Com tempero do interior! Saiba as histórias de Bahia de Feira e Atlético de Alagoinhas, finalistas do Baiano

Equipes, que protagonizarão neste domingo último ato da inédita final entre equipes do interior da Bahia, têm uma série de curiosidades em suas trajetórias na edição de 2021

Atlético de Alagoinhas 2x2 Bahia de Feira
Gol de empate do Atlético foi marcado aos 57 minutos do segundo tempo (Foto: Bahia de Feira / Divulgação

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A Bahia voltará de vez suas atenções para os recantos do estado. Neste domingo, às 16h, na Arena Cajueiro, Bahia de Feira e Atlético de Alagoinhas realizarão o último ato da inédita final de Estadual entre clubes do interior baiano. A contagem regressiva para a decisão (que teve um empate em 2 a 2 no jogo de ida em Alagoinhas) ainda rende um tempero de ansiedade nas duas cidades.

- Se eu pudesse, só acordava no domingo na hora do jogo! Sabemos que conquistar o título vai engrandecer mais ainda nosso projeto e nos abrir as portas para uma Copa do Nordeste e até pensar em novas divisões - desabafou ao LANCE! o dirigente do Bahia de Feira, Jodilton Oliveira Souza, empolgado com o sonho do bicampeonato vir após um hiato de dez anos.

A espera do Atlético de Alagoinhas pelo troféu é ainda maior. O mandatário Albino Leite realça o sonho de ver o clube, pela primeira vez desde sua fundação, sair de campo com o título estadual.

- São 51 anos de história. É a segunda vez consecutiva que a gente vai à final (na edição de 2020, a equipe perdeu o título para o Bahia nos pênaltis por 7 a 6). Há uma sensação de euforia tomando conta de toda cidade com esta nova oportunidade. Temos uma equipe com muitos jovens que estão em busca de sonhos - disse.


Técnico da equipe de Feira de Santana (cidade a 116 km de Salvador), Oliveira Canindé avalia este duelo com gosto interiorano.

- É estranho, né?! Por incrível que pareça, soa estranho. No início da competição, se espera que tenha Bahia e Vitória, pois são os grandes. Mas temos essa novidade aqui.  Felizmente, as duas equipes estão bem, espero que o Bahia de Feira se comporte bem. É um prazer muito grande viver esse momento. Só que a história mais bonita quem conta é quem vence, né?! espero que tenhamos competência e capacidade para termos mais um título no currículo - afirmou.

Comandante da equipe de Alagoinhas (cidade a 124 km de Salvador), Sérgio Araújo conta como está o ritmo de euforia com mais uma final.

- Sabemos que é um momento único em uma competição como esta, de uma final entre duas equipes do interior. O Atlético bateu na trave no ano passado, ao perder o título para o Bahia nos pênaltis. Existe muita ansiedade em relação ao jogo de domingo. Trata-se de um jogo que pode entrar para a história do clube. Por isto, a gente está muito mobilizado para sair com o titulo - declarou.

Com o empate em 2 a 2 no Estádio Carneirão, ninguém tem vantagem no jogo decisivo.

DEZ ANOS DEPOIS, ÍDOLO TENTA SEU BICAMPEONATO PELO TREMENDÃO

Diones - Bahia de Feira
Diones, campeão de 2011 volta com mais bagagem para buscar o bicampeonato baiano em 2021 (Divulgação / Bahia de Feira)

Do lado do Bahia de Feira, a luta pelo título dá um sabor ainda mais forte para Diones. Presente no elenco que conduziu o Tremendão ao seu primeiro título baiano, o volante vê semelhanças do time de 2011 em relação ao atual elenco.

- Eu vejo a parceria, a união, a simplicidade. Isto nos ajudou bastante em 2011, pois éramos azarões na final contra o Vitória, mas prevaleceu a força do nosso grupo, que na época era reduzido - e ressaltou sobre o que vê no Bahia de Feira dez anos depois:

- É um grupo no qual jogadores têm metas de carreira, não tem ninguém acomodado. Isso é um fator que pesa em uma decisão - completou.

O jogador de 35 anos, que depois da conquista estadual rodou por clubes como Bahia, Chapecoense, Ceará, Sampaio Corrêa e Botafogo-SP, contou no que acha que mudou neste intervalo de dez anos entre as finais de Estaduais pelo Bahia de Feira.

- Tenho mais maturidade. Rodei por campeonatos da Série A, Série B. É uma experiência que pode ajudar o grupo em momentos decisivos como este - disse.

Outro fator no qual Diones pode fazer a diferença é mais próximo da área. O volante é um dos artilheiros da equipe e também da competição, com quatro gols.

- Pois é, sou artilheiro da equipe ao lado do Deon. Mas isso é uma característica minha, de segundo volante aparecer na área. Se surgir a chance, vou estar por lá - mas frisou:

- Só não posso mudar muito minhas características, pois temos um retrospecto muito bom no nosso estádio e temos de ditar o jogo. Estamos nos preparando muito bem para esta final, na qual vamos enfrentar um time muito organizado como é o Atlético  - complementou.

