Opinião: A Coletiva do Mano foi constrangedora

O treinador do Cruzeiro, Mano Menezes, disse que daria uma entrevista coletiva após o treino desta quarta-feira. Claro que era para confirmar a sua saída. Toda a imprensa vai até a Toca, debaixo de um dilúvio bíblico, mas aguardando o desfecho anunciado. Mano chega e diz que está tudo muito bem encaminhado, mas que ainda não fechou com o Shandong Luneng.

Se não é para não bater o martelo, por qual motivo ter coletiva?

O constrangedor é que ficou claro que está tudo acertado. Dizer que faltam detalhes importantes não cola. O único detalhe importante é o valor que o treinador ganhará, os tais R$ 50 milhões por dois anos, que é um motivo bem consistente, desses que podem fazer Mano deixar par lá os princípios de que "é uma vergonha o clube brasileiro não ter um projeto de longo prazo para o treinador" (coisa que ele tem no Cruzeiro) e que "para um profissional não é bom ir para um mercado menor" (que é o que ele vai fazer).

Sou pró-capitalismo e Mano tem de ir mesmo, pois o salário que receberá é inacreditável e se ele não aceitar outro tomará o seu lugar e ele, "por princípio", perderia a chance financeira da vida. Uma coisa é falar na teoria, outra é quando acontece na sua frente uma oportunidade dessa. Talvez alguém com verve religiosa (Ghandi, Madre Tereza, Dalai Lama, Papa) algum Franciscano, ou um filósofo grego tipo o Diógenes não topasse. Mas não é o caso.

- Técnicos podem ser demitidos quando o trabalho não é bom, então tem de ser aceito quando o técnico recebe uma proposta como a que eu recebi, fora dos padrões. Não dava para não desconsiderar - disse Mano.

Com esta declaração, há dúvida de que ele sairá? Claro que não.

Não dava para dizer logo isso na coletiva? Será que a multa que o Cruzeiro tem de receber e pode não estar no papel emperrou o que era certeza às 14h e deixou de ser certeza às 18h? Se foi isso, que se fale. Seria menos constrangedor.