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Paraná Clube completa 36 anos e oficializa a venda da SAF

Tricolor espera a Justiça homologar acordo para a NextPlay assumir

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Guilherme Moreira
Curitiba (PR)
Dia 19/12/2025
16:09
Atualizado há 2 minutos
Vila Capanema Paraná Clube festa torcida
imagem cameraNextPlay, futura dona do Paraná, pretende comprar a Vila Capanema. Foto: Igor Barrankievicz/Paraná

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Após correr risco de falência, o Paraná Clube oficializou a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) nesta sexta-feira (19), dia que completa 36 anos. O acordo, contudo, ainda precisa ser homologado pela Justiça por estar em Recuperação Judicial (RJ).

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- Após um ano de negociações, as partes envolvidas chegaram a um acordo para a concretização da venda da SAF do Paraná Clube. O acordo foi protocolado no processo na data de ontem (18/12/2025) e agora aguarda homologação da Justiça. O Paraná Clube vive. O Paraná Clube é SAF - escreveu o clube, nas redes sociais.

O Lance! trouxe com exclusividade, nesta semana, o retorno das negociações entre o Tricolor e a NextPlay Capital Ltda, que fez uma proposta de R$ 212 milhões a R$ 682 milhões por 90% das ações da SAF. Além disso, os credores reformularam o plano modificativo da RJ, em alinhamento com o clube, na quinta-feira (18).

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A juíza da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, precisa que apreciar o documento para homologar ou solicitar novas alterações. Esse movimento só deve ocorrer na volta do recesso judiciário, de 19 de dezembro a 20 de janeiro.

A NextPlay, que chegou a desistir da compra no final de novembro por 'desavenças' com os credores, entrou em consenso depois da entrada do banco Genial, que é o principal investidor dela, para destravar a compra. O empecilho principal da proposta pela SAF era a desconfiança dos credores pelo pagamento da Recuperação Judicial (R$ 132,1 milhões) através da sub-sede da Kennedy.

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O patrimônio em questão não pode ser vendido ou leiloado, de acordo com a lei municipal nº 1550/1958, por ser um terreno doado para fins esportivos e sociais. Em assembleia de 19 de novembro, os credores tentaram se proteger e haviam definido um preço mínimo para a venda ou leilão do terreno por R$ 70,8 milhões, mas agora aceitaram diminuir a quantia.

A sub-sede da Kennedy, assim, irá a leilão direcionado por R$ 60 milhões, valor destinado exclusivamente para o pagamento de Recuperaçãoi Judicial, e o banco parceiro da NextPlay pode igualar eventual proposta superior. Dentro do acordo, os credores receberão essa quantia em 10 parcelas de R$ 6 milhões, com carência de um ano.

Com o leilão, tendo que ser feito em até 60 dias após a homologação do plano modificativo da RJ, os impedimentos de impenhorabilidade e inalienabilidade saem de cena. A finalidade social e esportiva, contudo, ainda precisa ser discutida com a Prefeitura de Curitiba, algo que a investidora e o banco estão em conversas avançadas para um projeto de lei que seja aprovado na Câmera de Vereadores, 30 dias antes da Kennedy ir a leilão.

Depois, os futuros donos da SAF têm que entrar em acordo com o Espaço Torres. A empresa de entretenimento tem direito a explorar os salões sociais da Kennedy até 2032, com multa rescisória de R$ 13 milhões (diminui a cada ano).

Futura dona da SAF do Paraná negocia a compra da Vila Capanema

A outra novidade apurada pelo Lance! é que a NextPlay conversa com a União, pessoa jurídica de direito público que representa o Governo Federal, para a compra definitiva da Vila Capanema, em valores ainda negociáveis. No último cálculo, de 2020, o estádio Durival Britto e Silva estava avaliado em R$ 53,8 milhões, e a investidora havia planejado R$ 60 milhões para o local.

Vale lembrar que a praça esportiva pertencia à Rede Ferroviária Federal S.A., extinta em 2007, e passou para o governo federal. Em 2016, por decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o Paraná perdeu a posse definitiva do terreno em uma disputa de mais de 40 anos.

