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Paraná Clube contesta plano de credores em recuperação judicial e descarta falência

Tricolor diz que tem 'torcida e história' para não fechar as portas

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Guilherme Moreira
Curitiba (PR)
Dia 02/12/2025
17:12
Atualizado há 1 minutos
torcida Paraná Clube Vila Capanema
imagem cameraTorcida do Paraná Clube na Vila Capanema. Foto: Divulgação/Paraná

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O Paraná Clube entrou na sexta-feira (28) com um 'pedido de indeferimento' do Plano Modificativo da Recuperação Judicial (RJ), aprovado na Assembleia Geral de Credores (AGC), em 19 de novembro. O Tricolor ainda descartou qualquer possibilidade de falência, que pode ser votado em fevereiro do ano que vem.

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A mudança no plano de pagamento da RJ, principalmente em relação às garantias da quitação das dívidas, fez a empresa NextPlay Capital Ltda desistir da compra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube há duas semanas. A proposta era de R$ 212 milhões por 90% das ações e colocou o futuro paranista em xeque.

Com a aprovação de 61,54% dos credores, a SAF do Paraná se encaminhou para ser vendida através de leilão judicial, algo inédito no futebol brasileiro, ainda sem data definida. Vale destacar que a juíza da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, tem que apreciar o documento para aprovar ou solicitar novas alterações.

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- O plano precisa ser corrigido. Em comum acordo ou judicialmente, contestaremos qualquer tentativa de leilão da SAF. O investidor compra, mas a SAF continua como garantia dentro da RJ. Nenhum investidor sério comprará uma SAF bloqueada. O Paraná não aceitará uma venda hostil, sem aprovação interna e sem obrigações pré-definidas (investimento em infraestrutura e no futebol) - afirmou o Paraná, em nota.

A próxima assembleia de credores está prevista para o fim de fevereiro de 2026, prazo para o Tricolor encontrar um investidor. Caso não consiga, existe a possibilidade de abertura do processo de falência, defendido por uma parcela dos recebedores judiciais.

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Além de tentar brecar judicialmente o novo plano da RJ, o clube criou em 2024 o 'comitê da SAF' para buscar e analisar propostas de investidores. Esse grupo é composto pelo presidente Ailton Barboza, o mecenas Carlos Werner e os aliados João 'Quitéria' Carvalho, Fernando Giraldi e Renato Collere, todos com passagens antigas e recentes no dia a dia do Paraná, de 2010 para cá.

- A recusa por parte dos credores trouxe a falência do Paraná Clube novamente à pauta, mas isso não acontecerá. Temos patrimônio que garante grande parte da dívida. E, como recuperanda, toda a operação está em dia. Temos torcida e temos história. O projeto SAF continua e seguimos em busca de investidores - completou o clube.

Credores mudam plano de pagamento da RJ

O plano de pagamento da Recuperação Judicial, iniciada em setembro de 2023, foi modificado com cinco cláusulas novas. A formalização será feita pelo administrador judicial da RJ, Maurício Obladen, dentro do processo.

  1. cota de reserva garantida de R$ 70,8 milhões na venda ou leilão da sub-sede da Kennedy;
  2. cota de reserva de pagamento aos credores extraconcursais (após a RJ) caiu de R$ 12 para R$ 10 milhões, pagos com a venda ou leilão da sub-sede da Kennedy;
  3. cotas da SAF serão a garantia dos credores até a venda ou leilão da sub-sede da Kennedy;
  4. inclusão de previsão do pagamento de dívidas da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) sem desconto (valor não informado)
  5. pagamento dos tributos junto ao Banco Central do Brasil (Bacen) será efetuado com os recursos provenientes da venda da SAF

Enquanto o futuro segue incerto, o Paraná tem a Segundona do Campeonato Paranaense como calendário no ano que vem. O torneio está previsto para começar em abril.

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A proposta da NextPlay pela SAF do Paraná Clube

Investimento no futebol

  1. valor mínimo: R$ 212 milhões
  2. R$ 10 milhões para a construção de Centro de Treinamento na sub-sede do Boqueirão (até 2028)
  3. R$ 60 milhões para a Vila Capanema
  4. R$ 10 milhões anuais para o futebol (sem divisão)
  5. R$ 21,9 milhões (Série D)
  6. R$ 28 milhões (Série C)
  7. R$ 46,8 milhões (Série B)
  8. R$ 85 milhões (Série A)

Dívidas

  1. R$ 42 milhões para dívidas com a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil (Bacen)
  2. pagamento da Recuperação Judicial (RJ) em R$ 89,9 milhões
  3. cota de reserva garantida de R$ 70,8 milhões na venda ou leilão da sub-sede da Kennedy
  4. cota de reserva de pagamento aos credores extraconcursais de R$ 10 milhões, na venda ou leilão da sub-sede da Kennedy
  5. cotas da SAF como garantia dos credores até a venda ou leilão da sub-sede da Kennedy
  6. pagamento da dívida na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) sem desconto (valor não informado)

Por que a investidora desistiu da SAF do Paraná Clube?

