Especial eleição do Santos: Peres quer reformar Vila, metade dos jogos no Pacaembu e dirigente de peso

Candidato à presidência do Santos pela segunda vez seguida, José Carlos Peres se juntou com ex-adversário e representa a chapa 1. Ele explica o que fez na gestão de Modesto

José Carlos Peres, candidato à presidência do Santos
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O LANCE! começou, na terça-feira, 5, uma série de entrevistas com os candidatos à presidência do Santos Futebol Clube para o triênio 2018-2020. Todos responderam questões referentes aos mesmos tópicos de fundamental importância para o funcionamento do clube.

Seguindo o critério de publicação de ordem alfabética, José Carlos Peres é o segundo entrevistado da série.

Formado em administração de empresas e com carreira no mercado financeiro, José Carlos Peres é aposentado e, atualmente com 69 anos, decidiu trabalhar por seu clube do coração. Antes de destinar seu tempo exclusivamente ao clube da Vila Belmiro, esteve no futebol como diretor da Federação Paulista e representante do G4 Aliança Paulista, grupo feito para negociar patrocinadores em conjunto para Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo. No Peixe, diretamente, trabalhou na gestão de Marcelo Teixeira no projeto de unificação de títulos nacionais e também na de Modesto Roma no ano passado, lidando com negociações internacionais para escolinhas e torneios de pré-temporada. Depois de ficar em segundo lugar na eleição de 2014, se juntou com Orlando Rollo, que ficou em quarto, para formar a chapa Somos Todos Santos, a chapa 1:

DISPONIBILIDADE PARA SE DEDICAR À ADMINISTRAÇÃO DO CLUBE

Hoje sou aposentado, mas em atividade com poucas coisas. Há muitos anos sirvo o Santos. Eu prometi que daria uma parte da minha vida ao clube, o que faço desde 1998. Fui conselheiro em 2000 e fui até 2005. Me ausentei e voltei no ano passado. Fiquei por sete meses e saí por questão política. Passei pela Federação Paulista como diretor por seis anos, ajudei a fundar o G4 Aliança Paulista. Representei o Santos na gestão do Marcelo Teixeira. Aprendi bastante coisa.

LOCAL DE DESPACHO

Temos a intenção de ter em São Paulo uma unidade de negócios, com marketing e comercial. Aqui, em Santos, teria um funcionário só. Eu já praticamente moro em Santos e pretendo morar definitivamente. Não significa que ficarei sentado na cadeira da Vila Belmiro. Serei ativo e estarei onde o clube precisar. Seja na CBF, na Conmebol, onde for. Meu objetivo é ser presente para fazer grandes mudanças. Vou trabalhar 16 horas por dia se for o caso. Um ex-chefe meu dizia que quem trabalhava mais de oito horas não era suficiente. Quem fica 16 horas é porque não cumpriu seu papel, ele dizia.

MODELO DE ADMINISTRAÇÃO COM COMITÊ DE GESTÃO

Temos que cumprir o estatuto. Teremos as melhores cabeças entre os sete integrantes. Vou seguir o estatuto, mas vamos defender um modelo junto ao Conselho de forma democrática, propondo transformar em um conselho de administração, no formato europeu. Um conselho que seja eleito por cinco anos, sem ligação com chapa. Esteja acima do bem e do mal e que dê transparência para o clube. Quem aprova balanço seria esse conselho e depois passaria pelo Conselho Deliberativo. Eles aprovariam orçamento, venda de jogadores e compra acima de um determinado valor. Seria um órgão fiscalizador e que daria aval ao executivo. Seria independente, de credibilidade. Isso existe, viu?

"Vamos adotar um diretor-executivo de esportes, aquele que cuida da base e do profissional, do feminino e esportes olímpicos. Um cara antenado na área de esportes. Esse elemento já existe. (...) Não vamos dizer os nomes porque eles já estão trabalhando em clubes. Não é Rodrigo Caetano, nada da mesmice. É uma ala que tem informações globais. Caras que respiram futebol"

ORGANOGRAMA DO FUTEBOL

Vamos obedecer o estatuto e absorver de maneira eficiente e produtiva. Vamos adotar um diretor-executivo de esportes, aquele que cuida da base e do profissional, do feminino e esportes olímpicos. Um cara antenado na área de esportes. Esse elemento já existe. Estudamos perfis e estão de acordo com o clube. Temos dois e um será escolhido. Não vamos dizer os nomes porque eles já estão trabalhando em clubes. Não é Rodrigo Caetano, nada da mesmice. É uma ala que tem informações globais. Caras que respiram futebol.

