Paraná Clube contesta plano de credores em recuperação judicial e descarta falência
Tricolor diz que tem 'torcida e história' para não fechar as portas

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O Paraná Clube entrou na sexta-feira (28) com um 'pedido de indeferimento' do Plano Modificativo da Recuperação Judicial (RJ), aprovado na Assembleia Geral de Credores (AGC), em 19 de novembro. O Tricolor ainda descartou qualquer possibilidade de falência, que pode ser votado em fevereiro do ano que vem.
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A mudança no plano de pagamento da RJ, principalmente em relação às garantias da quitação das dívidas, fez a empresa NextPlay Capital Ltda desistir da compra da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do clube há duas semanas. A proposta era de R$ 212 milhões por 90% das ações e colocou o futuro paranista em xeque.
Com a aprovação de 61,54% dos credores, a SAF do Paraná se encaminhou para ser vendida através de leilão judicial, algo inédito no futebol brasileiro, ainda sem data definida. Vale destacar que a juíza da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, tem que apreciar o documento para aprovar ou solicitar novas alterações.
- O plano precisa ser corrigido. Em comum acordo ou judicialmente, contestaremos qualquer tentativa de leilão da SAF. O investidor compra, mas a SAF continua como garantia dentro da RJ. Nenhum investidor sério comprará uma SAF bloqueada. O Paraná não aceitará uma venda hostil, sem aprovação interna e sem obrigações pré-definidas (investimento em infraestrutura e no futebol) - afirmou o Paraná, em nota.
A próxima assembleia de credores está prevista para o fim de fevereiro de 2026, prazo para o Tricolor encontrar um investidor. Caso não consiga, existe a possibilidade de abertura do processo de falência, defendido por uma parcela dos recebedores judiciais.
Além de tentar brecar judicialmente o novo plano da RJ, o clube criou em 2024 o 'comitê da SAF' para buscar e analisar propostas de investidores. Esse grupo é composto pelo presidente Ailton Barboza, o mecenas Carlos Werner e os aliados João 'Quitéria' Carvalho, Fernando Giraldi e Renato Collere, todos com passagens antigas e recentes no dia a dia do Paraná, de 2010 para cá.
- A recusa por parte dos credores trouxe a falência do Paraná Clube novamente à pauta, mas isso não acontecerá. Temos patrimônio que garante grande parte da dívida. E, como recuperanda, toda a operação está em dia. Temos torcida e temos história. O projeto SAF continua e seguimos em busca de investidores - completou o clube.
Credores mudam plano de pagamento da RJ
O plano de pagamento da Recuperação Judicial, iniciada em setembro de 2023, foi modificado com cinco cláusulas novas. A formalização será feita pelo administrador judicial da RJ, Maurício Obladen, dentro do processo.
- cota de reserva garantida de R$ 70,8 milhões na venda ou leilão da sub-sede da Kennedy;
- cota de reserva de pagamento aos credores extraconcursais (após a RJ) caiu de R$ 12 para R$ 10 milhões, pagos com a venda ou leilão da sub-sede da Kennedy;
- cotas da SAF serão a garantia dos credores até a venda ou leilão da sub-sede da Kennedy;
- inclusão de previsão do pagamento de dívidas da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) sem desconto (valor não informado)
- pagamento dos tributos junto ao Banco Central do Brasil (Bacen) será efetuado com os recursos provenientes da venda da SAF
Enquanto o futuro segue incerto, o Paraná tem a Segundona do Campeonato Paranaense como calendário no ano que vem. O torneio está previsto para começar em abril.
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A proposta da NextPlay pela SAF do Paraná Clube
Investimento no futebol
- valor mínimo: R$ 212 milhões
- R$ 10 milhões para a construção de Centro de Treinamento na sub-sede do Boqueirão (até 2028)
- R$ 60 milhões para a Vila Capanema
- R$ 10 milhões anuais para o futebol (sem divisão)
- R$ 21,9 milhões (Série D)
- R$ 28 milhões (Série C)
- R$ 46,8 milhões (Série B)
- R$ 85 milhões (Série A)
Dívidas
- R$ 42 milhões para dívidas com a Receita Federal do Brasil e o Banco Central do Brasil (Bacen)
- pagamento da Recuperação Judicial (RJ) em R$ 89,9 milhões
- cota de reserva garantida de R$ 70,8 milhões na venda ou leilão da sub-sede da Kennedy
- cota de reserva de pagamento aos credores extraconcursais de R$ 10 milhões, na venda ou leilão da sub-sede da Kennedy
- cotas da SAF como garantia dos credores até a venda ou leilão da sub-sede da Kennedy
- pagamento da dívida na Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) sem desconto (valor não informado)
Por que a investidora desistiu da SAF do Paraná Clube?
Por conta do novo plano de credores, a NetxPlay optou por sair do processo de compra da SAF. A investidora não queria pagar o passivo da recuperação judicial (R$ 89,92 milhões) e nem uma eventual diferença financeira da negociação da sub-sede da Kennedy, que serviria para esse fim. O preço mínimo definido para a venda ou leilão do terreno é de R$ 70,8 milhões.
