Volante Petros se despede do São Paulo: ‘É um até logo, sem dúvidas’

Jogador foi vendido ao Al-Nassr, da Arábia Saudita, por R$ 22 milhões; meio-campista diz que vai sentir falta dos funcionários e aponta novas lideranças no elenco tricolor 

Petros cumpriu suspensão em Alagoas, mas volta a ficar à disposição
Petros fez 52 jogos pelo São Paulo, com 20 vitórias, 16 empates e 16 derrotas (Érico Leonan/saopaulofc.net)

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Vendido ao Al-Nassr, da Arábia Saudita, por R$ 22 milhões, o volante Petros fez seu último treino com a camisa do São Paulo no CT da Barra Funda e se despediu do clube do Morumbi nesta quarta. O meio-campista tinha contrato com o Tricolor até junho de 2021, mas a alta investida dos sauditas pesou em sua decisão de se transferir para a Ásia. A tendência é de que o atleta deixe o Brasil na próxima semana. 

- Saio feliz pela situação. Falei com os jogadores. Acredito que o São Paulo está no caminho certo. Coisas grandes vão acontecer e acredito de verdade nisso. Espero que já este ano o São Paulo possa ser campeão. O São Paulo ganha mais um torcedor, mais uma família de torcedores tricolores. Uma surpresa, sim. A gente não imaginava que os árabes iriam vir tão forte assim e uma das minhas exigências era que pelo menos o São Paulo recuperasse o que foi investido em mim. É assim que acho correto. E foi o que eu busquei. Acho que cumpri o que prometi ao presidente, ao torcedor. O São Paulo está em boas mãos. Hoje temos um grupo de jogadores totalmente voltados para o bem do clube. E é isso. O São Paulo tem tudo para voltar a ser grande - declarou o camisa 6 em sua despedida. 

O jogador foi contratado pelo Tricolor em junho do ano passado e foi peça-chave na campanha que evitou um rebaixamento inédito do clube para a Série B do Brasileirão. Nesta temporada, no entanto, perdeu um pouco de espaço e não raro passou a ser reserva da equipe. Apesar disto, era uma das principais lideranças do elenco e um dos jogadores mais identificados com a torcida.

Ao todo, Petros entrou em campo em 52 oportunidades, com 20 vitórias, 16 empates e 16 derrotas. Ainda marcou um gol, justamente no clássico contra o Corinthians, no segundo semestre da última temporada. 

Confira outros trechos da última entrevista de Petros no São Paulo:

Você foi um jogador que deu lucro dentro e fora de campo para o São Paulo?
É injusto falar isso, porque tem muita gente importante nesse processo. Muito do que acontece as pessoas não sabem. E para ter um clube dessa grandeza e vencedor por tanto tempo como foi, não é só jogar futebol. Não é só o simples ato de entrar em campo de quarta e domingo. Sinceramente, é dever cumprido. Cheguei numa situação muito complicada, talvez na pior da história e saio muito honrado, muito feliz. Seguramente não fui o melhor jogador que passou por aqui. Nem um dos melhores. Mas eu resgatei ou pude ajudar a resgatar o brio, a coragem e a fé desse grupo. Isso me orgulha muito

É um adeus ou um até logo?
É um até logo, sem dúvidas, pelo amor e carinho recebidos. É claro que a gente não consegue agradar a todos. Isso acontece com os melhores e eu estou longe de ser um dos melhores. Mas na minha vida, e falando agora como homem, como pai de família, sempre fui um cara muito agregador. E você pode perguntar a qualquer funcionário aqui. A minha postura do primeiro ao último dia. Hoje eu lembrei um fato que, quando a gente cita que muita gente não sabe o que acontece, no meu primeiro dia aqui cheguei e os jogadores nem se cumprimentavam, não existia bom dia no vestiário. E hoje a gente tem, se deixar, não querem nem treinar, fica todo mundo junto. É assim que se constrói uma equipe vencedora. Esse é um dos legados. Uma das coisas que fiz questão de ajudar. Obrigado, de verdade, ao torcedor tricolor, por tudo, pelas cobranças, pelo apoio. O torcedor foi fundamental e tem sido fundamental nessa recuperação. Que eles tenham um pouco de paciência porque é um momento de recuperação. Temos jogadores importantes. Quando o torcedor compra a briga, o São Paulo é muito forte.

O que espera encontrar na Arábia Saudita?
É um mundo novo. Conheço muita gente que já esteve por lá. Cultura nova, maneira de viver nova, outra língua, mas sou movido a desafios e, se vocês lembrarem, em todas as minhas entrevistas eu disse isso. Sou uma pessoa muito otimista e que a minha vida é feita de desafios. Não posso fazer planos porque todas as vezes que faço planos acontece o que aconteceu agora. Foi bom para o São Paulo e foi bom para mim. Conversa de homem, com ombridade, de lealdade. Ninguém fez sacanagem com ninguém. Espero que saia todo mundo, assim como tem que ser.

Do que você vai sentir mais falta?
Dos funcionários. Os jogadores são meus irmãos e vou levar para a vida inteira. A molecada que eu cuidei com muito carinho e que estão comigo desde ontem. Falaram que vão sentir muita falta, mas tenho muito carinho pelos funcionários, pelos porteiros, pelas tias da cozinha. Isso pra mim é algo que vai ficar marcado porque eu chego e vou dar bom dia a todos eles. Me emociono porque acho que a humildade é a base de tudo. Quem não é humilde, não merece ter nada. Os valores não estão no dinheiro, estão na essência, nos princípios. É isso que eu levo para a minha vida. Foi o ano mais difícil e intenso em termos de trabalho, dedicação e entrega. Sem dúvidas, foi um ano que valeu por uns quatro (risos).

Você enxerga outras lideranças?
O São Paulo está muito bem servido. No momento difícil, no momento ruim, pouca coisa acontece. No momento bom, talvez muita coisa do que era importante talvez fique para trás. A mensagem sobre liderança é que o São Paulo está bem servido. O clube viveu uma década complicadíssima, todos sabemos, e hoje, as pessoas que ficam são as responsáveis para mudar isso. Uma coisa que a gente sempre conversava era que na vida você não pode apenas viver. Você precisa fazer a diferença, é assim que funciona. O São Paulo está muito bem servido. Acho que temos jogadores como o Nenê, Diego Souza, Sidão, Rodrigo Caio e tínhamos o Marcos Guilherme, que não era um jogador de falar muito, mas tinha opiniões pessoais e importantíssimas, que deixam o São Paulo bem servido. O ano passado era um inferno, você não podia colocar um jogador da base para não acabar com a carreira dele. Esse ano, as coisas estão acontecendo. O Aguirre faz um rodízio bacana e dá oportunidade para todos. O São Paulo está de parabéns pelo trabalho feito em Cotia, talvez seja a válvula de escape que o clube tanto precisa.

Você tem alguma certeza sobre o futuro do São Paulo nas competições que disputa?
Acho que está muito bem preparado. É um esporte competitivo, no Brasil talvez seja um dos principais campeonatos em termos de dificuldades. Se você perde um jogo, cai para o meio da tabela, se você ganha vira líder. É muito igual. O que eu sempre cobrei, trabalhei e busquei foi competitividade e representação do torcedor. Isso é o mais importante. O resultado ele vem com uma sequência de fatores. É um dos maiores clubes do Brasil e do mundo por ser tricampeão mundial.

Você sai diferente?
Com certeza. Cada dia é um aprendizado. Sou um ser-humano melhor porque superei as minhas dificuldades. Acho que nada mais bonito na vida do que você ter dificuldades e vencê-las. Isso é mais bonito, o mais bacana.

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