CATEGORIAS DE BASE

Essa pessoa cuidaria da base e teria um gerente de base também. O Santos não é uma ilha. Hoje só se chega lá através de empresários. É uma dificuldade levar jogador ao Santos. Não te atendem. Vamos dar uma reformulação completa. Da cabeça aos pés da base. Vai acabar a festa de treinador dar treino até 11h da manhã. Ele vai receber salário para trabalhar em horário comercial. Será cobrado com metas. Não é promessa, é compromisso. O Santos vai mudar a cara na base. Será a coroa do rei. NO profissional também teremos jogadores com o perfil do clube. Todos passarão por imersão para saberem o que é a camisa do Santos. Na Petrobras, se você faz uma visita, se assiste um filme para saber o que é. Aqui também vai ter que ter compromisso com o clube. O projeto tem que ser comprado pelo jogador. Não queremos jogadores descompromissados. Vai ter comando. Se quiser igrejinha, vai na igrejinha rezar. As reformas serão sentidas.

RELAÇÃO COM A TORCIDA

O programa está claro. Temos uma base de 56 mil sócios. Essa base passou para 8 mil sócios adimplentes. Inexiste programa de sócios. A Redegol foi criada em dezembro e funcionou em janeiro. Eu vou em jogos do clube e pego fila que entro com 15 minutos de jogo. Catraca não funciona. Boleto não é mandado para o sócio, isso explica porque caiu o número. Agora, com esforço das chapas, foi para 12 mil sócios. Até a eleição deve chegar a 16 mil, mas é uma vergonha. Vamos recuperar essa base de 56 mil. O sócio vai pagar, mas vai ter condição, vai pagar em parcela. Não estou acusando a Redegol de nada, existe um contrato que não conheço. Vamos conversar e a relação será de empresa para empresa. Desejamos ter pelo menos 98% de disponibilidade das catracas. Sócio não pode pegar fila. Isso é um manual de não hospitalidade. Sócio tem que ter banheiro limpo, cadeira limpa, lanchonete de nome. Temos planejamento de 100 mil sócios até o final do triênio. Vamos trabalhar arduamente. Como? Com credibilidade. O tempo que estamos vivendo é de dez anos atrás. Temos que estimular e mostrar que vale a pena se tornar sócio para ter vantagens e ajudar o clube. Na Europa, se você é sócio e faz aniversário, tem as meninas que cantam parabéns, ganha camisa autografada. Isso já acontece na Europa. Nos Estados Unidos é brincadeira. Tem uma festa em todo lugar. Quando sai do jogo, recebe uma mensagem de agradecimento por ter ido ao jogo. Um match day mesmo. E depois você avalia a hospitalidade. Tudo isso encanta o torcedor. O que está em São Paulo vem para Santos. Ele tem que ter um dia, ir na praia, almoçar um peixe e depois vai ao estádio. Quando ele subir a terra, tem que ter um dia que nunca mais vai esquecer.

TORCIDA ORGANIZADA

Sobre torcida organizada. Achamos que todo torcedor é torcedor, seja sócio, de organizada, que colabora. Todos serão tratados com carinho e admiração. Organizadas terão cadeiras e banheiros limpos. E mais: vamos chamá-los para ajudar. Se der condição, treinamento, ensinar que respeito é importante. A participação da Torcida Jovem será maravilhosa. Vamos atendê-los como seres humanos. Terão que nos ajudar. Fortalecimento da marca passa por isso. O Santos é o time que tem menos rejeição. A torcida organizada, sem média, terá seu desafio e trabalho. Ingressos nós daremos se trabalharem. Se tiver 100 da torcida organizada que ajuda no monitoramento, recebe famílias, ganhará kit alimentação, ingresso e terá uma carteirinha de voluntário. Torcida tem que ser melhor aproveitada. As pessoas mudam e as torcidas também podem mudar perfil. Não há exclusão. Queremos mudar para melhor.

