Primeiro Treinador de Ashe usa o tênis para vencer o câncer e tragédia pessoal

Veteranos norte-americano é, mesmo em tratamento há 3 anos, o campeão de sua categoria em Porto Alegre 

Tradicional academia de tênis nos Estados Unidos é devastada por tempestade tropical
Foto: Redes Sociais

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Um dos maiores ícones do tênis mundial e número 1 do mundo da categoria 85 anos, o americano John Powless retorna à Porto Alegre onde estreia nesta quarta-feira na 33ª edição do Seniors Internacional de Tênis - Copa Yone Borba Dias, uma das maiores competições do mundo de veteranos e seniors, realizada na Associação Leopoldina Juvenil. Ele revelou dois dramas que vem superando com a ajuda do esporte, um câncer e uma chuva torrencial que em agosto destruiu a academia que mantém há 40 anos em Madison, Winsconsin, nos EUA.

Powless tem grande peso para o tênis americano e mundial. Ele foi responsável por revelar ao mundo nada mais nada menos que Arthur Ashe, campeão so US Open, Wimbledon e Australian e símbolo na luta contra o racismo e causas sociais. Morto por conta de AIDS em 1993, Ashe chegou a homenagear Powless durante discursos em uma universidade americana semanas antes de falecer. John ainda deu o primeiro emprego em sua academia para Nick Bolletieri que hoje tem o maior empreendimento de tênis do mundo em Bradenton , na Flórida, e ali revelou Andre Agassi, Maria Sharapova, entre outros.

Atual campeão do Seniors Internacional de Tênis de Porto Alegre, Powless falou sobre dois dramas de sua vida e que o tênis vem ajudando a curar. Há quatro anos, jogando um torneio em Antália, na Turquia, sentiu-se mal, teve que desistir e foi levado a um hospital em Viena, na Áustria, por Johannes Muehlemburg, companheiro do circuito Seniors. Ali, foi diagnosticado com câncer de cólon, na região do abdômen.

"Tive muita sorte que havia uma especialista lá, eles conseguiram retirar o câncer, ele acabou se acumulando, me puseram numa quimioterapia, o que não é muito bom, mas para evitar que ele voltasse. Originalmente me disseram que eu teria algo como 18 meses de vida, e estou vivendo quatro anos que descobri e me sinto bem. O tênis me dá energia, o que eles inserem no teu corpo faz mal, muitas pessoas perdem o cabelo, sobrancelha. Várias coisas aconteceram comigo por conta do tratamento. Não posso dizer que estou lutando para vencer, mas lutando para não deixarem me vencer , me manter ativo, meu corpo ativo vai ajudar bastante, talvez nem sempre, mas na maioria das vezes", aponta Powless que na próxima semana, quando voltar para casa, terá uma nova bateria de quimioterapia.

"Os últimos exames de imagem mostraram que o câncer estava estável e espero que o próximo exame mostre o mesmo. A quimio deixa seu corpo tonto. Se eu não tivesse ativo com o tênis talvez estivesse para baixo e me sentindo doente, mas com o tênis mantenho meu equilíbrio. Quando fiz minha primeira sessão de quimio o médico me disse para descansar alguns dias e fui pra quadra no sol. Quando saía da quimio ficava com um aparelho para fora do meu corpo carregando por dois dias, hoje não mais, mas jogava mesmo assim".

Powless joga tênis desde pequeno onde aprendeu na escola o esporte que era obrigatório com o basquete e o futebol americano. Aos 86 anos de idade ele deixa a doença de lado, a cura com o esporte e mais do que isso, quer que sua história sirva de exemplo: "Espero que com minha história e luta com a ajuda do tênis eu inspire as pessoas, nós estamos no mundo para ajudar outras pessoas, se eu conseguir ajudar me sinto muito bem . Estou curtindo estar ativo e com os amigos, honrado poder viajar, encontrar amigos e fazer novas amizades. Vou jogar enquanto estiver vivo e espero viver para sempre. Quero voltar a Porto Alegre ano que vem e mais ao Brasil, adoro o Brasil".

Além do câncer, Powless está em outro drama pessoal. Em agosto uma forte chuva destruiu sua academia que está há 40 anos em Madison. Nem mesmo as oito quadras cobertas escaparam. Ele e mais cinco pessoas, entre elas uma criança, ficaram presos até a madrugada por conta da pressão da água no lado de fora. A inundação não só acabou com todas as quadras, mas destruiu toda a estrutura de vestiários, bar, restaurante, lounge. O prejuízo gira em torno dos US$ 500 mil. E a seguradora que pagou fielmente desde que inaugurou a academia, não deu um centavo na reconstrução. A previsão é que a mesma esteja pronta somente para o fim de janeiro de 2019.

