Veja os motivos que fizeram José Mourinho ser demitido do Chelsea

Treinador acumulou muitas polêmicas e poucos pontos nesta temporada

Mourinho é eliminado com o Chelsea na Copa da Liga Inglesa (Foto: Oli Scarff/AFP)
(Foto: Oli Scarff/AFP)

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Em 2014/15, o Chelsea foi campeão inglês, e tudo estava na boa: o time estava estruturado e nas mãos de José Mourinho, bem entrosado, e ainda chegaram reforços. Porém, foi só a nova temporada começar, e tudo desmoronou. Os Blues já perderam nove vezes na Premier League, e o primeiro turno ainda nem terminou. O português não resistiu e foi demitido nesta quinta-feira. Veja abaixo os motivos que levaram o técnico a perder o emprego.

Mesmo sem querer, Mourinho acabou "rogando uma praga" em cima de Hazard, principal jogador do seu time. Ao fim da última temporada, o português colocou o belga no mesmo patamar de Messi e Cristiano Ronaldo, e disse que o seu camisa 10 teve um ano melhor do que o português. O craque acabou entrando em uma péssima fase. Ainda não marcou gols em 2015/16 e chegou a ser barrado.

As contratações da última janela também não surtiram muito efeito. Como Mourinho já considerava o seu time satisfatório, foi pouco ao mercado. Mas dois reforços são emblemáticos. Um deles é Pedro. Reserva na temporada passada do Barcelona, ele decidiu sair do clube. Teve outras propostas, mas escolheu o Chelsea porque o português prometeu que seria titular. O espanhol até fez uma boa estreia, mas não emplacou uma sequência de qualidade, e perdeu espaço.

Diego Costa - Tottenham x Chelsea (Foto: AFP)
Diego Costa e Mourinho não se bicavam (Foto: AFP)

O outro é Falcao García. Depois de uma temporada ruim com a camisa do Manchester United, o colombiano foi devolvido ao Monaco. Mas os monegascos queriam repassar o atacante, e foi aí que apareceu o Chelsea. Mourinho prometeu que recuperaria o bom futebol dos tempos de River Plate, Porto e Atlético de Madrid. Meses depois, poucos minutos em campo e apenas um gol.

Na estreia do time na Premier League, em agosto contra o Swansea em casa, talvez o episódio mais grave dessa crise, e possivelmente o início do desmoronamento: a briga com Eva Carneiro, então chefe de departamento médico do time principal. O jogo estava empatado em 2 a 2, e nos últimos minutos, Hazard caiu no chão sentindo dores. Com a devida recomendação da arbitragem, ela entrou para atender o belga ao lado do fisioterapeuta.

Mourinho ficou uma fera. Disse que não precisava entrar em campo, e que ela deveria ter uma leitura melhor de jogo, alegando que Hazard precisava apenas de alguns segundos para descansar, e por isso ficou no chão. Ela foi afastada no jogo seguinte, e em setembro acabou deixando o clube, prometendo processar o português. Ela tinha excelente relação com os jogadores, e há boatos de que eles teriam sentido as dores dela, e por isso não estariam jogando com total qualidade.

Com insatisfação por causa deste episódio ou não, fato é que Mourinho viu os seus principais jogadores entrarem em fases terríveis. A espinha dorsal da temporada passada, formada por Courtois, Ivanovic, Terry, Matic, Fàbregas, Hazard e Diego Costa caiu muito de produção. O goleiro se machucou e perdeu boa parte dos jogos, sendo substituído por Begovic. O lateral-direito, sempre confiável, cometeu falhas pouco comuns em sua carreira, e a torcida chegou a fazer festa quando se machucou servindo à seleção sérvia.

A dupla de volantes também ficou muito abaixo. Matic era praticamente um ponto de equilíbrio, que dava liberdade ao resto do time. Sua segurança passou longe em diversos jogos. Quase que como um efeito dominó, Fàbregas foi junto. Em 2014/15 ele deu 18 passes para gols e foi o maestro do meio-campo, agora ofereceu apenas duas assistências, e chegou a ir para o banco de reservas.

Agora, Diego Costa merece um parágrafo (ou até mais) só para ele. Na temporada passada, foi o terceiro na lista da artilharia da Premier League com 20 gols e foi muito importante para o título. Porém, está longe de repetir a performance. Marcou só três vezes no torneio, além de mais uma na Liga dos Campeões. E pior: tem se destacado mais pelo temperamento explosivo.

O hispano-brasileiro sempre foi conhecido por sua forma viril de jogar, mas chegou a extrapolar. No clássico com o Arsenal, brigou com Koscielny e Gabriel Paulista, e ainda conseguiu causar a expulsão do brasileiro, que deu um coice no atacante. A atitude do atacante foi tão reprovada na Europa, que recebeu uma geladeira de Vicente del Bosque e foi esquecido na convocação da seleção espanhola. No fim do mês passado, no dérbi com o Tottenham, estava barrado, e após ver que não entraria, jogou o seu colete em direção a Mourinho. Outro episódio foi no jogo contra o Porto, em que esbarrou em Casillas, e depois de ver o cartão amarelo, partiu para cima do goleiro do Dragão, que é seu capitão na Fúria.

Mesmo com dificuldades em manter o vestiário em paz e fazer os seus jogadores brilharem em campo, Mourinho tinha muito prestígio com a torcida, que fazia manifestações pela sua permanência. Enquanto tudo isso rolava, o português dizia que estava com moral com Roman Abramovich, dono do Chelsea, e que iria ficar. A imprensa inglesa bancou que os dois tinham combinado de fazer uma limpa no elenco, ou o que chamaram de "caça às maçãs podres". Não teve tempo para tal.

Mourinho também teve episódios complicados com arbitragem e imprensa. O treinador nunca foi muito fã de jornalistas. Um bom exemplo foi após o jogo contra o Liverpool, em uma entrevista exclusiva à BT Sports, emissora que detém os direitos da Premier League (e paga caro para isso), Mourinho ou foi monossilábico, ou apenas balançou a cabeça, ou ficou dizendo "nada a declarar".

Após a derrota para o Southampton por 3 a 1, disse que os juizes tinham medo de marcar pênalti para o Chelsea. Foi multado. Contra o West Ham, foi ao vestiário do árbitro Jon Moss para reclamar durante o intervalo. Foi punido em uma partida.

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