Dentista, fã de Gareca e ‘argentino’: as histórias do técnico da Islândia

Heimir Hallgrímsson é o responsável por comandar o pequeno país europeu em sua primeira Copa do Mundo da história. A estreia será contra a Argentina que ele tanto admira

Heimir Hallgrimsson - Islandia
Heimir Hallgrímsson é o treinador da Islândia (Foto: Handout / UEFA / AFP)

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Um dos melhores empregos do mundo. É assim que Heimir Hallgrímsson define a responsabilidade de comandar a estreante Islândia na Copa do Mundo de 2018, em caminhada que começa às 10h deste sábado (horário de Brasília), contra a Argentina. Mas essa não é a única ocupação deste senhor de 51 anos. Nas horas vagas, ele continua exercendo a profissão na qual se formou: dentista.

- Todos os islandeses fazem mais de uma coisa, têm dois ou três ofícios ao mesmo tempo ou vão mudando durante a vida. Pode até ter um dentista que também é treinador de futebol (risos) - disse ele, em recente entrevista ao veículo argentino Infobae.

Heimir não é só um personagem curioso e bem humorado. Talvez seja o principal responsável pela evolução da seleção islandesa, que começou a chamar a atenção do mundo ao alcançar as quartas de final da Eurocopa em 2016, quando ele era auxiliar do sueco Lars Lagerback. Além de auxiliar no trabalho de campo, o atual treinador iniciou naquela época um curioso trabalho para aproximar time e torcida.

Ele criou o hábito de, duas horas antes de cada partida em casa, visitar um bar próximo ao Estádio Nacional Laugardalsvöllur. Lá, mostra aos fanáticos qual será a escalação, como será a preleção, o que espera do jogo... As partidas da seleção não costumavam receber grandes multidões, então o papo era com 20 ou 30 pessoas. Hoje em dia, quase mil param para ouvi-lo. Essa rotina quase amadora do futebol no país encanta o comandante.

- Se um árabe chegasse aqui, comprasse um clube e trouxesse várias estrelas, a liga islandesa seria igual a qualquer outra. Em outras partes do mundo, as crianças sonham em jogar em um grande clube, batalham dos 10 aos 18 anos para chegar lá, ganhar dinheiro e salvar suas família. Aqui, as crianças jogam enquanto estudam, fazem outras coisas para viver... Sabem que o futebol não vai mudar suas vidas. Jogam e se esforçam só porque realmente amam o esporte. Eu não quero que isso mude - declarou.

Na mesma entrevista ao Infobae, Heimir revelou-se um grande admirador do futebol argentino. Não só de Messi, craque que seu time tentará brecar neste sábado, mas de ídolos do passado e técnicos do presente. Ricardo Gareca, que marcou época no Vélez Sarsfield (ARG), passou pelo Palmeiras e levou o Peru à Copa do Mundo, serve de inspiração.

- Gosto de Diego Simeone e Jurgen Klopp. Sem ter os melhores jogadores, eles conseguiram armar grandes equipes no Atlético de Madrid e no Liverpool. Ah, e tem mais um... Gosto muito do Gareca, que vem conseguindo grandes resultados sem ter grandes estrelas no time - disse ele, que já vestiu a camisa da seleção argentina, de quem agora é oponente.

- A primeira lembrança que tenho de uma Copa é de 1978, na Argentina. Eu e meus amigos de escola tínhamos camisas da Argentina. De Luque, de Ardiles... Eu tinha a do Mario Kempes.

Heimir não quer ser o protagonista. Faz questão de exaltar seus jogadores e de salientar que eles não estão na Rússia por acaso.

- Se as pessoas continuarem pensando que isso é como um conto da Cinderella, e que de alguma forma nós não merecemos o que estamos vivendo, então eles estarão nos subestimando. Até a Eurocopa, os jogadores eram atletas comuns. Hoje são heróis - disse, ao The Guardian.

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