O principal ponto de desconfiança dos credores é pelo impedimento do patrimônio ser vendido ou leiloado, de acordo com a lei municipal nº 1550/1958, por ser um terreno doado para fins esportivos e sociais. Além disso, existe a multa de R$ 13 milhões pela quebra de contrato com o Espaço Torres, que tem direito a explorar os salões sociais até 2032, que diminui a quantia a ser recebida.
Outra exigência dos credores era a garantia dos recursos prometidos que, segundo o Tricolor, poderia chegar até R$ 687 milhões. A NextPlay, constituída em outubro de 2024 e com capital social de R$ 500, em dados públicos, não mostrou quem eram os investidores brasileiros e estrangeiros 'por trás'.
Leia a nota oficial do Paraná Clube
"SAF não se trata de uma venda qualquer. É um clube. Com história e torcida. E isso muda tudo.
Considerações iniciais
Uma transação deste porte jamais será simples – especialmente para um clube que não pode errar novamente. Criticar é um direito de todo o torcedor.
Mas, quando for SAF do Paraná Clube, lembre-se: a maioria das SAF's de pequeno e médio porte enfrentam problemas com descumprimentos contratuais e promessas não cumpridas.
Aos fatos
Nosso silêncio não foi omissão, mas responsabilidade. Estávamos até o momento sob NDA – sigla em inglês para Acordo de Confidencialidade. Este acordo perdeu a validade quando a proposta se tornou pública judicialmente no início de novembro de 2025.
Estamos em Recuperação Judicial
O que diz a Lei 11.101/2005:
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Como isso funciona?
O Judiciário indica um Administrador Judicial, e é criada uma Assembleia Geral de Credores, que decide sobre os planos de reestruturação e o pagamento das dívidas. Assim como as dívidas (passivos), os patrimônios (ativos) ficam como garantia dentro da RJ. Lembre-se: A SAF do Paraná é um destes ativos.
E quem está à frente do processo da SAF do Paraná?
Em 2024 foi criado o Comitê da SAF com objetivo de buscar investidores, bem como receber, avaliar e parametrizar propostas e apresentá-las ao clube. O comitê não escolhe investidor. Não decide plano. E não assina contrato.
Quem decide?
A proposta precisa ser aprovada pelos Conselhos do Clube e pelos Credores, em assembleia. Se tudo estiver dentro da Lei, a Justiça homologa o acordo.
Propostas
"Comunicar" a jornalistas não significa apresentar proposta formalmente ao clube. Infelizmente, alguns influenciadores do setor difundiram notícia neste teor, mas jamais verificaram a fonte. Por isso, comunicados que: Não tivemos proposta do "grupo do Ricardo Rocha" e não tivemos proposta do "sócio do Grupo Santa Cruz".
Como assim?
Tivemos conversas preliminares que não evoluíram por falta de projeto e/ou por falta de investimento no futebol. Mas, principalmente, por falta de garantia financeira.
A proposta que existiu
A única proposta vinculante foi a da NextPlay Capital. Proposta vinculante é a que cria um compromisso legal entre as partes e que gera consequências reais em caso de não cumprimento da mesma.
R$ 210 milhões a R$ 682 milhões* de investimento total. R$ 130 milhões para os credores.
*Conforme desempenho esportivo
Por que o investidor retirou a proposta?
Grupos de credores formaram maioria e não aceitaram a proposta. Eles mudaram um acordo pré-estabelecido em reunião e apresentaram um novo plano com condições que inviabilizaram o negócio.
Qual o erro do plano dos credores?
O plano pretende leiloar a SAF, mas sem liberar a SAF. Ou seja: o investidor compra, mas a SAF continua como garantia dentro da Recuperação Judicial. Isso não existe em nenhuma outra SAF do país. E vai continuar não existindo.
O impacto real
Nenhum investidor sério comprará uma SAF "bloqueada". Sem investidor, não há solução. A SAF trava e o credor não recebe.
Qual a posição do Clube?
O Paraná Clube não aceitará uma venda hostil, sem aprovação interna. A venda hostil permite que qualquer grupo compre a SAF sem contratos vinculantes. Ou seja, sem obrigações pré-definidas – como investimentos em infraestrutura e/ou no futebol. Isso permitirá que o comprador, por exemplo, uma construtora, adquira o clube e apenas o feche, a fim de utilizar somente os imóveis.
O plano precisa ser corrigido. Em comum acordo ou judicialmente, contestaremos qualquer tenativa de leilão da SAF. No dia 28/11/2025, entramos com o pedido de indeferimento do Plano Modificativo aprovado na Assembleia de Credores. A recusa por parte dos credores trouxe a falência do Paraná Clube novamente à pauta. Mas isso não acontecerá. Temos patrimônio que garante grande parte da dívida. E, como recuperanda, toda a operação está em dia.
E agora?
Temos torcida e temos história. O projeto SAF continua. E seguimos em busca de investidores".
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