"Mas o Santos não pode viver do passado. Temos que derrubar a Vila Belmiro para fazer uma arena linda. A Vila é nossa Meca"

ESTÁDIO

É um assunto polêmico, mas viemos para enfrentar. Uma das coisas que vamos trabalhar é a questão do estádio. O Santos é o único clube que tem privilégio de jogar na Vila e no Pacaembu. Estamos invictos no Pacaembu. A média da Vila é 7 mil e Pacaembu é 22 mil. Vamos fazer uma divisão justa: metade em São Paulo e metade na Vila Belmiro. Quando jogar na Vila, o alívio será no bolso dos torcedores da capital. Mando no Pacaembu, o de Santos pode ver no pay per view e ter um refresco no bolso. Essa alternância é importante, pois vamos crescer em torcida. Se não for no próximo jogo, vai ficar três semanas sem assistir. Isso chama. Não adianta pedir para jogar só na Vila. Quem paga a conta dos grandes jogadores? Senão, vamos ficar igual atualmente, que chegamos perto mas não ganhamos porque jogador não recebe em dia. Ta ai o Ricardo Oliveira reclamando que não recebeu, o que explica por que ele jogou tão mal. Jogou bem nas últimas duas. Mas tudo isso é para o torcedor analisar que essa divisão é importante. O Pacaembu passa por uma licitação que o Santos bisonhamente perdeu. Essa gestão perdeu a chance de oferecer sua bandeira em troca de jogar sem pagar nada no estádio. Não entrou em nenhum consórcio. Não posso dizer como um adversário que vamos jogar lá por três anos. E se o vencedor da licitação não quiser? Não existe. O secretário de esportes de São Paulo desmentiu! Não há acordo com nenhum candidato. É falso. Queremos jogar em São Paulo? Queremos. Não pode dividir entre santistas de Santos e de São Paulo. Somos um só. Não temos a torcida dos grandes, mas temos uma torcida valorosa, com nível melhor. Se falar em 8 milhões, temos que dar as mãos. Sou o único candidato que pode unir o clube em torno de um projeto rumo ao futuro.

Sobre a VIla Belmiro. Wembley era um estádio raiz. Mas derrubaram. Mantiveram um pedaço para dizer que representava Wembley antigo. Fizeram uma arena maravilhosa. Eu fui. É uma arena maravilhosa e ninguém fala que perdeu a raiz. Estamos no século 21. Se tiver que fazer uma arena, que eu defendo para 20 mil pessoas, acho o máximo. Mas o Santos não pode viver do passado. Temos que derrubar a Vila Belmiro para fazer uma arena linda. A Vila é nossa Meca. Eu amo essa cidade, como São Paulo. O outro projeto (da atual gestão) é brincadeira. Chamamos isso no Conselho de Arena PowerPoint. Fala de nada. Sai confuso. Não tem nome de investidor e diz que a média do ingresso é de R$ 82. Sendo que hoje temos o estádio vazio. Santos tem um perfil desde o tempo do Pelé de 5 mil ingressos. O Santos colocou 237 mil torcedores no Maracanã. Tinha torcedores de todos os times. Volto a dizer. O Santos merece uma Vila Belmiro nova. Para não sei eleitoreiro, desde que tenha investidores. Se não implantarmos um portal da transparência, não conseguiremos ter investidores. Vemos uma matéria ruim por dia do clube. Isso desgasta a marca e essa visão falta para o gestor. Não adianta deixar um time forte andar, que não é o caso desse, senão teria ganho a Libertadores que estava para nós.

Temos um problema no CT Rei Pelé que o Ministério Público tinha um acordo social que o clube não cumpriu. Corre o risco de perder o centro de treinamento. Já estou fazendo isso para que não ocorra. Temos que melhorar o CT Rei Pelé, que já foi referência a outros clubes, no período que o Luxemburgo esteve aqui. Mas o mais importante é o CT dos garotos. Temos um arquiteto santista e que se dispôs a fazer uma maquete do centro de treinamento dos meninos, em outro terreno que estamos mapeando. Ele vai viajar para conhecer o do Manchester City porque queremos buscar inovação. Uma das ideias é trazer investidor da China ou de Dubai para investir nesse CT. Vamos vender para cinco ou seis empresas que venha para um projeto social. Em paralelo, trazer dinheiro. Enxergo o Catar nisso, por causa da Copa de 2022, para fazer alojamento para a base, para ter piscina e escola e vamos reservar dois campos para fazer dois campos para trazer os guris do Catar, por exemplo. Essa é a nossa ideia. Espero ter essa maquete antes de junho para ter os patrocinadores.

