Conheça Guilherme Faria, bicampeão mundial e destaque brasileiro do MMA

Nascido em São Paulo, atleta enfrentou bullying na escola e, atualmente, luta para se manter entre os grandes nomes da modalidade

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Gui Faria disputou competições mundiais de artes marciais mistas (Foto: Divulgação)

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Com um cartel no MMA de 18 vitórias e 10 derrotas, é surpreendente imaginar o brasileiro Guilherme Faria, lutador profissional desde os 18 anos, em situação de sofrer bullying. Mas, esse era o caso durante a infância do atleta que ostenta, aos 31 anos, dois títulos de campeão mundial. 

Natural de São Paulo, Guilherme passou toda a vida no interior do estado quando, aos nove anos de idade, seus pais optaram por se mudar para a cidade de Limeira. Em sua nova escola, o menino que usava óculos “fundo de garrafa” devido à miopia, que mais tarde em sua vida seria operada, passava os dias sendo vítima de bullying pelo perfil mais magro e tímido.

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- Todo dia era a mesma rotina. Ia direto para a sala da diretora por terem pego meus materiais ou minha bolsa. Mas nada nunca se resolvia, parecia que nunca seria diferente. Um dia, um dos meninos que sempre me zoava, deu um tapa na minha cabeça bem na frente de uma garota que gostava na época. A vergonha que senti na hora fez o sangue subir à cabeça e acabei empurrando o garoto. Mais tarde, na saída da aula, apanhei feio na frente de todo mundo. Fui humilhado na frente de toda a escola - contou o lutador.

Naquele dia, após chegar em casa e esconder a briga de seus pais, Guilherme tomou uma decisão que alterou todo o rumo de sua vida. Ele focou nas lutas desportivas para superar as adversidades em meio aos enfrentamentos no colégio.

- Minha primeira atitude foi buscar uma lista telefônica. Procurava por algum anúncio de academias. Meu objetivo era treinar para poder me vingar e nunca mais passar por esse tipo de situação. Comecei a fazer karatê focado nisso. Felizmente, meu professor na época acabou descobrindo o porquê de eu treinar e me fez prometer abandonar aquele objetivo, para apenas usar o karatê para me defender, caso fosse necessário - comentou.

Não foi preciso usar as técnicas aprendidas fora da academia. Acontece que, quando o resto da turma soube sobre o treino de luta, o bullying parou. Mesmo assim, Guilherme seguiu com as aulas, havia pegado gosto pela rotina. O Karatê mudou completamente sua postura. O garoto tímido deu espaço para Gui Faria, mais confiante, focado e, posteriormente, profissional.

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Treinos de diversas modalidades fizeram Gui chegar forte no octógono de MMA (Foto: Divulgação)

No começo de sua carreira, Gui Faria nem conhecia técnicas de luta no chão, elemento crucial no MMA. Sua primeira luta evidenciou isso. Apesar de não se lembrar do adversário, Guilherme se recorda de ter perdido muito rápido, quando a luta foi para o chão. Depois de três derrotas por finalização, o atleta foi convidado por um treinador da equipe Muaythai Nikolai para treinar em sua academia, em Bragança Paulista, interior de São Paulo.

A longa distância de 122 quilômetros fez Guilherme ir em busca de um emprego para financiar as viagens. Com algumas semanas de trabalho em uma empresa de telemarketing, o lutador conseguiu pagar a gasolina e os pedágios para que seu pai o levasse até a academia. Encantado pela estrutura, Guilherme repetiu essa rotina toda semana para poder treinar sempre aos sábados.

O resultado do período de treinamentos foi um completo domínio no retorno aos octógonos, quando tinha 20 anos. Vitória atrás de vitória, Guilherme foi conseguindo cada vez mais destaque no cenário nacional. Foi justamente nesse período, em 2014, que o lutador fez sua primeira viagem internacional ao ir disputar o Campeonato Mundial na Tailândia. A viagem teve a ajuda de seus amigos, parentes e alunos de sua própria academia, aberta quando tinha 18 anos.

- Foi uma experiência incrível para mim. Tinha passado minha vida inteira no interior de São Paulo. Não falava nada de inglês na época. Foi algo muito mágico poder chegar até lá e conquistar aquele título. Foi a forma que encontrei de mostrar meu agradecimento a todos que tinham me ajudado naquela missão. Esse foi o sentimento, tanto em 2014 quanto em 2017, ano que também disputei e ganhei o mundial na Tailândia - finalizou Guilherme.

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