'Tenho mais maturidade. Rodei por campeonatos da Série A, Série B. É uma experiência que pode ajudar o grupo em momentos decisivos como este', afirma o volante Diones


Mais à frente, o técnico Oliveira Canindé conta com Deon para furar o bloqueio do adversário. O atacante ressaltou o quanto o cenário é desafiador.

- Agradeço a Deus por essa responsabilidade. Sabemos que teremos um adversário difícil, mas temos de estar muito focados para aproveitar as chances e conquistar o título - e, em seguida, valorizou o fato de ter uma chance nova para sair com a taça nas mãos:

- É mais um ano no qual estou aqui. Agradeço ao Bahia de Feira por esta confiança. Ter esta base foi importante para ajudar os mais jovens a se adaptarem ao campeonato e também à rotina.  Nossa união e os jogos dentro de casa fizeram a diferença. Precisamos mostrar isso em campo domingo - completou.

O técnico Oliveira Canindé destacou que a equipe não chegará a se deixar entusiasmar com o placar elástico que teve na semifinal, quando goleou por 3 a 0 o Bahia (que atuou com time misto pois atuaria pela Sul-Americana no dia seguinte).

- Vencemos bem e convencemos. É um tipo de jogo no qual o atleta pode achar que joga tudo o que ele consegue. Mas, contra o Atlético, lá dentro, tivemos um alerta. Ficamos duas vezes na frente do placar e, logo depois, eles empataram. O segundo gol deles foi no último lance. Isto prova que as equipes são muito equivalentes e temos de lutar para a gente se impor - disse. 

'CÃO DE GUARDA' QUE SUOU POR ESPAÇO JÁ GARANTE FINAL NO CARCARÁ

Gilmar - Atlético-BA
Gilmar: primeira final em pouco tempo de profissional  (Reprodução / Facebook Atlético de Alagoinhas

A força do Atlético de Alagoinhas passa por um jogador que ralou muito até conseguir seu espaço. O experiente volante Gilmar recebeu um voto de confiança nos gramados pela primeira vez no Carcará.

- É verdade, me profissionalizei um pouco tarde, por falta de oportunidade mesmo. No ano passado, na reta final da Série D, o professor Carijé (Zé Carijé, antigo auxiliar do Atlético de Alagoinhas, que deixou o clube durante o Estadual deste ano) me chamou e aceitei o convite. Aos 33 anos eu achava que não ia mais realizar o sonho de menino, que era ser profissional. Mas tudo foi no tempo de Deus, Deus sabe das coisas - crê o atleta. 

O volante ressalta a maneira como é tratado no Carcará. 

- É uma equipe que me acolheu muito bem, meus companheiros confiam muito em mim e vem dando resultado em campo. Agora vamos para o jogo com o Bahia de Feira, que é um time muito qualificado. E final é final, um jogo que todos nós queríamos enfrentar. Estamos treinando na cidade de Serrinha, onde também tem campo sintético, para nos adaptarmos ao gramado de lá. E, se for da vontade de Deus e fizermos por onde, sairemos com um resultado positivo - declarou.

'Final é final, um jogo que todos nós queríamos enfrentar', diz o volante Gilmar


O técnico do Atlético, Sérgio Araújo, tece elogios sobre Gilmar.

- É um volante no estilo "pitbull", caçador incansável, firme na marcação. É uma história incomum de um jogador com idade avançada que chega ao profissional sem um lastro, uma base tática. Mas, mesmo assim, Gilmar é um rapaz muito inteligente, assimila bem as coisas. Além de desarmar as jogadas, ele constrói muito bem os ataques para nós - apontou, ressaltando:

- Trata-se de um dos jogadores do elenco que foram descobertos no Campeonato Intermunicipal da Bahia. Foi lá que descobriram também o Edilson, o Bobô, o Charles... - complementou.

Artilheiro do Carcará e do Estadual, o meia-atacante Ronan é outra esperança para a equipe surpreender fora de casa.

- Sabemos que vai ser uma batalha bastante complicada. Porém, estamos trabalhando bastante no dia a dia para fazemos um grande jogo. A expectativa é de fazermos um jogo compacto, de poucos erros para que nos tornemos campeões - disse. 

O treinador Sérgio Araújo reforça o quanto Ronan, que foi decisivo ao marcar o gol de empate aos 57 minutos do segundo tempo, é relevante para o Carcará.

- Além de ser um dos destaques, ele dá combate, vai para dentro, é capaz de desequilibrar as jogadas... Temos também o Fábio Lima, que pegou três pênaltis nas semifinais (contra o Juazeirense), o Miller, jogador também revelado no Intermunicipal. O elenco é muito bom - completou.

PLANEJAMENTOS TRAÇADOS DE MANEIRA DIFERENTE

Arena Cajueiro
Arena Cajueiro, estádio que está na foto, tem grama sintética (Foto: Reprodução)

A final do Campeonato Baiano colocará em campo dois treinadores com vasta trajetória no futebol nordestino. Contudo, Oliveira Canindé e Sérgio Araújo desembarcaram, no Bahia de Feira e Atlético de Alagoinhas, respectivamente, por caminhos diferentes.

