Invicto, brasileiro relembra infância difícil antes de estreia no LFA

Carlos Tizil encara George Martinez no dia 22 de novembro em Broomfield, no Colorado, e em entrevista relembrou começo difícil com perda da mãe, desnutrição e outros desafios<br>

Tizil é uma das promessas do MMA brasileiro (Foto TW5 produções)
Carlos Tizil é uma das grandes promessas do MMA brasileiro e fará sua estreia no LFA (Foto: TW5 produções)

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Uma das grandes revelações do MMA brasileiro, o peso-mosca Carlos “Tizil” Motta assinou um contrato de cinco lutas com o Legacy Fighting Alliance (LFA), evento americano que tem servido de vitrine para atletas que sonham em chegar ao UFC. Depois de ter o seu visto negado duas vezes, o paraense radicado no Rio de Janeiro finalmente fará a sua estreia pela organização.

No próximo dia 22 de novembro, Tizil defenderá a sua invencibilidade no MMA contra o americano George Martinez no LFA 79, que acontece em Broomfield, no Colorado (EUA). Apesar dos contratempos e dos dois anos de inatividade, Carlos Tizil garante que está preparado para o seu debute na terra do Tio Sam.

- Tentei tirar o visto duas vezes e foi negado. Fiquei um pouco frustrado, porque estava há algum tempo aguardando por essa oportunidade, mas não deixei de fazer o meu trabalho. Eu sabia que uma hora ia conseguir o visto. Me mantive treinando para ficar pronto quando as coisas dessem certo. E as coisas finalmente deram certo. Espero ter um bom desempenho no LFA. Já venho trabalhando há um bom tempo para essa luta com o meu professor Chicão Bueno. O trabalho foi bem feito, tanto no lado emocional quanto no lado físico, e eu me sinto muito bem preparado para essa estreia no evento - contou.

Tizil fez quatro lutas no MMA profissional até agora, e venceu todas. Três delas foram no Shooto Brasil e uma na Inglaterra, no evento Shock n’ Ave. Suas atuações chamaram a atenção e ele rapidamente despontou no cenário nacional. Treinado pelo faixa-preta Francisco “Chicão” Bueno, ex-lutador com passagens por PRIDE, IVC e Meca, Tizil conta que Chicão foi o divisor de águas na sua vida e carreira.

- O Chicão é um pai que eu não tive. Ele me abraçou de uma forma que não tem explicação. A nossa sintonia ficou clara logo de cara. Como treinador, ele me mudou totalmente. Cheguei cheio de defeitos, ainda tenho, mas ele foi um cara que me lapidou. Sou muito grato a ele, pois ele vem correndo atrás das coisas, acreditando, me motivando, me educando e me ensinando a ser uma pessoa boa. Eu tenho uma gratidão enorme por ele, e juntos sei que vamos chegar muito longe nesse esporte - disse Tizil.

Chicão treina Tizil desde que ele tinha 18 anos – atualmente, o paraense tem 24. O ex-lutador de MMA não poupou elogios ao seu pupilo e acredita que ele possui todas as ferramentas necessárias para ser campeão.

- O Carlos possui todas as armas que um lutador de MMA precisa. Desde as técnicas de luta passando pela questão da respiração, ele é muito dedicado e se supera a cada treino. Eu o considero o atleta mais completo do mundo. Ele é diferenciado e vem evoluindo. Mesmo tendo várias lutas desmarcadas, ele não deixa de treinar e evoluir. Por isso aposto que ele será um dos melhores do mundo em pouco tempo - garante o treinador.

Da infância sofrida à promessa do MMA

Tizil é natural de Medicilândia, no interior do Pará. Ele se mudou com a sua mãe para o Rio de Janeiro quando tinha apenas 2 anos em busca de uma vida melhor. Aos 6, quando morava na Cidade de Deus, perdeu a sua mãe, que lutava contra um câncer. Um ano antes ele já havia perdido a sua avó. Enquanto passava pela casa de diversos parentes, sofreu ainda com a desnutrição e diversos outros problemas.

- Eu tive uma infância muito sofrida, mas nunca me fiz de vítima. Eu sempre procurei o melhor pra mim. E sempre acreditei em mim. Morei com a minha tia, passei muitas dificuldades, mas isso só foi me fortalecendo. Aprendi a dar valor as coisas e as pessoas boas que temos ao nosso redor - relembra.

Apesar das pedras no caminho, ele nunca desistiu. Foi morar com uma tia, que o criou até os 17 anos. Quando sua tia voltou para o Pará, ele ficou com uma prima. Enquanto isso, cresceu e encarou diversos tipos de trabalho para se sustentar. Foi segurança e ajudante de pedreiro até viver só do MMA.

- Foi uma trajetória difícil, porque para se tornar um lutador de MMA profissional você precisa se dedicar 100% no que você faz. Eu precisava trabalhar, mas eu sempre acreditei que uma hora as coisas dariam certo. E teve uma hora que eu consegui largar o meu emprego e focar 100% nos meus treinos. Claro que ainda passo por algumas dificuldades. Ainda falta patrocínio e o MMA não atingiu o seu ápice de aceitação. Mas eu acredito que o esporte ainda vai evoluir muito no Brasil, assim como eu acreditei que um dia conseguiria viver 100% do MMA - apostou o lutador de 24 anos, dono de quatro triunfos e nenhum revés.

Depois de tudo o que passou na vida, Tizil faz diversos planos para o seu futuro. Ele sonha em lutar no UFC e acredita que um dia conquistará o cinturão do evento. Mas ele quer subir degrau por degrau no MMA e a luta no LFA é o primeiro passo. - Tenho alguns objetivos na minha carreira. Assim como acreditei que viveria do MMA, eu acredito que mais a frente eu estarei no UFC e um dia serei o campeão dos 57kg ou dos 61kg. Eu não tenho dúvidas disso. Acredito que é questão de tempo e amadurecimento. O MMA mudou completamente a minha vida. Hoje eu tenho uma profissão, vivo disso. Sem o MMA nem sei o que seria. Eu nasci para ser lutador, para viver da luta e eu me encontrei no MMA. Fiz Jiu-Jitsu, Muay Thai, Taekwondo, Capoeira, mas o único esporte que eu me adaptei muito bem foi o MM - concluiu o paraense.

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