Faxineiro, morador de rua e estrela: a história de Beiranvand, goleiro do Irã

Goleiro fugiu de casa para treinar na capital do Irã e se tornou uma das estrelas da Copa do Mundo da Rússia. Contra Portugal, defendeu o pênalti cobrado por Cristiano Ronaldo

Alireza Beiranvand foi um dos destaqus do Irã na Copa do Mundo
AFP

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O Irã não avançou para a próxima fase da Copa do Mundo, mas um jogador em especial pôde deixar a Rússia de cabeça erguida. O goleiro Alireza Beiranvand ganhou manchetes de jornais e fãs ao redor do mundo pelas suas atuações durante o torneio. A classificação é o de menos, pois o LANCE! conta a história de vida do atleta que pode ter perdido no campo, mas trilhou um grande caminho para chegar até o Mundial. 

Aos 25 anos, Beiranvand nasceu em Lorestão, cidade a 508 km da capital Teerã. É filho de nômades e sempre trocava de cidade para encontrar sustento. Na infância, trabalhou como pastor de ovelhas para ajudar seus pais e praticava futebol quando tinha tempo livre. Brincava de 'Dal Paran', um jogo que consistia em atirar pedras a longas distâncias - fato que o ajudou no futuro. 

Aos 12 anos, sua família se estabeleceu em Sarabias e Beiranvand passou a treinar com um time local. Era atacante, mas substituiu um goleiro que se lesionou e descobriu sua nova função. Seu treinador viu uma qualidade bastante interessante no garoto: sua força nos braços. Os anos praticando 'Dal Paran' ajudaram a chamar atenção e começar a ganhar destaque.

Apesar do sucesso, a mãe de Beiravand não gostava da ideia e - assim como grande parte dos pais iranianos - se preocupava com o futuro do filho. O pai do goleiro chegou a rasgar suas luvas, fato que o fez jogar descalço em várias oportunidades. As brigas em casa eram constantes até que ele pediu dinheiro emprestado a um parente e fugiu de casa, com destino a capital Teerã. 

No ônibus, conheceu Hossein Feiz, treinador de uma equipe amadora da cidade, que o deixou participar dos treinos por R$ 17 mil. Beiravand não tinha dinheiro para comer ou local para dormir, então passou a viver como morador de rua, dormindo na Torre Azadi, onde muitos migrantes pobres se reuniam. Vendo a situação, o treinador decidiu ajudá-lo a arrumar emprego. 

O primeiro foi como lavador de carros, onde não se sentia satisfeito e pediu demissão - sem avisar a Hossein Feiz - para ser entregador de pizzas. Certo dia, viu seu treinador entrando no estabelecimento onde trabalhava e precisou se esconder. Assustado, pediu demissão novamente e foi chamado para ser faxineiro. O problema é que o horário noturno o desgastava demais e atrapalhava seu rendimento no clube. 

Com más atuações, foi dispensado e estava voltando para a casa dos pais, até que o treinador do Naft sub-23 decidiu dar uma nova chance para o atleta. Beiravand ganhou uma oportunidade no segundo tempo da equipe principal e chamou atenção. As experiências atirando pedras o fizeram quebrar recordes. Entre eles, chegou a arremessar uma bola a 70 m, quebrando o recorde da liga.

Em 2015, Beiravand foi convocado para a seleção iraniana e ajudou na classificação para a Copa do Mundo da Rússia. Foi destaque pelas defesas que fez, principalmente nas partidas contra Espanha e Portugal, chegando a defender um pênalti cobrado por Cristiano Ronaldo. O menino que dormia na rua e limpava ruas virou uma estrela do futebol mundial. 

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