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Paraná Clube encaminha venda da SAF e inicia transição; entenda o processo

NextPlay retoma conversas e assumirá a gestão do Tricolor

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Guilherme Moreira
Curitiba (PR)
Dia 16/12/2025
07:00
Torcida Paraná Clube Vila Capanema ônibus
imagem cameraTorcida do Paraná Clube na entrada da Vila Capanema. Foto: Reprodução/Twitter Paraná

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Após correr risco de falência, o Paraná Clube encaminhou a venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e iniciará a transição da associação para o futuro dono ainda neste fim de ano. A proposta varia de R$ 212 milhões a R$ 682 milhões por 90% das ações.

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O Lance! apurou que o Tricolor retomou a negociação com a NextPlay Capital Ltda, que chegou a desistir da compra no final de novembro por 'desavenças' com os credores. A empresa conseguiu, nos últimos dias, entrar em acordo com um banco, sem nome revelado e que é o principal investidor dela, para destravar a compra.

O empecilho principal era a desconfiança dos credores pelo pagamento da Recuperação Judicial (R$ 89,92 milhões) através da sub-sede da Kennedy. O patrimônio não pode ser vendido ou leiloado, de acordo com a lei municipal nº 1550/1958, por ser um terreno doado para fins esportivos e sociais.

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Em assembleia, os credores tentaram se proteger e haviam definido um preço mínimo para a venda ou leilão do terreno por R$ 70,8 milhões, mas agora aceitaram diminuir a quantia. O patrimônio irá a leilão por R$ 60 milhões, valor destinado exclusivamente para a recuperação judicial, e o banco parceiro da NextPlay pode igualar eventual proposta superior.

Com o leilão, os impedimentos de impenhorabilidade e inalienabilidade saem de cena. A finalidade social e esportiva, contudo, ainda precisa ser discutida com a Prefeitura de Curitiba, algo que a investidora e o banco estão em conversas avançadas.

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Os futuros donos da SAF, depois, têm que entrar em acordo com o Espaço Torres. A empresa tem direito a explorar os salões sociais da Kennedy até 2032, com multa rescisória de R$ 13 milhões (diminui a cada ano).

Futura dona da SAF do Paraná negocia a compra da Vila Capanema

A outra novidade apurada pelo Lance! é que a NextPlay conversa com a União, pessoa jurídica de direito público que representa o Governo Federal, para a compra definitiva da Vila Capanema, em valores ainda negociáveis. No último cálculo, de 2020, o estádio Durival Britto e Silva estava avaliado em R$ 53,8 milhões, e a investidora havia planejado R$ 60 milhões para o local.

Vale lembrar que a praça esportiva pertencia à Rede Ferroviária Federal S.A., extinta em 2007, e passou para o governo federal. Em 2016, por decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), o Paraná perdeu a posse definitiva do terreno em uma disputa de mais de 40 anos.

Três anos depois, o Tricolor conseguiu a concessão da Vila até 2048, com acordo prorrogável por mais 30 anos. A manobra veio através de uma Medida Provisória (MP) que virou a lei 13.813/2019, assinada pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Já em dezembro de 2021, o TRF-4 determinou que o Paraná precisaria reembolsar a União em R$ 6,3 milhões pelo uso do estádio desde 1971 - o valor total era de R$ 12,7 milhões, mas teve um desconto de 50%. Além disso, o clube teria que pagar aluguel de R$ 210 mil mensais ao governo federal para seguir atuando em sua "casa". Essas quantias nunca foram pagas.

Próximos passos da SAF do Paraná

Com esse novo arranjo, os credores devem protolocar nesta semana o Plano Modificativo da RJ, já que o anterior, definido na Assembleia Geral de Credores (AGC) de 19 de novembro, não tem validade. A juíza da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, tem que apreciar o documento para aprovar ou solicitar novas alterações.

A próxima assembleia de credores está prevista para o fim de fevereiro de 2026, mas eles já definem o texto final do plano de pagamento da RJ desde a semana passada. O termo será feito por adesão para acelerar o processo. Fora isso, o Conselho Deliberativo do clube também precisa aprovar a proposta com inclusão do leilão da Kennedy.

O rito completo para o Tricolor sair de associação para SAF só deve ser concluído no final do primeiro semestre ou começo do segundo semestre de 2026. Paralelo a isso, para não ficar refém da burocracia, a NextPlay já começou a transição de gestão do Paraná.

Os novos técnico e executivo de futebol serão anunciados em 2 de janeiro, em consenso entre o clube e a empresa. O Paraná e a NextPlay devem se pronunciar na sexta-feira (19), data de aniversário de 36 anos do clube, para explicar o movimento da SAF.

Em campo, o Tricolor tem a Segundona do Campeonato Paranaense e a Taça Paraná como calendário no ano que vem. O estadual começa no fim de fevereiro, enquanto o outro torneio está previsto para depois da Copa do Mundo.

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A proposta da NextPlay pela SAF do Paraná Clube

Investimento no futebol

  1. R$ 212 milhões (valor mínimo) a R$ 682 milhões (valor máximo)
  2. R$ 10 milhões para a construção de Centro de Treinamento na sub-sede do Boqueirão (até 2028)
  3. R$ 60 milhões para a Vila Capanema
  4. R$ 10 milhões anuais para o futebol (sem divisão)
  5. R$ 21,9 milhões (Série D)
  6. R$ 28 milhões (Série C)
  7. R$ 46,8 milhões (Série B)
  8. R$ 85 milhões (Série A)

Dívidas

  1. R$ 42 milhões para a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil (Bacen)
  2. R$ 2,8 milhões para Comissão Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF
  3. R$ 60 milhões para a Recuperação Judicial no leilão da Kennedy (através de um banco parceiro)
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