Sem arrependimentos, Scheidt busca novos desafios fora da vela olímpica

Mesmo sem tentar um novo ciclo, o maior atleta olímpico do Brasil afirma que seguirá velejando, mas acha difícil outro conseguir repetir seu feito

Robert Scheidt tem planos de competir nos Jogos de Tóquio pela classe 49er
Robert Scheidt é o maior medalhista olímpico do Brasil, com cinco medalhas (Foto: Divulgação)

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Participante das seis últimas edições dos Jogos Olímpicos, Robert Scheidt se despede de uma vida dedicada à vela olímpica. Aos 43 anos, o velejador encerra a parceria de aproximadamente um ano com o proeiro Gabriel Borges na classe 49er e coloca um ponto final em sua gloriosa trajetória.

O maior medalhista olímpico da história brasileira explica que foi uma junção de fatores que culminaram na opção por encerrar a carreira dentro dos Jogos Olímpicos.

- Colocando isso tudo na mesa e considerando o meu momento de vida, estreando numa classe com 43 anos, com algumas pequenas lesões que me impedem de realizar um volume extremamente alto de treinamento, aliado ao meu momento pessoal e as características da classe, optei por parar - explicou Robert, que completa:

- Passada esta temporada, eu me aconselhei com muitas pessoas da 49er e chegamos a conclusão que, para chegar no auge nesta categoria, precisaríamos, nos próximos dois anos, realizar uns 200 dias por ano na água para almejar chegar num top-10 mundial.

Dizer adeus a uma vida dedicada a vela olímpica não será um desafio fácil, mas Scheidt revela que já pensava no assunto desde o fim da Rio-2016, quando ficou com a quarta colocação da classe laser, vencendo a 'medal race' (regata da medalha).

- É uma decisão difícil, porque o meu espírito de atleta, é de continuar e sempre querer mais. Foram seis Olimpíadas, cada uma com sua história. Não me arrependo de nada. Claro que gostaria de seguir adiante, mas, devido a todos estes fatores, eu achei que, para o meu atual momento, seria melhor deixar a vela olímpica e voltar a velejar em outras categorias, começar a dize sim para algumas categorias. Já neguei muitos convites interessantes, em prol da vela olímpica - revela o bicampeão olímpico, que completa:

- Acima de tudo, vai ficar uma grande saudade. É difícil, de um dia para outro, você acordar e não ter mais aquele objetivo olímpico à frente. Acho que a coisa mais linda da vida de um atleta é representar o país dele nos Jogos Olímpicos. Nada se compara a isso.

Com a Volvo Ocean Race (Volta ao Mundo) iniciando em poucos dias, Scheidt revela que participar desta competição não está entre as suas metas futuras.

- Já tive convites para participar dela, neguei alguns em prol da vela olímpica. Não me vejo fazendo a Volvo. Eu prefiro ir para barcos em que você não fique no mar por um período tão longo. É um sacrifício físico enorme. Tenho os meus dois filhos em casa, preso muito isso. Admiro das regatas, sou um fã e vou torcer para o Joca e a Martine. 

Para o futuro, Robert conta que deseja 'velejar mais na classe Star', onde soma três títulos mundiais e duas medalhas olímpicas. A primeira competição será em dezembro deste ano, na SSL Finals, em Nassau (BAH). 

- É uma regata muito legal, com grandes estrelas da vela. Quero competir mais na classe Star ano que vem. Também avalio a possibilidade de velejar em barcos grandes. 

Fazendo parte de uma geração que contou também com Torben e Lars Grael, Scheidt afirma que dificilmente outro velejador chegará a suas cinco medalhas olímpicas. 

- É difícil dizer. Cinco medalhas olímpicas é muita coisa, principalmente agora com as classes ficando mais limitadas quando a longevidade dos atletas. Porém, é possível que aconteça - afirma. 

Para Scheidt, escândalos na Rio-2016 são 'oportunidade de mudança'

Com uma vasta experiência olímpica, Robert Scheidt não fugiu de perguntas sobre as investigações da Operação 'Unfair Play', que investiga a suposta compra de votos para que o Rio de Janeiro fosse eleito sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Surpreso com as notícias, o velejador afirma que a crise também pode ser encarada como uma oportunidade de mudança. 

- Foram uma grande surpresa. Toda a crise também é uma oportunidade de mudança. É o momento de sentar, avaliar e pensar em fazer uma gestão nova, transparente, com uma participação melhor de técnicos e atletas. 

Com seis participações em Jogos Olímpicos no currículo, Scheidt afirma que a Rio-2016 foi um sucesso, mas que está manchada pelas atuais denúncias.

- A Rio-2016, a meu ver, foi uma Olimpíada bem organizada, um sucesso. Essas notícias arranham essa imagem da Olimpíada do Rio, isso é inevitável. 

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