Recomeço no Flu, Simeone e Seleção: Caio Henrique abre o jogo ao LANCE!

Com 21 anos, volante possui trajetória movimentada no futebol. Pelo Tricolor, saiu do anonimato e mesmo improvisado se coloca como um dos atletas mais regulares do Brasil 

Caio Henrique - Flamengo x Fluminense
Caio Henrique disputou 28 jogos pelo Fluminense e marcou um gol (FOTO: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.)

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Antes de chegar ao Fluminense, o volante Caio Henrique era um desconhecido para a maioria dos torcedores. No entanto, apesar da pouca idade, apenas 21 anos, já possui algumas histórias para contar, em uma trajetória de idas e vindas no futebol. Cria do Santos e com passagem pela Seleção Brasileira de base, o jogador foi vendido para o Atlético de Madrid antes mesmo de estrear pelos profissionais do Peixe.

Sem espaço no clube espanhol, mas com contrato até junho de 2023, retornou ao Brasil buscando um recomeço e no Tricolor encontrou a afirmação. Em entrevista exclusiva ao LANCE!, Caio Henrique passou a carreira a limpo, revelando o seu objetivo maior, que é disputar os Jogos Olímpicos do ano que vem.

- Já deixei bem claro que é a meta que eu tenho. Pretendo fazer uma boa temporada pelo Fluminense para voltar à Seleção. Todos os jogadores que possuem idade olímpica sonham com este momento e se pintar a oportunidade tenho que agarrar.

Apesar de ser volante de origem, Caio Henrique vem sendo usado por Fernando Diniz na lateral esquerda. O treinador deposita tanta confiança no jogador que não relaciona nenhum atleta da posição para o banco de reservas. Mesmo improvisado, Caio Henrique vem se destacando, mas deixou claro que prefere jogar no meio-campo.

- Minha posição de origem o professor sabe que é no meio-campo, só que eu deixei bem claro que se ele precisar eu vou trabalhar para ajudar o Fluminense. Se for para jogar na lateral, eu vou me dedicar ao máximo, e se for para jogar no meio, a motivação é igual. Então vem dando certo essa sintonia entre a gente.

Jogar fora da posição poderia atrapalhar o objetivo principal de Caio Henrique, já que em tese não está sendo observado no meio-campo. Entretanto, o volante enxerga que pode ganhar ainda mais pontos, uma vez que um jogador polivalente é bastante valorizado no futebol atualmente.

- Quem está no comando da Seleção hoje sabe que a minha posição de origem é volante. Então eu fazendo um bom trabalho na lateral pode ser uma vantagem porque quem faz mais de uma posição é bem valorizado, pode ser bom. Eu fico tranquilo. Se for para ir de meia ou lateral, vou sem problema. O importante é ser convocado e ajudar o Brasil.

Na próxima quinta-feira, Caio Henrique estará em campo mais uma vez pelo Fluminense, que enfrenta o Atlético Nacional-COL, no Maracanã, pela Copa Sul-Americana. O jogador projetou o confronto, prevendo uma partida bastante complicada.

- A gente sabe que vai ser um jogo muito difícil. Por mais que não estejam bem na competição local, sabem jogar a Copa Sul-Americana, recentemente chegando na final (2016). Foram campeões da Libertadores (2016). É um time com jogadores experientes, então esperamos um jogo bem difícil. Vamos tentar manter o nosso estilo de jogo, tentando deixá-los o mínimo possível com a bola, e quando pintar a oportunidade, matar a partida para levarmos uma boa vantagem para a Colômbia.

BATE BOLA COM CAIO HENRIQUE

Como foi a sua trajetória no Santos até ser vendido para o Atlético de Madrid?

- Entrei muito cedo, ainda na categoria sub-11, com dez anos recém completados. Passei dez anos da minha vida lá, mas não cheguei a estrear nos profissionais, fui vendido antes. Quando completei 18 anos, fui para Europa, ficando dois anos no Atlético de Madrid. Não tive muitas oportunidades, mas fiz minha estreia nos profissionais lá.

Caio Henrique - Santos
Caio Henrique nos tempos de Santos (Foto: Divulgação)

Por que a escolha pelo Atlético de Madrid?

- Profissionalmente era o melhor a se fazer, até porque estava em término de contrato com o Santos e não houve acordo. Sempre deixei claro que a minha vontade era ficar no Santos, tenho um carinho enorme pelo clube, dediquei oito anos da minha vida lá. Mas a oferta e o projeto que me ofereceram foram muito bons. Então eu conversei com a minha família, com os meus representantes e decidimos que era o melhor a se fazer.

Como foi a sua passagem por lá e qual foi o seu maior aprendizado com Simeone?

- Eu cheguei no Atlético de Madrid no juvenil. Fiz seis meses nessa categoria, fui bem, fiz uma boa temporada e conquistamos alguns títulos que o Atlético não conseguia há muito tempo. Fui fazer a pré-temporada com os profissionais e o Simeone me puxou. O que eu pude aprender bastante foi a questão da intensidade. O Atlético de Madrid tem a cara do Simeone, que como jogador tinha muita garra, muita vontade, então isso foi o que mais aprendi, ser um jogador intenso.

Caio Henrique e Simeone - Atlético de Madrid
Caio Henrique trabalhou com Simeone (Foto: Divulgação)

Por que você não conseguiu ter sequência por lá?

