Bastidores: como quedas de São Paulo e Rogério Ceni ajudaram Pato a encaminhar retorno ao Morumbi

Resiliente, atacante moveu suas peças no tabuleiro e esperou para poder concretizar sonho de voltar ao Tricolor

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Pato e Rogério Ceni conversam no Reffis do CT da Barra Funda, em fevereiro (Foto: Divulgação/SPFC)

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Alexandre Pato está muito próximo de ser anunciado como nova contratação do São Paulo para a temporada. É o capítulo final de uma novela que, se pelo menos em audiência fracassou consideravelmente por conta de tramas mais interessantes vividas pelo clube paulista até aqui no ano, por outra mostrou ter um enredo muito bem amarrado e que prometia final feliz para ambos os lados desde que o primeiro capítulo foi ao ar, ainda no final do ano passado.

Como um casamento sem direito a divórcio, tão logo Pato rescindiu o contrato com o Orlando City, dos EUA, em setembro, seu nome passou a ser cogitado no Morumbi. Mas pelos lados tricolores as prioridades eram outras.

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Pudera… O time do então técnico Rogério Ceni juntava os cacos após a perda da final da Copa Sul-Americana. E a diretoria tomara a decisão de entregar parte da chave do comando do clube ao treinador. Ninguém mais chegaria sem seu aval. E então a união estável que parecia fadada a ser reativada foi adiada em um primeiro momento.

Pato, que sempre teve como objetivo voltar ao Tricolor, entendeu dois pontos: teria que driblar Rogério Ceni para cavar seu retorno e também mostrar que estava em ampla recuperação da cirurgia feita para reconstruir o ligamento cruzado anterior do joelho direito.

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Para alcançar os dois objetivos, o atacante, depois de recusar propostas de equipes como Santos, Fluminense e Cuiabá, decidiu no início de fevreiro a pedir ao presidente Julio Casares, de quem é próximo, para se recuperar no Reffis. Foi um movimento ousado. O uso das instalações são-paulinas ocorreu diante de um dos piores períodos do clube do Morumbi quando o tema em pauta era o grande número de jogadores contundidos.

Mesmo assim, a chegada de Pato ao cotidiano do São Paulo criou duas realidades distintas. No cotidiano do CT da Barra Funda, a recepção fria de Ceni que já era esperada se concretizou. Mas valia ao atacante de 33 anos os outros lados da equação: proximidade com os líderes do elenco, de quem se tornou amigo, e a associação de seu nome ao Tricolor, cativando na imprensa e torcida a pergunta que soa óbvia: quando afinal ele seria anunciado?

A reação veio mais rápido do que o esperado: dias após sua chegada, Casares enfrentou microfones de jornalistas cariocas na sede da CBF que, sem tanta familiaridade com as questões do clube, abdicaram de perguntas sobre outros temas em voga, como a parceria com o Palmeiras e atrasos nos direitos de imagem, para focarem em Pato. Ponto para o atacante.

Se Pato seguiu fora das reuniões entre Ceni e diretoria por todo 2022, em março, conforme o LANCE! apurou, o assunto foi levado à mesa pela primeira vez, de olho na possibilidade de inscrição de jogadores para a fase final do Paulistão e o elenco sem os centroavanates Calleri e Erison, contundidos. Categórico, o ex-goleiro foi taxativo em afirmar que via as questões físicas do ex-companheiro de time como um impeditivo à sua contratação. Ou seja, ele custaria caro e demoraria a entrar no nível do restante do elenco. Valores e tempo de vínculo falados nesse encontro, contudo, permanecem guardados até hoje.

O pior então aconteceu: o São Paulo acabou eliminado do Estadual nos pênaltis para o Água Santa em um dos maiores vexames de sua história. E então Pato deu um movimento ousado, procurou Casares por conta própria e se colocou à disposição para reforçar o clube por um contrato de produtividade.

A informação vazou nos corredores do Morumbi e foi o suficiente para que Henrique Gomes, o Baby, presidente da Torcida Independente, principal organizada do clube, postasse pedido pela contratação do veterano em suas redes sociais.

O assunto acabou superado no interesse do torcedor em outras bombas que caíram no Tricolor no período (caso Pedrinho, treta Ceni x Marcos Paulo) e a própria diretoria seguiu sem tempo hábil para conversar com seu treinador sobre Pato e resolver problemas de relacionamento do elenco com ele ao mesmo tempo.

Mas ficou na cabeça dos dirigentes a imagem de um Pato cooperativo durante os episódios, que conversou com os atletas protagonistas das polêmicas, passou confiança aos mais jovens, mais participativo, enfim, mesmo sem nenhum vínculo formal com o clube.

Foi a deixa para a contratação ser selada. Restava convencer Ceni. Literalmente no passado, já que os cartolas esperavam apenas o sim de Dorival Júnior para demitir o ex-goleiro. Isso fez o então técnico tratar o assunto com extrema frieza em sua última entrevista no comando do São Paulo.

Com o novo comandante sim, o debate sobre Pato foi aberto. Dorival foi consultado de imediato sobre o jogador e deu o seu aval, que só não aconteceu no fim da segunda janela de transferências do futebol brasileiro, no fim de abril porque os médicos decobriram que o atacante precisava de mais 60 dias para se recuperar por completo da contusão.

Segundo o L! apurou, Pato e Dorival possuem um trato bem próximo. É normal que o técnico passe um tempo conversando com o jogador, mesmo durante os treinos. É um tipo de experiencia que o comandante são-paulino espera ter dentro do plantel.

Importante ressaltar que por estar parado desde novembro do ano passado, quando rescindiu contrato com o Orlando City, dos EUA, Pato poderia ser contratado e inscrito normalmente pelo clube para as disputas do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Na Sul-Americana, o jogador só poderia atuar a partir do mata-mata. Fato que ajuda ainda mais no interesse são-paulino.

O atacante teve passagens no clube do Morumbi entre 2013 e 2015, e retornou em 2019, deixando a equipe em agosto de 2020. Somando suas duas passagens pelo time, disputou 136 jogos, com 47 gols marcados e 18 assistências. É onde garante ter sido mais feliz no futebol, feito que o fez até mesmo abrir mão de quantia milionária devida pelo Tricolor. E que garante a terceira temporada de uma novela onde os personagens parecem, de fato, terem nascido um para o outro.

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