regular. Não adianta fazer só o primeiro turno bom, tem que fazer dois turnos bons. Acredito que esses confrontos diretos que estão por vir vão ser muito importantes.

A oscilação das últimas rodadas é fruto de uma queda de rendimento do time ou o campeonato está mais equilibrado?

Acredito que as equipes respeitam muito mais o São Paulo agora. Você joga contra o líder, então entra muito mais motivado. No Morumbi, eles têm de uma forma muito mais defensiva, o que nos cria muita dificuldade para fazer o gol. E às vezes a bola que entrava no primeiro turno não entra. Temos que trabalhar forte durante a semana para corrigir esses pequenos detalhes que estão faltando.

Você acha que, jogando em casa, as equipes que brigam lá embaixo também vão se fechar contra o São Paulo?
Eu acho que no segundo turno, não. As equipes que estão mais embaixo na tabela, jogando dentro de casa, vão ter que buscar o resultado, seja para sair da zona de rebaixamento, se afastar de lá. Acho que não tem como essas equipes não saírem para o jogo. Fora de casa, se a gente conseguir encontrar um equilíbrio bom, pode fazer jogos melhores do que os últimos.

Como capitão, você muda um pouco a postura em um momento como esse, de menos euforia e mais preocupação?
Eu sou um cara bem tranquilo e confiante. A gente sabe da responsabilidade de recolocar o São Paulo no topo do futebol brasileiro. Eu sou um líder, mas nosso grupo tem dois, três, quatro líderes. É um grupo que conversa muito, que fala muito sobre a tabela, sobre os jogos que vão vir. É um grupo que está sempre discutindo isso. E eu procuro passar confiança. Acho que no futebol os jogadores são regidos pela confiança. Quando a gente está confiante, consegue fazer coisas que normalmente nem faria. Um tropeço ou outro faz parte em um campeonato de 38 jogos, mas não pode nos abalar. O São Paulo não é líder à toa. A gente fez muita coisa boa. Temos que mirar nessas coisas boas, corrigir o que não vem dando certo e continuar lá em cima.

Quem são esses outros líderes? Nenê e Diego Souza?

Nenê, Diego Souza, Sidão, Jucilei, Reinaldo... Nosso time é bem experiente. Tem o Anderson Martins... Temos vários jogadores, em diversas posições, para dividir essa liderança, com poder de palavra, respeito, tudo o que os líderes precisam.

Você conviveu com grandes líderes no São Paulo, como Rogério Ceni e Kaká. O seu perfil de líder foi moldado pela convivência com eles ou é mais da sua personalidade?

É mais a minha personalidade, mas aprendi muito com o Rogério. Cheguei aqui vindo de um clube do interior, buscando meu espaço, e na minha vida sempre tive a característica de observar muito bem as pessoas vencedoras, aqueles que são os tops da profissão. O Rogério era uma delas, sempre observei muito, um líder nato, um cara com uma história tremenda dentro do São Paulo. Com certeza a gente pega algumas referências dele.

Qual foi o principal jogo da campanha do primeiro turno?

Acredito que foi contra o Flamengo, porque eles tinham quatro pontos de vantagem, estavam jogando em casa, em uma fase muito boa. Se eles ganham da gente, abrem sete, o que é muito difícil de tirar. Sem falar da confiança, que mexe muito com o time. A gente mostrou ali que tinha time para brigar pelo campeonato, não é à toa que a gente está brigando até agora. Acho que foi o jogo-chave. E teve outros também. Contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte, a gente foi muito bem. O jogo contra o Corinthians, no Morumbi, também... Contra o Atlético-PR, que a gente nunca tinha vencido na Arena da Baixada. Tivemos jogos que foram aumentando a confiança da equipe. A gente não é líder à toa.

Além de ser capitão, você marcou o gol desse título simbólico do primeiro turno, contra a Chapecoense, na 19ª rodada. Dá vontade de fazer mais?

Cara, eu anseio por gols, apesar de não ser minha função (risos). Fico sonhando todo jogo, todo dia, é o momento máximo do futebol. Espero fazer mais, sim. Mas temos jogadores muito decisivos, o Diego, o Nenê, que têm essa função e fazem muito melhor, né?

Embora o São Paulo seja o líder, alguns comentários depois da última rodada deixam a impressão de que o time já foi ultrapassado. Como vocês recebem isso?

Cara, a gente tem que filtrar muito o que lê e ouve. Jogador de futebol já vive na pressão, da torcida, uma pressão interna de alto rendimento, da própria mídia. Temos que saber filtrar, saber o que podemos trazer para dentro. Sabemos que podemos melhorar, sim, mas fizemos muita coisa boa. Hoje a gente é líder. Se a gente é líder, é porque alguma coisa boa a gente fez. Querendo ou não, o São Paulo é o melhor do campeonato hoje. Mas praticamente todas as equipes vivem uma oscilação nos pontos corridos. A gente espera que a nossa tenha acabado para que a gente retome aquela subida.

Com a braçadeira de capitão, você já se pegou se imaginando com a taça na mão?

Cara, eu sonho, eu penso, mas isso está no futuro ainda. Tem muita coisa para acontecer até lá, então procuro me focar sempre no próximo jogo, no próximo, no próximo... Quando chegar a rodada em que isso puder acontecer, acho que vai ficar mais claro. Mas ainda faltam 12 rodadas, então temos que ter o pezinho no chão, temos que ter calma. As coisas acontecem na hora certa.

Você vive melhor momento hoje ou em 2017, no Cruzeiro?

Acredito que se eu for campeão brasileiro pelo São Paulo vai ser uma continuação do que eu conquistei no Cruzeiro, e vai ser muito importante para mim pela minha história aqui dentro do São Paulo. Pelo tempo que eu estou aqui, pelo tempo de trabalho, acho que vai ter um significado muito grande na minha carreira.

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