Do fim do jejum à panela de pressão: entenda o passo a passo de como Vasco foi ladeira abaixo

Atuação e resultado expressivos contra o Flamengo não tiveram sequência. Pelo contrário, o time de Marcelo Cabo não soube viver sem Marquinhos Gabriel e time degringolou

Vasco - Treino no Sul
Time vascaíno vem tentando se reencontrar, mas parece fora do trilho (Rafael Ribeiro/Vasco)

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Contratações, Estadual como pré-temporada, classificações na Copa do Brasil e o fim de um jejum para lá de incômodo: eram 17 jogos sem ganhar do maior rival. Mas com uma atuação digna de aplausos, o Vasco vencia o Flamengo no dia 15 de abril e parecia ter o time arrumado para voltar à elite nacional. Desde então, tudo ruiu.

A impressão de muitos, mesmo que precoce, era justa. Fazia 29 jogos que um time não fazia o atual bicampeão brasileiro correr atrás de dois gols no placar. O Cruz-Maltino chegou a fazer 3 a 0 no Rubro-Negro. O que aconteceu com o time desde então? Confira a linha do tempo.

Espinha dorsal
O time entrou em campo naquela vitória com exatamente a mesma escalação que havia vencido o Tombense uma semana antes. Na ocasião, fez o técnico Marcelo Cabo satisfeito ao ponto de ele dizer ter encontrado "a espinha dorsal da equipe". Eram Lucão, Léo Matos, Ernando, Leandro Castan e Zeca; Andrey e Galarza; Morato, Marquinhos Gabriel e Gabriel Pec; Cano.

Atenção à defesa
Naquele momento, a observação mais forte que se fazia em relação ao time vascaíno era a fragilidade defensiva, especialmente no jogo aéreo. Mas havia a compreensão interna e externa de que, sendo uma linha defensiva praticamente toda nova, seria normal o entrosamento demorar.

Três dias após derrotar o maior rival, o time precisou buscar um 2 a 0 contra para empatar com o Boavista. No enredo daquela partida, Vanderlei estreou, Marquinhos Gabriel sentiu a primeira lesão na coxa esquerda e novas falhas defensivas. Apesar da pressão e do empate, o time estava, ali, eliminado da semifinal do Campeonato Carioca.

-> Confira a tabela da Série B do Campeonato Brasileiro

Como consequência, a partida contra o Resende, seis dias depois, foi disputada com quase nenhuma relevância esportiva. O Cruz-Maltino preservou parte do elenco naquela partida, vencida por 3 a 1, e mais jogadores ainda no jogo contra o Madureira. Os reservas mais Vanderlei e o estreante Romulo perderam por 1 a 0 no primeiro duelo da semifinal da Taça Rio.

O time titular voltou no segundo jogo - sem Ernando, em recuperação física - e, com o 2 a 1, avançou à final. Seguia a preocupação com a defesa que não conseguia deixar o campo ilesa. Em seguida, vitória sobre o Botafogo, fora de casa, por 1 a 0. Se conseguiu, finalmente, não levar gol, surgia ainda discreta uma preocupação com a produção ofensiva.

Início do declínio ofensivo
Naquele dia, a ponderação principal foi o gramado ruim do Estádio Nilton Santos. Mas Morato também não funcionou emulando o lesionado Marquinhos Gabriel como meia central. Outro Gabriel, o Pec, seria escalado na função no compromisso seguinte, abrindo espaço para Léo Jabá na ponta.

O segundo jogo da final da Taça Rio foi o quinto seguido com pelo menos seis dias de intervalo. Então ficou evidente que o declínio da equipe era técnico. Pois mesmo em São Januário a equipe foi dominada pelo adversário. Leandro Castan, lesionado, estava ausente. De positivo, a consagração da confiança em Vanderlei: três pênaltis defendidos para o título do torneio de consolação do Estadual.

O desastre
Então teve início a Série B, e a impressão foi de que o freio de mão do carro fora esquecido na ladeira: atuação assustadora num 2 a 0 contra que poderiam ter sido 4 a 0 para o Operário. Na mesma Colina Histórica. Só que, ofensivamente, o time não fez praticamente nada. Figueiredo havia sido a escolha de Marcelo Cabo para o lugar de Marquinhos Gabriel, que seguia ausente.

Três dias depois, a impressão foi aparentemente menos preocupante na vitória sobre o Boavista por 1 a 0, na Copa do Brasil. Defesa incólume, gol de um Sarrafiore que estreava como titular... mas este mesmo LANCE! lembrou, no dia seguinte, que o nível técnico do Boavista não poderia ser esquecido: houve alguma dificuldade contra uma equipe da Série D nacional.

Cinco dias adiante o time teve pela frente a Ponte Preta, no Moisés Lucarelli. O Vasco, com o meio-campo formado por Romulo, Andrey e Sarrafiore, foi repetido. E se o resultado não foi dos piores - empate fora de casa com uma equipe tradicional -, a atuação passou longe de empolgar.

Novas alterações, novo erro defensivo e pouca solução no ataque
Mais três dias e, em casa, a missão de avançar no mata-mata nacional depois de conseguir três pontos fora. Insatisfeito com o rendimento ofensivo do time, Marcelo Cabo voltou a fazer alterações nos 11 iniciais. O setor central teve Galarza de volta e Michel com ele, mais recuado. Mas o jogador emprestado pelo Grêmio titubeou na marcação e o time de Saquarema abriu o placar.

O empate e a consequente classificação foram obtidos, mas o drama para tal resume que a equipe seguia em dificuldade. Morato também havia começado aquela partida no banco.

Marquinhos Gabriel de volta
Então o treinador voltou a fazer alterações. Michel passou à lateral esquerda para substituir o lesionado Zeca; Romulo entrou no meio-campo e, no mesmo setor, Marquinhos Gabriel voltou a iniciar um confronto. Sarrafiore retornou à reserva. Só que aí foi o escorregão de Galarza que gerou o gol do Brasil de Pelotas. A virada para o primeiro triunfo na Série B só aconteceu na reta final.

Novo desastre
Chegamos, finalmente, à última quarta-feira. Com Miranda na vaga de Ernando, com Juninho na de Galarza e com Zeca de volta... o Vasco inexistiu. Mais uma derrota em São Januário.

Vasco x Boavista - Cabo
Marcelo Cabo está pressionado no cargo (Foto: Rafael Ribeiro / Vasco)

Saldo total
O passo a passo acima aponta, então, que a queda de rendimento do Vasco teve início quando o time teve - incrivelmente - mais tempo entre os jogos. Na mesma reta final do Campeonato Carioca, em que os jogadores puderam descansar e treinar mais, Marquinhos Gabriel foi desfalque. Quase um mês fora. Mais de um mês sem ser titular. O meio-campo degringolou no período. Diferentes soluções não vingaram.

Defensivamente, o time de treinador e jogadores novos para todas as posições nasceu problemático e jamais se encontrou. A dupla de zaga inicialmente preferida, Ernando e Leandro Castan, quase não jogou junta por conta das lesões. Mas as falhas recentes foram causadas pelo quase imponderável (recuo de Léo Matos e escorregão de Galarza) e por desencaixe coletivo.

Haverá tempo?
A origem está dada. Poucas soluções não foram tentadas. Talvez falte variação tática inicial - o time inicial teve o 4-2-3-1 como sistema nos 23 jogos da temporada aqui. O que talvez falte seja tempo para o pressionado Marcelo Cabo.

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