"A pressão da água estava tão forte que em um momento ficamos trancados lá dentro pois a pressão era tanta que não dava para abrir a porta para sair. Às 2 da manhã é que conseguimos sair. Havia 21 carros estacionads que foram destruídos pela enxurrada. Nossa academia tem 1,4 mil metros quadrados na parte central com vestiários, o lounge, o restaurante, o check in, a loja, ficou tudo destruído. Eles começaram a recuperar as quadras no fim de setembro e agora fim de novembro conseguimos jogar tenis de novo, mas não tem nada mais. Vai levar até o fim de janeiro para recuperar tudo, foi um desastre completo. O prejuízo total gira em torno dos US$ 500 mil (quase R$ 2 milhões), só para limpar o estrago nas primeiras semanas foram US$ 100 mil (R$ 370 mil), havia uma polegada e meia de lama na quadra de saibro. A seguradora que pago desde que inaugurei a academia não pagou nada, meus advogados aconselharam que teria altos custos e não seria garantia que ganharia no tribunal com uma ação. Tive que pedir empréstimo a bancos e vou pagar em até 20 anos".

Para ajudar nos custos, Sandra Mcdonald, sócia da academia de Powless, abriu uma vaquinha virtual chamada Rally for Powless (https://www.gofundme.com/rally-for-powless) que já arrecadou mais de US$ 35 mil: "As pessoas são tão boas. A Sandra estava no dia do acontecimento, ela viajou para Pequim, na China, e de lá começou essa vaquinha ela conseguiu US$ 35 mil. Mas a parte boa é que várias pessoas ajudaram do fundo do coração, não importa com quanto. Até mesmo pessoas do Brasil enviaram dinheiro. O poder da internet é que ajudou nessa vaquinha, jogadores seniors do Brasil enviaram emails, tive ajudas de Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro, Santos, fiquei emocionado, caíram lágrimas dos meus olhos. Eu gostaria de dar algo de volta, fazer clínicas para crianças, sem cobrar nada, e dizer obrigado a todas essas pessoas. Tivemos ajuda também da Argentina, México, África do Sul, Europa alguns países. A Associaão Seniors masculina e feminina dos Estados Unidos cada uma doou US$ 1 mil".

Powless ainda terá mais cerca de US$ 15 mil de apoio de um evento que a própria Sandra organiza para o dia 9 de dezembro. Será a exibição de seu documentário Gold Balls em um teatro em Madison. O duplista americano Rajeev Ram, um dos melhores do mundo e que disputou o ATP World Finals, em Londres, se dispôs a comparecer e enviar ajuda financeira. No momento porém Nick Bolletieri ainda não se manifestou para qualquer apoio.

"Não recebi ajuda do Bolletieri a quem dei o primeiro emprego de sua vida. Mas também não sou uma pessoa que vai atrás e fica pedindo, não sou de fazer isso. Ano passado estive em um evento com a mãe do Andy Murray (Judy) e com o Nick, ele me cumprimentou normal, vez ou outra nos encontramos em alguns eventos. Mas não sou aquele cara de perguntar, pedir dinheiro, não gosto de dizer isso".

Powless estreia nesta quarta-feira em Porto Alegre contra o australiano Adrian Alle, terceiro do mundo. Alle venceu seu primeiro jogo contra o brasileiro Nilo Moreira nesta terça-feira por 6/3 2/0 e desistência. A disputa promete ser apertada, mas John vê rivalidade saudável: "Conheço ele muito bem. Alle, nesse estágio da carreira é mais diversão, quando somos jovens é que tem aquela rivalidade. Somos amigos de longa data, sentamos à mesa, conversamos, combinamos de sair para jantar juntos . Fizemos boas partidas , nosso recorde é meio a meio. O nível está alto da categoria pois o Nilo Moreira o havia derrotado no Chile. Mas aqui a recompensa é a amizade."

A rodada segue até o fim do dia contabilizando 42 jogos. Nesta quarta-feira estão previstas mais de 50 partidas nas quadras da Associação Leopoldina Juvenil com entrada gratuita ao público. A programação será divulgada nas próximas horas.

A competição em 2018 teve um aumento de países. De 17 em 2017 pulou para 20 em 2018. São atletas do Brasil, Áustria, Jordânia, Costa Rica, Chile, Argentina, Holanda, Lituânia, Peru, Espanha, Itália, Colômbia, Alemanha, EUA, Grécia, França, Canadá, Austrália, Uruguai e Bolívia. São 224 atletas, sendo 24 entre os dez melhores do mundo e quatro deles liderando o ranking nas respectivas categorias.

Resultados desta Terça-Feira (27/11):

MS85 Adrian ALLE (AUS) 6/3 2/0 desistência Nilo MOREIRA (BRA)

MS75 Jose Carlos SILVESTRE (BRA) [4] 6/1 6/1 Walter SPIEKER (BRA)

WS75 Lilian Eisele PARDO (CHI) [2] 6/0 6/0 Tamiko CASTRO (BRA)

MS75 Sergio RYMER (BRA) Caetano ORLANDO (BRA) venceu por WO Sergio RYMER (BRA)

MS75 Giuseppe VENTO (ITA) [3] 6/0 6/1 Joao Reinaldo THOMAZ FILHO (BRA)

MS75 Gabriel GALVEZ CARRASCO (CHI) venceu por WO Francisco MENEZES COELHO FILHO (BRA)