- Quando eu cheguei, o Atlético de Madrid estava se preparando para disputar a final da Liga dos Campeões. Era uma baita equipe, que manteve o alto nível. Então a concorrência ficou muito grande. Pensando na minha carreira profissional, eu percebi que precisava me desenvolver e ficar no Atlético, mas jogando poucos minutos, não seria interessante. Então deu certo vir para o Paraná, fiz o que eu queria, pude jogar, aparecer e ter uma sequência.

Deu certo então vir para o Brasil?

- No coletivo não foi bem porque a equipe foi rebaixada, mas para mim, pessoalmente, foi muito proveitoso porque eu tinha a intenção de jogar e consegui aparecer. Não era conhecido no Brasil, saí muito cedo, então para eu chegar ao Fluminense foi muito importante a minha passagem pelo Paraná. Foi muito importante também ter tido a vivência de disputar o Brasileirão, nunca tinha vivido isso nos profissionais.

Como é trabalhar com o Fernando Diniz?

- O estilo de jogo que o professor Diniz implantou no Fluminense, e em toda a carreira, é o que encaixa com o meu, que é de dar passes, ter a posse de bola e procurar jogar. Talvez até por isso no Paraná não deu tão certo. Nossa equipe não mantinha tanto a posse de bola, marcava mais do que atacava e talvez isso tenha me prejudicado um pouco. Graças a Deus está dando certo com o Diniz, o estilo de jogo está fluindo, a equipe está bem e quando vai bem o individual aparece.

Você enxerga semelhanças entre Fernando Diniz e Simeone?

- Eu pensei que não encontraria alguém como o Simeone, mas acho que encontrei. Em questão de trabalho, intensidade e cobrança, o Diniz está no mesmo nível que o homem de lá. Eu fiquei surpreso com os treinos daqui. No final de fevereiro, a gente treinava no sol de meio-dia, o coro comendo, alta intensidade. Talvez até por isso nossa equipe consegue terminar bem os jogos fisicamente. Então são bem parecidos na intensidade.

Você já jogou de meia, volante, lateral e até ponta. Essa polivalência é algo comum na sua carreira?

- Sempre me adaptei bastante em algumas posições, tanto que na peneira para entrar no Santos joguei de ponta direita, ainda no sub-11. Depois fui para a ponta-esquerda, recuado para a meia, até chegar a volante. Na equipe B do Atlético de Madrid joguei na lateral-esquerda. Isso é uma vantagem. Acho que o jogador tem que saber atuar em mais de uma posição. Com a temporada longa como é aqui no Brasil, sempre tem desfalque, lesão, então é preciso ser polivalente.

Na Seleção Brasileira que vai disputar a Copa América, foram convocados David Neres, Lucas Paquetá e Richarlison, jogadores que atuaram com você no Sul-Americano Sub-20 de 2017. Você se arrepende por ter ido para o Atlético de Madrid e com isso ter perdido espaço?

- Arrependimento eu acho que não, tudo é uma questão de amadurecimento. Foi uma experiência muito boa no Atlético de Madrid, pude aprender bastante e fazer a minha estreia como profissional, dividindo o vestiário com grandes jogadores. Acho que no Fluminense, fazendo bons jogos, mantendo um bom nível, logo logo as convocações chegam e quando chegar, tenho que fazer o meu melhor para me manter. O difícil não é ser convocado, mas sim se manter. Eu tenho a cabeça bem tranquila, venho trabalhando forte e tenho certeza que as oportunidades vão aparecer novamente.

Falando no Sul-Americano de 2017, o Brasil acabou não conseguindo a classificação para o Mundial. No entanto, você foi o capitão daquela Seleção. Como foi a experiência e quais foram os motivos que fizeram o time não conquistar o objetivo?

- Só de vestir a camisa da Seleção é uma honra enorme, ainda mais sendo capitão. Foi um momento bem especial para mim, mas ali o trabalho não encaixou. Nós estamos vendo que dois anos depois diversos jogadores estão na Europa, alguns na Seleção principal. Então qualidade não faltava, pode ter faltado alguma coisinha, mas nunca saberemos responder. Torço bastante pelos jogadores que estão lá. Acho que tem tudo para fazer uma boa Copa América e também um bom Pré-Olímpico.

Caio Henrique - Seleção Brasileira
Caio Henrique como capitão no Sul-Americano (Foto: Divulgação)

Além de você, Ganso também foi revelado pelo Santos. Como é jogar com ele?

- Quando eu estava na base ficava na Vila Belmiro para ver o time profissional do Santos e a maioria das pessoas queria ver Ganso e Neymar, e às vezes até mais o Ganso. Eu pelo menos, por ser da minha posição. Na base jogava adiantado, então ele é um cara que eu me espelhava, ainda mais por ter saído de lá, se torna uma inspiração maior. Graças a Deus o destino, dois anos depois, fez eu jogar com ele. É bem gratificante.

Por quê o Santos revela tantos jogadores?

- O Santos revela muito jogadores por darem oportunidades para a garotada, isso está no DNA do clube. Você vê que todo ano sai algum jogador de lá, todo ano se revela jogador, e os atletas quando são novos também querem jogar no Santos, tem esse sonho de jogar lá até porque viram Neymar, Robrinho, Diego, Ganso. Na minha época quando eu era da base, o Ganso estourou e ele era um cara que eu me espelhava bastante por atuar na época na mesma posição. Hoje por estar dividindo o vestiário com ele é muito gratificante.

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