Entenda como eliminações tiveram influência no orçamento do São Paulo

Distante de meta de arrecadação e com eliminações precoces, clube vê déficit de R$ 77 milhões em 2019 e dívida crescente. Indicação é de que clube terá de negociar jogadores

Morumbi - São Paulo x Palmeiras
São Paulo tem números preocupantes de arrecadação até agosto neste ano de 2019 (Foto: Fellipe Lucena)

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Se dentro de campo as coisas começam a se encaixar, fora dele o São Paulo vive momentos de tensão. Isso porque em relatório interno divulgado pelo clube para conselheiros e obtido pelo LANCE!, há o registro de um déficit de R$ 77 milhões até agosto deste ano. Ao mesmo tempo, há o aumento da dívida, que está em R$ 414 milhões, aproximadamente R$ 144 milhões a mais do que em dezembro de 2018. A indicação é de que será preciso vender jogadores.

De acordo com o documento, não ter conseguido arrecadação suficiente com a venda de atletas e somar eliminações precoces causaram esse buraco financeiro nesses meses. A previsão era faturar em torno de R$ 120 milhões, enquanto só foram obtidos aproximadamente R$ 70 milhões, ou seja, R$ 50 milhões a menos do que foi orçado no início do exercício.

"O planejamento é readequar o elenco de atletas no sentido de reduzir custos e prover receitas suficientes, substancialmente com a negociação de direitos federativos de atletas profissionais e com melhor desempenho esportivo da equipe de futebol, para manter o custeio mensal do futebol profissional e reduzir o endividamento geral do Clube, objetivando os patamares previstos na proposta orçamentária aprovada pelo Conselho Deliberativo", diz o relatório.

A venda de Morato para o Benfica, no valor de R$ 27 milhões, ainda não foi incluída nesse relatório, o que acontecerá nos próximos. Esse buraco poderia ser coberto no meio do ano, quando o Tricolor recusou uma proposta de R$ 83 milhões do Manchester City, da Inglaterra, por Antony. Foi priorizado o campo e ainda houve o investimento em contratações caras como Alexandre Pato e Daniel Alves, que ainda terão aumentos no vencimentos a partir de 2020.

Além disso, a expectativa de arrecadação com direitos de transmissão de TV era bem maior do que foi conquistada em campo. Com as eliminações precoces na Copa Libertadores e na Copa do Brasil, os números não foram atingidos. A previsão era de R$ 118,5 milhões, mas só foram arrecadados até aqui pouco mais de R$ 65 milhões, ou seja, R$ 53 milhões a menos do que o orçado.

No entanto, esse rombo com direitos de TV pode ser amenizado neste fim de ano, dependendo da posição alcançada no Campeonato Brasileiro. Vale ressaltar que com o novo método de negociação, a maior parte do dinheiro entra para as contas do clube a partir do mês de julho, o que ajuda a provocar a variação negativa nesse aspecto apresentado no relatório.

Somando toda a arrecadação prevista (R$ 354.978.000,00) e comparando com a que foi realizada até agosto (R$ 237.768.000,00), a diferença é bastante significativa: R$ 117.209.000,00. Esse orçamento parece até mais fora da realidade quando pegamos as despesas (R$ 314.309.000,00), que ficaram abaixo do valor previsto (R$ 314.951.000,00), mas estão longe de serem cobertas pelas receitas R$ 237.968.000,00), daí o déficit de R$ 76.541.000,00 nos primeiros oito meses de 2019.

Como se não bastasse o déficit deste ano, o São Paulo também vê a dívida do clube aumentar de forma preocupante desde dezembro do ano passado. Em 2018 o clube fechou com endividamento de R$ 270.380.000,00. Até agosto deste ano o valor subiu para R$ 414.428.000,00. Vale lembrar que o clube teve alguns episódios de atraso salarial durante a temporada.

Um dos aspectos que influenciaram nesse aumento foi a procura por dinheiro no mercado com instituições financeiras. De dezembro de 2018 até agosto de 2019, o clube pegou emprestado R$ 38,7 milhões. Além disso, somente com entidades, terceiros e intermediários o clube gastou R$ 56,7 milhões em oito meses. Já com obrigações empregatícias os custos passaram de R$ 19,7 milhões no fim do ano para R$ 43,7 em agosto, variou quase R$ 24 milhões.

Nesta semana o presidente do Tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, completou quatro anos de mandato. No fim de 2020 há uma nova eleição no clube, em que o atual mandatário não poderá concorrer, o que fará com que os bastidores fiquem ainda mais em ebulição internamente.

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