CHÁCARA NICOLAU MORAN

Temos um acordo com a Prefeitura de São Bernardo, que não é eleitoreiro, não, e o vice-prefeito e um dos vereadores já falaram que se eu for eleito, eles vão arrumar a chácara. Vamos lá fazer uma avaliação com um engenheiro ambiental para ver o que podemos fazer sem avançar a legislação. Ali tem restrições, todos sabem. Temos que negociar com outros órgãos. Se houver condições, vamos reformular com quiosques para as famílias irem antes dos jogos ou assistirem os jogos no telão. Tem que deixar limpo e com segurança. Se não for possível, há interesse em fazer permuta com uma área dentro da cidade. Antes, vamos tentar trazer de volta a chácara porque ela representou uma época bonita. O Pelé pescava lá, então, vamos tentar recuperar. Essa história se arrasta em toda eleição. Nada sai do papel. Nós queremos sair da mesmice.

MARKETING

O Marketing pode, sim, estar na subsede de São Paulo. Mas há um imóvel na Avenida Pacaembu, que ainda não conheço. Lá pode ser o departamento comercial e de marketing se houver espaço. Precisamos desenvolver um projeto lucrativo para o comercial vender.

Vamos trazer alguém de mercado para o marketing. Não haverá mais cabide de emprego. Chegou a hora do torcedor perguntar o que pode fazer pelo Santos e não o contrário. Essa é a reflexão que trazemos. Será profissional, será um departamento com poder. Marketing e comercial merecem destaque maior no organograma. Eles serão responsáveis por trazer receitas. Para isso, precisamos de gente de mercado. Os bons funcionários serão mantidos e valorizados. Ninguém sairá em caça as bruxas. Faremos qualificação dentro de necessidade. Hoje tem 900 funcionários e já funcionou com 300. O que aconteceu? Quem trabalhar direito, fica.

FINANÇAS E DÍVIDA EM TORNO DE R$ 300 MILHÕES

Meu plano é estancar a dívida. O Modesto está entregando a dívida maior com receitas extras. Ele pegou R$ 40 milhões do Esporte Interativo, vendeu três grandes jogadores, pegou dinheiro do Neymar... Ele perdeu Geuvânio, Gabigol, que eu trouxe para o Santos mas não ganhei nada e nem quis e vendeu o Thiago Maia. Três jogadores promissores. Se tivesse dinheiro, seriam mantidos e tenho certeza que seríamos campeões com eles. Há uma intenção de se manter um elenco forte a partir das receitas. O Santos tem que ser auto-sustentável. Queremos trazer os balanços de 2000 até 2017 no portal da transparência. Só o sócio terá acesso. Você saberá onde a dívida cresceu. Hoje devemos quase R$ 500 milhões. A Doyen procurou os clubes para dar desconto na dívida, tivemos 40% e um clube do Rio teve 60%. Gastamos R$ 10 milhões com advogados para ter esse desconto. Outro clube fez a negociação com os próprios advogados e teve desconto maior. Se pudesse ter 60% sem gastar R$ 10 milhões... Temos que saldar mais de R$ 80 milhões em três anos. Pegou dinheiro do Neymar, dinheiro que estava travado na Justiça e diz que diminuiu, mas ainda deve, tem mais duas parcelas da Doyen. Vai ter que ter dinheiro para pagar 20 e poucos milhões a Doyen. Teremos que estancar essa dívida. Vamos isolar essa dívida e se o próximo presidente aumentar, vai ter que pagar do bolso com o Comitê de Gestão. O Santos tem que ser rico ou viável, sem pedir empréstimo a banco e dar a Vila Belmiro como garantia ou sair correndo para vender jogador. Essas coisas não podem acontecer. Tem que jogar a dívida para o banco renegociar e reduzir. Vamos negociar juros suportáveis para pagar com o que tiver. O Santos está a beira de um colapso financeiro. A ponto de um ídolo do clube dizer que não recebe há meses. Explica porque o Santos está na condição que está. Tem partidas que joga bem e faz partidas bisonhas fora.

