Arnaldo Cézar Coelho revela segredo que usava para motivar Galvão Bueno nas transmissões

Ex-árbitro também falou sobre o início da amizade com o narrador da Globo

Galvão Bueno e Arnaldo Cezar Coelho
Galvão Bueno e Arnaldo Cézar Coelho são amigos de longa data (Divulgação)

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Galvão Bueno se despede das transmissões de futebol neste domingo, após a final da Copa do Mundo entre França e Argentina. Companheiro de transmissão do narrador por mais de 20 anos, o comentarista de arbitragem revelou a estratégia que usava para melhorar o desempenho do amigo durante os jogos.

- Muitas vezes eu provocava e estressava o Galvão. Quanto mais estressado, melhor ele narrava. O Ronaldinho driblava um, driblava outro, aí caía, o Galvão gritava: 'Falta!'. Aí eu respondia: 'Galvão, não foi falta, ele pisou em um buraco no campo'. Eu falava para provocar ele. Um lance a 200 metros da gente, não tinha replay, não tinha nada, a gente ia dizer que era falta. Ele estressado, entrava sob pressão no jogo e transmitia bem - relembrou Arnaldo.

Assim como Galvão, Arnaldo Cézar Coelho se aposentou após participar da cobertura de uma Copa do Mundo. Depois do Mundial da Rússia, o ex-árbitro decidiu deixar a emissora para curtir a família. O ex-comentarista da Globo ainda revelou que o narrador tentou fazer com que o amigo permanecesse na empresa.

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- Ele tentou impedir minha saída. Falou para eu participar do 'Bem, Amigos', mas se eu ficasse, ia ter que assistir aos jogos, estudar todas as alterações de regra. Eu parei de comentar exatamente para não ter mais esse tipo de trabalho - disse Arnaldo, que relembrou a época que morou no mesmo prédio que o narrador.

- Galvão era meu vizinho de prédio, era um terror. A gente ia junto para os jogos, tínhamos que viajar às 10h e ele descia quinze para às 9h para pegar o carro e ir correndo para o aeroporto - completou o ex-árbitro, que morava no 9° andar, enquanto o narrador vivia em uma cobertura do mesmo edifício no Rio.

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O narrador da Globo vai se despedir das narrações dos jogos, mas seguirá na emissora carioca. Recentemente, Galvão renovou contrato com a Globo por dois anos e fará participações pontuais na programação da empresa. Ao todo, o locutor participou da cobertura de 13 Copas do Mundo e narrou os títulos da Seleção em 1994 e 2002.

Galvão Bueno
Galvão Bueno durante transmissão da Copa do Qatar (Foto: Reprodução/TV Globo)

Confira outros trechos da entrevista com Arnaldo Cezar Coelho:

Início da amizade com Galvão

- Eu conheço o Galvão muito antes dele trabalhar na Globo. Ele estava na Band e eu já apitava. Desde aquela época, ele dava pitaco na minha carreira. Quando chegou a Copa de 82, ele já estava na Globo. Aí nós saíamos depois dos jogos. Quando eu soube que ia apitar a final, liguei para o quarto dele no hotel, e até hoje ele fala sobre isso. Galvão é meu amigo desde a década de 1970. A maior virtude dele é sempre ajudar os amigos. Ele é muito generoso nesse aspecto

Maior cobertura esportiva juntos

- A maior cobertura juntos foi a Copa do Mundo de 1994. Foi muito mais dramática que a Copa de 2002. Até ali eu nunca tinha visto o Galvão narrar. Ali eu vi que o cara era muito bom, diferenciado. Ele sabe utilizar a televisão, sabe vender emoção, sabe prender o telespectador. E faz isso há 40 anos

Brincadeiras ao vivo

- Agora há um exagero de brincadeiras nas transmissões. Antes era só um bom-humor que a gente levava para os jogos e os programas. Eu usava o Galvão como escada para mim, e ele me usava como escada para ele. Muitas vezes tinha uma confusão em campo, aí ele lançava o 'pode isso, Arnaldo?'. E eu respondia com o 'a regra é clara'.

Existe substituto para Galvão?

- Nada se compara a Galvão Bueno, mas ninguém é insubstituível. São outros estilos, formas, o futebol mudou, a maneira de transmitir também. Vai acontecer com ele o que aconteceu comigo nessa Copa. Eu saio na rua, as pessoas falam que sentiram falta de mim na transmissão. Estou sendo mais lembrado andando na praia em dia de jogo, do que na transmissão. Na próxima Copa as pessoas vão perguntar pelo Galvão. Faz parte.

Legado de Galvão para o jornalismo

- O legado que ele deixa é que a pessoa tem que ser profissional, tem que ter disciplina, tem que estudar. Falar de tantos esportes ao mesmo tempo não é para qualquer um. Galvão falava de Fórmula 1, futebol, natação, boxe... Não pode ser um amador. Você conta uma história de cinco minutos para o Galvão, ele vai para a televisão e fala 10 minutos sobre aquele assunto. O diferencial dele é esse, e quem quiser substituí-lo, tem que se preparar também.

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