Por conta do novo plano de credores, a NetxPlay optou por sair do processo de compra da SAF. A investidora não queria pagar o passivo da recuperação judicial (R$ 89,92 milhões) e nem uma eventual diferença financeira da negociação da sub-sede da Kennedy, que serviria para esse fim. O preço mínimo definido para a venda ou leilão do terreno é de R$ 70,8 milhões.

O principal ponto de desconfiança dos credores é pelo impedimento do patrimônio ser vendido ou leiloado, de acordo com a lei municipal nº 1550/1958, por ser um terreno doado para fins esportivos e sociais. Além disso, existe a multa de R$ 13 milhões pela quebra de contrato com o Espaço Torres, que tem direito a explorar os salões sociais até 2032, que diminui a quantia a ser recebida.

Outra exigência dos credores era a garantia dos recursos prometidos que, segundo o Tricolor, poderia chegar até R$ 687 milhões. A NextPlay, constituída em outubro de 2024 e com capital social de R$ 500, em dados públicos, não mostrou quem eram os investidores brasileiros e estrangeiros 'por trás'.

Leia a nota oficial do Paraná Clube

"SAF não se trata de uma venda qualquer. É um clube. Com história e torcida. E isso muda tudo.

Considerações iniciais

Uma transação deste porte jamais será simples – especialmente para um clube que não pode errar novamente. Criticar é um direito de todo o torcedor.

Mas, quando for SAF do Paraná Clube, lembre-se: a maioria das SAF's de pequeno e médio porte enfrentam problemas com descumprimentos contratuais e promessas não cumpridas.

Aos fatos

Nosso silêncio não foi omissão, mas responsabilidade. Estávamos até o momento sob NDA – sigla em inglês para Acordo de Confidencialidade. Este acordo perdeu a validade quando a proposta se tornou pública judicialmente no início de novembro de 2025.

Estamos em Recuperação Judicial

O que diz a Lei 11.101/2005:

Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Como isso funciona?

O Judiciário indica um Administrador Judicial, e é criada uma Assembleia Geral de Credores, que decide sobre os planos de reestruturação e o pagamento das dívidas. Assim como as dívidas (passivos), os patrimônios (ativos) ficam como garantia dentro da RJ. Lembre-se: A SAF do Paraná é um destes ativos.

E quem está à frente do processo da SAF do Paraná?

Em 2024 foi criado o Comitê da SAF com objetivo de buscar investidores, bem como receber, avaliar e parametrizar propostas e apresentá-las ao clube. O comitê não escolhe investidor. Não decide plano. E não assina contrato.

Quem decide?

A proposta precisa ser aprovada pelos Conselhos do Clube e pelos Credores, em assembleia. Se tudo estiver dentro da Lei, a Justiça homologa o acordo.

Propostas

"Comunicar" a jornalistas não significa apresentar proposta formalmente ao clube. Infelizmente, alguns influenciadores do setor difundiram notícia neste teor, mas jamais verificaram a fonte. Por isso, comunicados que: Não tivemos proposta do "grupo do Ricardo Rocha" e não tivemos proposta do "sócio do Grupo Santa Cruz".

Como assim?

Tivemos conversas preliminares que não evoluíram por falta de projeto e/ou por falta de investimento no futebol. Mas, principalmente, por falta de garantia financeira.

A proposta que existiu

A única proposta vinculante foi a da NextPlay Capital. Proposta vinculante é a que cria um compromisso legal entre as partes e que gera consequências reais em caso de não cumprimento da mesma.

R$ 210 milhões a R$ 682 milhões* de investimento total. R$ 130 milhões para os credores.

*Conforme desempenho esportivo

Por que o investidor retirou a proposta?

Grupos de credores formaram maioria e não aceitaram a proposta. Eles mudaram um acordo pré-estabelecido em reunião e apresentaram um novo plano com condições que inviabilizaram o negócio.

Qual o erro do plano dos credores?

O plano pretende leiloar a SAF, mas sem liberar a SAF. Ou seja: o investidor compra, mas a SAF continua como garantia dentro da Recuperação Judicial. Isso não existe em nenhuma outra SAF do país. E vai continuar não existindo.

O impacto real

Nenhum investidor sério comprará uma SAF "bloqueada". Sem investidor, não há solução. A SAF trava e o credor não recebe.

Qual a posição do Clube?

O Paraná Clube não aceitará uma venda hostil, sem aprovação interna. A venda hostil permite que qualquer grupo compre a SAF sem contratos vinculantes. Ou seja, sem obrigações pré-definidas – como investimentos em infraestrutura e/ou no futebol. Isso permitirá que o comprador, por exemplo, uma construtora, adquira o clube e apenas o feche, a fim de utilizar somente os imóveis.

O plano precisa ser corrigido. Em comum acordo ou judicialmente, contestaremos qualquer tenativa de leilão da SAF. No dia 28/11/2025, entramos com o pedido de indeferimento do Plano Modificativo aprovado na Assembleia de Credores. A recusa por parte dos credores trouxe a falência do Paraná Clube novamente à pauta. Mas isso não acontecerá. Temos patrimônio que garante grande parte da dívida. E, como recuperanda, toda a operação está em dia.

E agora?

Temos torcida e temos história. O projeto SAF continua. E seguimos em busca de investidores".

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