Campeão da Copa do Nordeste pelo Campinense e da Série D com o Guarany de Sobral, Canindé não demorou a saltar aos olhos da diretoria do time de Feira de Santana. O dirigente do Tremendão detalha como foi o contato com o técnico, que também foi campeão estadual pelo Parnahyba e América-RN e tem passagens por clubes como CSA, Santa Cruz e Sampaio Corrêa.

- Tínhamos sido campeões em 2011 com Arnaldo Lira. Depois, passamos a apostar mais em soluções caseiros, mas não chegamos a buscar o título com a mesma força, intensidade. Entramos em contato com o Oliveira Canindé para a disputa da Série D em 2020, mas não deu certo. Ele se dispôs a vir treinar a equipe no Baiano e já está disposto a seguir na Série D deste ano. É um técnico que sabe do sentimento de pressão, vitorioso, formou uma equipe bem competente - afirmou Jodilton Oliveira Souza.

Já o Atlético de Alagoinhas teve mudanças no comando. Encarregado de levar a equipe a fazer uma boa campanha no Estadual, Estevam Soares durou apenas três partidas (com uma vitória e duas derrotas). Efetivado, Zé Carijé chegou a engatar uma boa campanha, mas logo depois pediu demissão. 

Depois, coube a Sérgio Araújo chegar ao Carcará para levar a equipe à rota da briga pelo título. O mandatário Albino Leite falou sobre as mudanças.

- Comigo não tem dessa, se não entra na nossa filosofia, eu mudo mesmo. O Estevam era um bom treinador a médio, longo prazo, mas o Estadual é tiro curto. Depois, Zé Carijé não quis seguir. Aí, encontramos o caminho com o Sérgio - disse.

O atual comandante do time de Alagoinhas contou como foi o desafio de pegar o trabalho no meio do Estadual.

- Peguei um trabalho consistente e muito bom do Estevam Soares, mas implementei um modelo de jogo diferente que foi muito bem recebido pelos atletas. O time respondeu bem, só que a gente tem de melhorar ainda algumas coisas na compactação de jogadas - destacou.

Oliveira Canindé, do Bahia de Feira, relatou a tensão que sente às vésperas da final.

- É como se os cabelos se arrepiassem, como se o seu sangue começasse a circular mais rápido pela sensação da conquista que você deseja. Ou você mata ou morre. É necessário que a gente se acostume a sempre brigar por conquistas - assegurou.

Com passagens por clubes do interior baiano, como Colo Colo e Camaçari, e por times de Alagoas, como Murici e Coruripe, Sérgio Araújo recorre a um amigo para falar sobre como se sente diante do desafio de levar o Atlético ao seu primeiro título baiano na história.

- Trabalhei por muito tempo com Mário Sérgio, e uma das coisas que ele me passou foi de estar bem tranquilo e focado para tomar decisões corretas como técnico. É um momento ímpar para qualquer treinador, independentemente da competição, pois pode coroar o que a gente busca. Temos de analisar com frieza as possibilidades - definiu.

'NOS DETALHES' 

Atlético de Alagoinhas 2x2 Bahia de Feira
Nenhuma das duas equipes tem vantagem no jogo decisivo (Foto: MR Fotografia)

O fato do confronto ser entre equipes de níveis técnicos semelhantes é visto como um dos sinais de que é difícil cravar quem será o campeão. O técnico do Tremendão, Oliveira Canindé, falou o que espera do confronto.

- São duas equipes que se conhecem. O que fará diferença é não vacilar, a disposição, a confiança e a personalidade do jogador - e, em seguida, é definitivo sobre o que espera de sua equipe:

- Decisão você tem que vencer. Não tem de contar história e lamentar. Vamos acreditar no grupo que temos. A confiança é muito grande de que temos amplas condições de sair de campo vitoriosos - complementou.

Comandante do Carcará, Sérgio Araújo traçou o seu panorama da sua equipe.

- Temos uma carga emocional muito grande, por ser o segundo ano seguido na final. Conseguimos repetir este êxito, deixando para trás não só o Vitória na primeira fase, mas eliminando na semifinal o Juazeirense, que foi o time que mais somou pontos. Dá uma confiança, mas tudo vai depender do que encontrarmos no jogo. Tudo muda de uma hora para outra - e detalhou a perspectiva para o embate com o Bahia de Feira:

- Estamos com o foco muito bom, tivemos uma semana cheia para treinar. Nosso momento é ímpar. Acredito que estamos muito bem preparados para esta decisão - completou.

O atacante Deon não esconde o cenário desafiador ao encarar o time de Alagoinhas.

- O Atlético é um time que marca muito forte, se a gente fizer as viradas de jogadas com mais rapidez, podemos surpreender a marcação - garantiu.

O volante Gilmar, por sua vez, sinaliza o que espera quanto ao adversário de Feira de Santana.

- Sabemos que vai ser um jogo muito difícil, que o Bahia de Feira é um time muito bom. Será decidido nos detalhes. Quem errar menos, será campeão - assegurou.

O tempero promete ser forte para esta inédita decisão do Campeonato Baiano disputada no interior.

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