Três anos depois, o Tricolor conseguiu a concessão da Vila até 2048, com acordo prorrogável por mais 30 anos. A manobra veio através de uma Medida Provisória (MP) que virou a lei 13.813/2019, assinada pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Já em dezembro de 2021, o TRF-4 determinou que o Paraná precisaria reembolsar a União em R$ 6,3 milhões pelo uso do estádio desde 1971 - o valor total era de R$ 12,7 milhões, mas teve um desconto de 50%. Além disso, o clube teria que pagar aluguel de R$ 210 mil mensais ao governo federal para seguir atuando em sua "casa". Essas quantias nunca foram pagas.

Próximos passos da SAF do Paraná

Após a homologação do plano, já feito por adesão dos credores para acelerar o processo e evitar uma assembleia geral, o Conselho Deliberativo do Paraná também precisa aprovar a proposta da NextPlay com inclusão do leilão da Kennedy. A previsão é que isso ocorra até o final de janeiro.

O rito completo para o Tricolor sair de associação para SAF só deve ser concluído no final do primeiro semestre ou começo do segundo semestre de 2026. Paralelo a isso, para não ficar refém da burocracia, a NextPlay já começou a transição de gestão do Paraná.

Os novos técnico e executivo de futebol serão anunciados em 2 de janeiro, em consenso entre o clube e a empresa. O Paraná e a NextPlay prometem dar mais detalhes do movimento da SAF, como o processo até o fechamento da operação e a transição operacional até o final de 2025.

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A proposta da NextPlay pela SAF do Paraná Clube

Investimento no futebol

  1. R$ 212 milhões (valor mínimo) a R$ 682 milhões (valor máximo)
  2. R$ 10 milhões para a construção de Centro de Treinamento na sub-sede do Boqueirão (até 2028)
  3. R$ 60 milhões para a Vila Capanema
  4. R$ 10 milhões anuais para o futebol (sem divisão)
  5. R$ 21,9 milhões (Série D)
  6. R$ 28 milhões (Série C)
  7. R$ 46,8 milhões (Série B)
  8. R$ 85 milhões (Série A)

Dívidas

  1. R$ 42 milhões para a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil (Bacen)
  2. R$ 2,8 milhões para Comissão Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF
  3. R$ 60 milhões para a Recuperação Judicial no leilão da Kennedy (através do banco Genial)

Entenda as dívidas do Paraná Clube

Em Recuperação Judicial (RJ) desde setembro de 2023, o Paraná viu o valor subir de R$ 114,2 milhões para R$ 132,1 milhões, sem descontos. No plano de pagamento, o Tricolor oferece deságio de 40% e uma fórmula de pagamento específica para os credores, divididos em três classes, que reduz a quantia a ser paga quase pela metade, em cerca de R$ 66 milhões.

Classe I (trabalhistas): R$ 67,2 milhões / deságio de 40%
Classe III (quirografários): R$ 50,8 milhões / fórmula específica
Classe IV: (ME's - EPP's): R$ 14,1 milhões / fórmula específica
Total: R$ 132,1 milhões / R$ 66 milhões (aproximadamente)

Além disso, o Tricolor deve R$ 39,5 milhões ao Banco Central do Brasil (Bacen) e R$ 59,7 milhões para a Receita Federal, em um total de R$ 99,2 milhões. Em um acordo costurado, o clube reduziu a quantia para liquidar ambas por R$ 42 milhões, com a NextPlay responsável pelo pagamento.

Paraná Clube completará mais de um ano sem jogar

Rebaixado no Paranaense, o Paraná não entra em campo desde 15 de fevereiro, na derrota por 2 a 0 no clássico contra o Coritiba, na Vila Capanema, pela última rodada da primeira fase. Na ocasião, o Tricolor já não tinha mais chances de escapar da queda.

Após o estadual, o clube até teve a possibilidade de voltar a atuar na Taça FPF, que começou em agosto e termina em novembro, mas optou por não disputar por falta de dinheiro. A competição deu vagas para a Copa do Brasil e para a recém-criada Copa Sul-Sudeste.

Assim, o Paraná atingirá o maior período sem jogos na história de quase 36 anos. A equipe foi fundada em 19 de dezembro de 1989.

Em campo, após novo rebaixamento da elite estadual, o Tricolor tem a Segundona do Campeonato Paranaense e a Taça Paraná como calendário no ano que vem. O estadual começa no fim de fevereiro, enquanto o outro torneio está previsto para depois da Copa do Mundo.

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