Tenista francês Tsonga lembra casos de racismo: ‘Foi dolorido para mim’

Em meio aos protestos antirracistas nos EUA e em várias partes do mundo, o tenista francês ex-top 5 do mundo revela, em entrevista, situações ocorridas com ele 

Jo-Wilfried Tsonga no ATP 500 de Roterdã em 2019
Divulgação

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Tenista francês ex-top 5 do mundo e vice-campeão do Australian Open de 2008, Jo-Wilfried Tsonga deu declarações ao veículo France Info, contando os episódios de racismo que sofreu no tênis quando era pequeno.

- Tenho sido regularmente confrontado com o racismo, muito regularmente e desde a minha infância. E, no entanto, eu tenho um pai negro, uma mãe branca. Eu me considero negro e branco. Eu era um dos únicos filhos de um pai imigrante na minha escola primária. Então imagine o resto. Fui ensinado a nunca apresentar uma reivindicação, a não dar desprezo aos ignorantes. É verdade que nunca falo sobre isso, mas não sou ingênuo. Essa tragédia (morte de George Floyd por policiais brancos em Minneapolis, nos EUA) é apenas uma a mais. Inevitavelmente, faz você querer gritar mais alto, gritar minha dor.

- Começa com os apelidos pequenos, depois vêm os insultos, e depois, podemos dizer, eu era vítima de abusivas checagens, especialmente checagens de identidades nas ruas com meus amigos que não eram verificados. Fui recusado em alguns estabelecimentos, e meus amigos não eram barrados. Eles diziam para mim 'ele pode, ele pode, você não'. Era difícil ver meu pai às vezes nos olhos dos outros. Foi dolorido para mim - disse Tsonga.

- No começo de minha carreira alguns veículos de mídia me chamavam de 'Jo-Wilfried Tsonga, filho de pai congolês'. Não entendia a importância disso porque eu era francês . Já tínhamos o Yannick Noah, 'o franco-camaronês', mas estranhamente não tínhamos o Pioline 'franco-romeno' . Não precisa ser um gênio para saber onde o erro está. Há coisas que deixam marcas e vão durar por toda a vida. Encontro pessoas na rua que escondem as bolsas e isso me machuca bastante.

Os Estados Unidos têm tido protestos há quase uma semana por conta da morte do negro George Floyd por um policial branco  Vários atletas mundo afora vêm entrando nos protestos nas redes sociais e alguns tenistas, como a japonesa Naomi Osaka, até foram às ruas.

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