DIREITOS DE TRANSMISSÃO E ACORDO COM ESPORTE INTERATIVO

A negociação com a Globo já foi. Vai até 2020. Já teve o bônus de R$ 60 milhões. Isso no Campeonato Brasileiro. Preciso ver o contrato do Esporte Interativo ainda. Só lamento que a decisão da gestão atual seja para a gestão futura. Está errado e não é norma da boa gestão. Vamos analisar. Esse contrato não envolve o que a torcida reclama. A torcida reclama da televisão aberta, que não entramos na grade e perdemos torcida. Só entramos na aberta quando o adversário importa para a Globo. A Globo vai ter que respeitar nosso clube e marca. Se respeitar, ótimo. Vamos conversar, como o São Paulo fez. O São Paulo recebeu mais dinheiro da Globo e abandonou o Esporte Interativo. Em uma temporda amais fraca que a do Santos, aparece aos domingos na Globo, e o Santos, escondido. Ou joga fora das 16h. Aparece no pay per view porque o contrato é vigente ainda. O Santos tem que negociar. Tem que sentar e perguntar quantas vezes estará na grade de domingo. E na quarta? Tem 38 rodadas. Em quantas o Santos aparecerá? Tem que lutar contra a espanholização e a manipulação. O primeiro é o nenêzinho de vocês? Ok, fica com ele no colo, vamos negociar e respeitar o Santos. Não pode debochar. O descontentamento do torcedor está ai. Não adianta fechar contrato na televisão fechada e não resolver.

"Se aparecer um fornecedor com proposta maior, que já me procuraram, não posso dizer o nome. Na hora que me der a carta com a proposta, se a Umbro não cobrir, um abraço"

UMBRO

Não vi esse contrato nem no Conselho Fiscal. Foi feito em período proibido. Só vai valer em abril. Jogou para frente porque achou que a eleição estava ganha. Conversamos com o Wilson, dono da Umbro. O contrato com o Grêmio foi de R$ 18 milhões. Parece que o do Santos é de R$ 7 milhões. O Santos tem torcida no Brasil inteiro. Qual a explicação? Isso não pode acontecer. Vamos discutir esse contrato. A boa gestão mandava que se fizesse uma concorrência pública em que o clube faz exigências, destina verba ao marketing e manda para as empresas para saber quem paga mais. Não vamos nos unir a uma marca que ninguém conhece. Quem não quer uma Adidas? Uma Nike? Uma Umbro? Uma Puma? Mas precisamos dinheiros. Deveria ser natural. Ainda não entendi porque tem que fechar sem concorrência. Se aparecer um fornecedor com proposta maior, que já me procuraram, não posso dizer o nome. Na hora que me der a carta com a proposta, se a Umbro não cobrir, um abraço. Hoje, quero ser respeitado como marca. Isso é ter valor de acordo com a nossa história. Temos a melhor camisa do Brasil, branca e preta. Um branco para se colocar patrocínio como nenhum clube pode oferecer.

PECULIARIDADES

Cargo na gestão de Modesto Roma


Fui indicado pelo Marcelo Teixeira. Indicado ao Modesto. Não fui gerente de marketing internacional. Fui contratado para cuidar das escolinhas da China. Minha facilidade internacional existe. Cuidei das escolinhas, mas quem foi à China foi o Conforti (vice-presidente). O contrato era meu e ele ia. O que combinei era não falarmos de política. O valor que me pagavam eu pagava estrutura, como secretária. Sobrava um terço e eu era CLT. Trabalhei para o Santos, não para o Modesto.