MS75 Enzo MIGLIORINI (ITA) 6/7 (3) 6/2 6/4 Jurandir SEBASTIAO (BRA)

MS75 R16 #4 Robert ANTONUCCIO (FRA) 6/2 7/5 Jose Newton DE LIMA (BRA)

MS70 Christian COUDASSOT (FRA) 6/2 6/1 Joao TRAMONTIN (BRA)

MS70 [3] Antero BICCA (BRA) venceu por WO Petras VOZBUTAS (LTU)

MS70 Jairo VELASCO RAMIREZ (ESP) [2] venceu por WO Mario Queiroz ALVES (BRA)

MS70 Jan KOFOL (USA) 6/1 6/4 Arnaldo BENINI (BRA)

MS70 Johannes MUEHLENBURG (AUT) [4] 6/1 6/3 Antonio De Oliveira JADIR (BRA)

MS70 Roberto GARDETTI NAZZARENO (ITA) 6/1 6/1 Antonino ALMEIDA FILHO (BRA)

MS70 R16 #4 Jose Adonis RIBEIRO (BRA) Sergio BONN (BRA)

MS65 R16 #4 Ramon LOPEZ ROJO (ESP) Adalberto SPADINI (BRA)

MS65 Javier RESTREPO (BRA) 6/0 6/0 Wilson EMILIO DA SILVA (BRA)

MS65 Jose Carlos BOHRER (BRA) 7/6 (2) 6/32 Sergio MALINOSKI (BRA)

MS65 R16 #3 Wong Kwong KWAN (BRA) [4] Antonio Ildefonco RIBEIRO (BRA)

MS65 R16 #2 Telmo XAVIER (BRA) Mario LARANGEIRA (BRA)

12h30

MS60 R16 #24 Alejandro SPINELLI (ARG) Amadeu FACANHA (BRA) [2]

MS60 R16 #23 Patricio RABBA (CHI) [8] Nelson Jose Tartarelli GERMANN (BRA)

MS60 R16 #20 Renato Grillo FLACH (BRA) Markus STAUDER (AUT) [6]

MS60 R16 #22 Tarcisio BATISTA LEITE (BRA) Roberto MARCOLLA CALVET (BRA) [4]

MS60 Alberto LEWIS (BRA) venceu por WO Stephen DANCE (AUS) [5]

WS60 RR1 #2 Ana Rita BATISTA (BRA) [2] Ingrid Renate TRETESKI (BRA)

WS60 RR1 #1 Elizabeth Cecilio DRUMMOND (BRA) Lucia Pekelman RUSU (BRA)

14h

MS60 R16 #17 Carlos BEHAR (COL) [1] Claudio Duarte LOBAO DE QUEIROZ (BRA)

MS60 R16 #19 Eduardo Augusto IZOLDI (BRA) [3] Patrick LACOSTE (FRA)

MS60 R16 #18 Sergio HANSEN (BRA) Eduardo Pagnoncelli PEIXOTO (BRA) [7]

MS50 R32 #15 JUAN JESUS TORRES CHAVEZ (PER) Alberto ANDRADE (BRA)

MS50 R32 #14 Gilso SANTOS (BRA) Pablo RIVERA ONETTO (CHI)

MS50 R32 #13 Rafael QUINTERO (COL) [8] Cesar Agusto CHAGAS COELHO (BRA)

15h

MS50 R32 #11 Jose Luis ANZORENA (ESP) Claudio Farah ANDERI (BRA)

MS50 R32 #4 Alexandre ROBINY PINTO (BRA) Eurico CARVALHO (BRA) [5]

MS50 R32 #9 Carlos Roberto CUCCHI (BRA) [6] Alexandre Pires LOBO (BRA)

MS50 R32 #8 Leonardo CASSEL (BRA) Alejandro HERREROS (CHI) [7]

MS50 R32 #7 Nilton GIBALDI FILHO (BRA) Rubens SOUZA (BRA)

MS50 R32 #2 Nelson Victor CUNHA (BRA) Jose Luis JUAREZ (ARG)

MS50 R32 #3 Rauch EUCLECIO RAUCH (BRA) Flavio MOURA (BRA)

16h

MS50 R32 #10 Gelson Luiz AMALCABURIO (BRA) Ricardo HOERDE (BRA)

MS50 R32 #6 Paulo GIMENEZ CARAZO (BRA) Clayton DIAS DZIEDICZ (BRA)

Mais informações no site do evento - http://seniorsbrasil.com.br/etapa2018/portoalegre/

A 33ª edição do Seniors Internacional de Tênis de Porto Alegre - Copa Yone Borba Dias tem o patrocínio da Melnick Even – Líder em Alto Padrão, e conta com os apoios da NET Claro, Master Hotéis, Água Crystal e Roubadinhas. A organização e produção é da PROTENIS PROMOÇÕES ESPORTIVAS e BLEND e o evento é oficializado pela Federação Internacional de Tênis, Confederação Brasileira de Tênis, Federação Gaúcha de Tênis e é realizado na Associação Leopoldina Juvenil.

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