João Havelange morre no Rio de Janeiro aos 100 anos

Ex-presidente da Fifa estava internado com pneumonia. Ele se envolveu em esquema de suborno e teve que renunciar a todos os cargos de honra, tanto na Fifa quanto no COI<br>

João Havelange
Havelange presidiu a Fifa até 1998 (Foto: OLIVIER MORIN/AFP)

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O ex-presidente da Fifa João Havelange morreu na manhã desta terça-feira, aos 100 anos, no Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O dirigente estava internado desde julho e lutava contra uma pneumonia.

Havelange, que completou 100 anos no dia 8 de maio, estava com a saúde comprometida nos últimos meses. Em dezembro chegou a ser internado por conta de problemas pulmonares

Durante oito décadas Havelange teve a vida ligada ao esporte. Foi nadador e jogador de polo aquático. Esteve nas Olimpíadas de 36 e 52, sem grandes conquistas. As “vitórias” vieram somente como dirigente.

Foi presidente das federações de natação de São Paulo e do Rio, antes de comandar a Confederação Brasileira de Desportos (como se chamava a atual CBF).

Em 1974 assumiu a presidência da Fifa, derrotando o inglês Stanley Rous, permanecendo no cargo até 1998. Foi responsável por aumentar o número de países filiados à entidade, que passou a ter mais membros que a própria ONU. 


Depois de presidir a Fifa por 24 anos (1974 a 1998) e fazer parte do Comitê Executivo do Comitê Olímpico Internacional (COI) por 40 anos, Havelange acumulou relações com dirigentes de todas federações esportivas do mundo, que ajudaram na escolha do Brasil para ser sede da Copa 2014 e dos Jogos Rio 2016.
Em 1998 Havelange foi substituído no comando da Fifa pelo suíço Joseph Blatter. Anos depois o dirigente abriu mão do posto de "Presidente de Honra da Fifa" por conta de escândalos de corrupção que supostamente envolviam seu nome. 

Nos seus últimos anos de vida o dirigente levava uma vida discreta e evitava conceder entrevistas.

CASO ISL


Ao mesmo tempo que fez as finanças da Fifa decolarem, levando o futebol a países antes inalcançados, Havelange ficou marcado por, na condição de comandante do futebol mundial, participar de um dos mais famosos esquemas de corrupção, envolvendo a empresa ISL, que acabou forçando-o a abandonar os cargos tanto na Fifa quanto no COI.

Segundo a Justiça Suíça, Havelange, o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e outros dirigentes receberam suborno da ISL para favorecer a empresa em contratos de direitos comerciais das Copas do Mundo nos anos 1990. Juntos, segundo documentos publicados pela própria Fifa, eles receberam 21,9 milhões de francos suíços (R$ 71 milhões na cotação atual).

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