OPINIÃO: Falta de criatividade e articulação na armação vão destruindo sonhos do São Paulo versão 2023

O que falta ao Tricolor? Pensar na resposta exige pensar tanto quanto um meia faria no time

Calleri e Erison - São Paulo x Ituano
Calleri, Erison e a bola aérea: jogo manjado do Tricolor no Morumbi (Foto: Miguel Schincariol/Ituano)

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Há uma semana abri esse espaço cravando que o São Paulo despontava naquele período do espaço-tempo como a equipe do 'bonde dos eliminados precoces' do Campeonato Paulista, como o time que melhor aproveitou o período forçado de treinos pela ausência de jogos oficiais.

Pois bem, tive um chefe que sempre alardeava aos berros em todo maldito gol no final das partidas, daqueles que o leitor não sabe, mas penamos para reescrever relatos quase sempre prontos para serem publicados: 'mais dinâmico que o futebol, só a morte'.


+ ATUAÇÕES: São Paulo não cria, erra o básico e se contenta com empate sem gols contra o Ituano

Por mais mórbida que a frase soa (peço aqui desculpas aos leitores mais sensíveis), ela faz mais sentido do que nunca com um time como o São Paulo de 2023.

De goleadas implacáveis no Estadual a atuações broxantes, de momentos de superação épicos, como segurar o rival Palmeiras com dois contundidos, às derrotas sem nenhum espírito de luta, como contra o Corinthians, o Tricolor deste ano parece ser um time à mercê dos lampejos individuais. De atletas que talvez não tenham tanta capacidade de oferecê-los.

Wellington Rato é um lutador. Corre o campo todo, bate todas as bolas paradas e é o principal nome das jogadas ofensivas do clube do Morumbi. Mas convenhamos, é um atleta que tem guarida para suportar o tamanho que a camisa do São Paulo?

Seria injusto apontá-lo como o culpado pelo frustrante empate sem gols ante Ituano de terça-feira (11), resultado que complica as coisas para o clube na sonhada Copa do Brasil, pelo ineditismo da taça e bonança da grana.

Mas por quê citá-lo, afinal? Porque estou pensando desde a volta do Morumbi na fria noite paulistana nos motivos que levam um clube a vencer o Tigre com certa propriedade a frustrar dessa forma a torcida no jogo seguinte. E entre as fumaças de nicotina (maldito vício) e canecas de café (maldito vício 2) descubro que me falta criatividade para explanar o que é essa versão 2023 do São Paulo.

E esse é o ponto: falta criatividade ao Tricolor. Falta uma articulação melhor das jogadas. Falta um pensador, um cérebro capaz de colocar a bola no chão e ditar o ritmo.

Calleri - São Paulo x Ituano
Calleri ao chão: presa fácil da marcação ituana (Foto: MIguel Schincariol/Ituano)


Por isso voltemos a Rato. Ainda na pré-temporada Rogério Ceni alardeou que o reforço vindo do Atlético-GO era conhecido por esse papel na antiga casa. Passou o Paulistão inteiro na ponta-direita. Ontem, supostamente teria a chance na função no 3-5-2 conservador a lá anos 1990. Não aguentou. Primeiro, ficou fixo no lado esquerdo. Depois, com as constantes falhas de Nathan, retomou a posição habitual para segurar a casa caindo.

Nestor, sempre criticado pela torcida? A 'cria de Cotia' precisa auxiliar na marcação. Méndez mostra falha pontuais no quesito. E além de Nathan, há outro furacão no lado direito chamado Alan Franco. Esqueçam ele, coitado...

Michel Araujo foi contratado por empréstimo junto ao Fluminense para armar, certo? Errado. Não há laterais, alas que atuem pela esquerda sem Welington. E o pobre uruguaio se prontificou a ajudar, preencher um espaço carente pela péssima gestão de elenco...

Pela 15ª vez no ano no 15º jogo, Ceni mandou a campo uma escalação diferente. O que funcionou na Argentina foi justamente o posicionamento tático na hora de reverter os ataques sofridos. Erison, um lutador, quebrou linhas e marcações. Fez chover em chutões que, ok, foram bem direcionados, mas evidentemente poderiam não dar em nada...

No 3-5-2, o Ituano sobrou. Com Nestor ocupado consertando as falhas alheias e Rato fazendo o que de fato sabe, show de bolas cruzadas e passes poucos açucarados para uma dupla de atacantes com características semelhantes que batiam cabeça...

Intervalo, Ceni mexe. Sua solução? Colocar Luciano... E voltar ao 4-2-4 do Paulistão. Com o camisa 10 fazendo as mesmas funções erráticas que lhe costurar a posição nos 11 iniciais. Água mole em pedra dura? Não, só contra as Portuguesas da vida...

Vem aí o Brasileirão. Não há Lusas, Inter de Limeiras e São Bentos para os guerreiros tricolores vencerem aos trancos e barrancos. O São Paulo é um time acéfalo, sem criação, sem pensar as jogadas de maneira efetiva. Toca no Calleri que é gol, diz a música da torcida. E talvez as coisas só comecem a melhorar quando de fato aparecer alguém que saiba tocar. Por ora, está difícil...

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