Em paralelo, eu trouxe Florida Cup e Miami Cup. O valor na Florida era rateado entre os clubes. Gostei do projeto, tinha que envolver nosso patrocinador. Mas não houve interesse. A arrecadação era igual com bilheteria, com rateio. O que estava em pauta era a marca do clube. Não quiseram porque o treinador era contra. Por falta de comando, não quiseram. Entrou o São Paulo e ganhou. Surgiu a Miami Cup, de um bilionário texano. O que ele queria? Reunir depois de 39 anos o Santos, New York Cosmos e Pelé. Assinou com o Pelé e começou a novela com o Santos. Ele veio ao Brasil, foi à Vila Belmiro e o presidente atendeu ele por um minuto. Uma recepção sem saber quem estava do outro lado, um cara mais importante que ele no contexto mundial. Era para ser um festival de cinco dias com artistas internacionais, torneios de futebol feminino e de base. O fim da festa era a cereja do bolo. Santos x Cosmos com Pelé dando o pontapé inicial. Fariam um estádio móvel para 20 mil pessoas. Esperavam 1,5 milhão de pessoas em cinco dias. Era um valor muito bom. Fui conversar com o Dagoberto e só aceitariam se a pré-temporada nos Estados Unidos, do dia 6 ao 23 de janeiro. E começou as exigências de hotel cinco estrelas. Custaria 800 mil dólares para 49 pessoas. O empresário quase caiu de costas. O Real Madrid me pediu 30 passagens e o Santos, 49, ele disse. Fechamos e ele deixou o contrato aqui para enviarmos. Começou a enrolação. O Santos queria até participação em bilheteria de artistas. O empresário americano me ligava todo dia para cobrar. Jogou Santos e Benfica aqui na Vila. Antes do jogo, ele (Modesto) avisa que não teria a viagem. Foi uma pólvora. Dei o telefone do Roma ao empresário. O Roma oferecei ir só para o jogo. Estabeleceu um valor menor e fechou. Recebi uma ligação para enviar o contrato. Três dias depois me deram o contrato, depois do prazo. Mandei para o americano e ele soltou os cachorros. Aceitou levar prejuízo para dar uma lição e criticou a imagem do Santos. Por isso não teve a viagem.

Relação com o Modesto

Minha relação era atender esses contratos. Falei com o Conforti mais vezes e cumpri meu papel. Consegui uma companhia aérea como patrocínio. Mas me falaram que tinha uma do Marrocos, que não ficou. Suei a camisa e tenho honra de ter trabalhado no clube. Fiz jus ao meu trabalho. Fomos bem. O Roma cumpriu a palavra e não falou de política. Quando lançou a candidatura dele, foi o fim do meu ciclo. Disse que não estava concordando e meu salário foi suspenso. Saí em abril e ele me demitiu. Se eu tivesse o mesmo poder dele, demitiria ele. Eu tinha mais motivos para demiti-lo do que o contrário.

Temeu perda de apoio?

Quando recebi o convite, disse que pensaria. Chamei no salão de festas da minha casa todo meu pessoal e conselheiros para mostrar a proposta. Deixei claro que não tinha conotação política. Todos foram favoráveis que eu aceitasse para ver o que estava acontecendo, embora não tivesse aproximação com o presidente. Meu grupo concordou. Só quando todos concordaram eu fui.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não vou criticar. O Santos precisa de união, não de ódio. O Santos precisa se unir. É difícil. O Santos é um vaso que caiu no sexto andar e se espatifou. Agora tem que unir e tem diversos grupos. Quem tem que analisar a gestão é o sócio. Tivemos balanço de contas reprovado em 2015. O outro passou porque o Conselho achou que poderia ferir o Profut. O próximo não será aprovado. Tem irregularidades. Somos todos Santos e precisamos nos respeitas. Posso prometer que estou preparado para enfrentar esse desafio. Queremos ter orgulho de torcer para um time forte e transparente. Vamos cumprir contratos e prometemos que faremos a maior auditoria que aconteceu neste clube desde a fundação. Vamos colocar a limpo. Vamos fazer o clube passar a limpo para que a gente apresente ao mercado a credibilidade. Espero que o sócio nos apoie nesse projeto. Aos 69 anos, é meu grande desafio. Quero o melhor para o Santos. O Santos está sendo gozado por outras torcidas. Sou o único candidato que tem recursos e disponibilidade para unir todos os santistas em torno de um só caminho. Vote na nossa chapa se quiser reforma. Outros estão vindo sem nenhuma experiência. O que o Santos precisa é de experiência e ser político para ter habilidade e juntar todos para caminhar para frente. Serei o presidente de todos, mesmo de quem votar contra mim ou em outro candidato. Podem esperar de mim um presidente de todos sem nenhuma exclusão.

Confira na quarta-feira a entrevista exclusiva com Nabil Khaznadar, da chapa O Santos que queremos.

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