Conheça a mulher que está por trás das duas últimas conquistas de Libertadores do River Plate

Sandra Rossi, de 52 anos, chegou ao clube em 2014 e é uma peça fundamental no corpo técnico de Marcelo Gallardo. Nove títulos já foram conquistados desde então; saiba mais

River Plate
River Plate conquistou a Copa Libertadores em 2015 e 2018 (Foto: Reprodução)

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Sandra Rossi, de 52 anos, especialista em neurociência e medicina esportiva, é uma peça fundamental no corpo técnico de Marcelo Gallardo, desde que o treinador chegou ao clube em 2014. Em quatro anos, seu trabalho foi efetivo para estabelecer a identidade de Gallardo nos nove títulos conquistados pelo River Plate: Copa Argentina 2016 e 2017, Copa Sul-Americana 2014, Recopa 2015 e 2016, Copa Libertadores 2015 e 2018, Suruga Bank 2015 e Supercopa Argentina 2018.

Gallardo conheceu Sandra quando deixou de ser técnico do Nacional do Uruguai e começou a formar sua equipe de trabalho com a finalidade de dirigir um clube argentino. Após renuncia de Ramón Díaz, o treinador assumiu o millonário e não teve dúvidas ao convocar Rossi para seu corpo técnico. Foi a primeira experiencia da médica no futebol e, até o momento, é a única mulher na equipe. Sandra participou efetivamente das duas Libertadores conquistadas pela equipe, e é a única figura feminina nas fotos de comemorativas dos torneios.

Sua contratação é um sinal paradigmático da quebra de barreiras que Gallardo trouxe para o comando do time. O técnico é um romântico do futebol, daqueles que não perde a oportunidade de lamentar como a evolução e o peso do dinheiro vem matando o estado mais puro de jogo. Por isso, a essência do seu atual River, é descrita por uma mistura de ideias da escola de Cruyff, com a presença da neurociência no dia a dia dos jogadores. Como dizia o holandês: o futebol deve ser jogado com o cérebro.

A especialista em neurociências é uma peça fundamental nesta ideologia. Seus objetivos estão focados na aceleração dos tempos de reação dos jogadores e na melhora do desempenho da equipe. É possível notar na força coletiva do time, também um psicológico inigualável. Além da inteligencia tática que vem de Gallardo, o River conquistou por duas vezes o máximo torneio continental através de uma consistência mental que os outros clubes argentinos tentam copiar. O feito é produto de Rossi, que embora não entre no vestiário, está em todos os treinos e sempre viaja com a delegação do River.

- Minha função é criar um treinamento cerebral para os jogadores. A neurociência é a teoria que nos permite saber como pensamos e, da nossa parte, tentamos leva-la ao campo para treinar as capacidades dos atletas. Esse trabalho é feito com a otimização das funções cerebrais como o tempo de reação, a visão periférica, o foco ou a visão para antecipar o que os outros vão fazer. Trato de trabalhar para manter os níveis de atenção de um jogador. Tudo o que fazemos tem a ver com o que antecede um movimento e com o que ocorre no cérebro de um futebolista antes de uma competição. A ideia é que os jogadores entendam o que estão fazendo - resumiu Sandra.

- Tenho pena de não ter conhecido a Sandra quando ainda jogava, ela me mostrou uma nova alternativa para o desenvolvimento esportivo em alto rendimento e tem ajudado a revolucionar o trabalho no River - contou Gallardo ao 1st Place Institute.

Antes de iniciar sua carreira no futebol, Sandra comandava um laboratório no CENARD, Centro Nacional de Alto Rendimento da Argentina, onde trabalhou com atletas de diferentes modalidades e com a equipe olímpica. Conforme conta o jornalista Diego Borinsky no livro Gallardo Monumental, o treinador visitou o laboratório de Rossi e viu ao vivo o trabalho da profissional com Franco Isacati, campeão nacional de karate.

- Muitos achavam que eu iria durar dois meses e se tivesse sorte. Muitos pensavam que não conseguiria aguentar porque este não é um espaço para mulheres. Poupo a pouco, fui conhecendo a todos, deixando cair as defesas e criando um espaço onde podemos coexistir e onde fui bem recebida. Não é um ambiente fácil, em especial por causa dos egos. Todos querem ter crédito pelos sucessos e isso pesa mais do que qualquer gênero - contou Sandra.

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