Tricolor na final: ‘Título coroou segundo semestre perfeito’, relembra Ney Franco sobre São Paulo de 2012

Comandante da última Sul-Americana ganha pelo Tricolor relembra trajetória na competição e diz que se sente orgulhoso de fazer parte da história são-paulina

Ney Franco - como técnico do São Paulo (2012 e 2013)
Ney Franco durante jogo do São Paulo na Sul-Americana de 2012 (Foto: Miguel Schincariol/Lancepress!)

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Quando Ney Franco assumiu o comando do São Paulo, a situação não era das melhores. Eram quatro anos de fila e, para piorar, todos os principais rivais haviam conquistado títulos no primeiro semestre (Santos, o Paulista, Palmeiras, a Copa do Brasil, e o Corinthians, a Libertadores).


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Aos poucos, contudo, o que era um torneio visto para preencher espaço no calendário se tornou uma chance concreta de título. E Franco cravou seu nome na história com a inédita conquista são-paulina.

Em entrevista exclusiva ao LANCE!, o treinador relembrou os detalhes da trajetória, revelou a honra particular em fazer parte do panteão tricolor e desejou sorte ao agora colega de profissão Rogério Ceni, com quem teve rusgas no período em que passou pelo Morumbi.

- Nós vimos para o São Paulo uma possibilidade real de título naquela Sul-Americana. O time estava há quatro anos sem nenhuma conquista. Assumi o clube no final de julho, era exatamente a virada de turno e a campanha até então tinha números muito abaixo do potencial daquela equipe. Começamos a encorpar durante a Sul-Americana e arrancamos no Brasileirão. Saímos de um 12º lugar e terminamos em quarto, com a melhor campanha do returno. Foi um segundo semestre perfeito.

De fato, Franco chegou ao Morumbi após a demissão de Emerson Leão, que além da campanha irregular no Brasileirão colecionava eliminações para o Santos, no Paulistão, e Coritiba, na Copa do Brasil. Por muito pouco a Sul-Americana não acabou precocemente ao Tricolor. Mas o treinador, que deixara um cargo na CBF para assumir o Tricolor, readequou o planejamento para tentar subir degraus na principal competição nacional - cujo objetivo era a vaga na Libertadores - com as longas viagens no continental. Soa familiar?

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- Realmente a Sul-Americano ela foi ganhando o corpo né? Dentro dos anos ela foi também melhor planejada, com um retorno financeiro maior para os clubes. Eu me lembro que quando a gente ganhou, só o Internacional tinha o título no futebol brasileiro. E a gente encarou essa competição como mais um título que era pra estar na galeria de títulos do São Paulo. Acabou sendo um título inédito. Para o São Paulo então eu vejo que hoje ela é uma competição supervalorizado e a experiência de conquista sempre é boa né? Aquela conquista foi muito boa para o clube e para o torcedor, que lotou o Morumbi em uma final após vários anos. Além da experiência internacional. Afinal todos os profissionais que participaram da campanha hoje podem exibir a Sul-Americana para engrandecer o seu currículo.

E assim foi. Com seu planejamento em mãos, Franco foi encarando as armadilhas e dificuldades de se disputar duas competições de primeiro nível. Na Sul-Americana, por exemplo, o treinador cita o duelo com a LDU de Loja, do mesmo Equador que o adversário da final deste ano. No duelo de ida, empate em 1 a 1 diante uma altitude de 2 mil metros e uma viagem que envolveu quatro baldeações. Na volta, estafado, o time segurou um 0 a 0 no Morumbi e se classificou no critério do gol de fora.

Poderia ter sido um fator de desequilíbrio na campanha, mas a reação Tricolor não poderia ter encontrado adversário melhor: a exaltada Universidad de Chile, de Jorge Sampaoli. Duas vitórias fáceis. No Chile, por 2 a 0. E no Pacaembu, mais de 30 mil torcedores lotaram o Pacaembu para ver o chocolate de 5 a 0.

Todas essas lembranças permeiam o imaginário de Franco até hoje. Mas é inegável que a final é a que provoca as maiores emoções no treinador, por tudo o que aconteceu, incluindo a suspensão do jogo no intervalo, após o Tigre, da Argentina, abandonar o jogo alegando falta de segurança.

- Você entrar no Morumbi lotado com a torcida desde o momento que você entra no ônibus, aquela energia ali mostrava pra nós que não tínhamos como a gente perder aquele título. Foi comemorada de uma forma muito diferente, porque realmente teve apenas um tempo de jogo, mas a gente teve a competência para ganhar o jogo por 2 a 0. Foi um jogo catimbado, com os argentinos um pouco irritados porque não conseguiram se aquecer dentro de campo. Foi um jogo muito faltoso.

Mas o que importou para todos no Morumbi naquela noite, afinal, era a retomada das glórias internacionais, que fazem do Tricolor recordista no futebol brasileiro.

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- Uma das coisas que a gente nota, no torcedor, da diretoria do São Paulo, é a valorização que eles têm dos profissionais que passaram pelo clube e conseguiram resultado. E a gente vê isso nitidamente, principalmente na concentração do clube, são os quadros que tem ali afixado nas paredes só das equipes campeões. Então hoje eu assim eu sinto orgulhoso de saber que eu passei pelo São Paulo, um ano de trabalho, um ano com os números muito bons. E de ter no currículo hoje um título internacional. E isso ficou marcado na história do clube, algo que ninguém apaga.

Experiente na competição, Franco diz não só torcer, mas acreditar que o Tricolor possa sair de campo campeão.

- Eu acho que o São Paulo tem todas as condições de vencer o jogo. Já teve situações complicadas dentro da competição que conseguiu sair e está na final. E será em jogo único, diante de um adversário que é difícil. Um jogo sem favoritismo, mas o São Paulo tem a sua tradição, sua camisa, sua torcida que tenho certeza que vai invadir a Argentina. Com o trabalho que está sendo desenvolvido, com os atletas de alto rendimento que o São Paulo tem hoje, a chance (de ser campeão) é grande. E a gente está torcendo muito pra isso.

Caso o título venha, Franco dividirá a galeria de técnicos campeões com Rogério Ceni. Ambos tiveram um atrito no ano seguinte à conquista, quando o então goleiro pediu pela entrada de um jogador e foi apreendido publicamente. Episódio que se mostra superado.

- Eu acho que o Rogério já vem consolidando o nome dele como um dos principais treinadores do futebol brasileiro. Ele teve a primeira oportunidade de treinar o São Paulo e acho que chega nessa segunda passagem com mais experiência, isso é natural na carreira de todo mundo e tem tudo para desenvolver um trabalho com muita qualidade da forma como ele vem desenvolvendo nessa temporada. Eu acho que ele está no clube certo, onde ele conhece todos os meandros, conta com o respeito enorme da torcida e principalmente da mídia de São Paulo. Então eu acho que ele tem tudo para sempre desenvolver em cada temporada um trabalho com excelência à frente do São Paulo.

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