Paulista-93: Sérgio lembra título que o faz ser reconhecido até de máscara

No 27º aniversário da conquista que encerrou o jejum do Palmeiras, ex-goleiro conta ao LANCE! a importância de ter ficado na história do clube como titular aos 23 anos de idade

Sérgio Palmeiras
Ex-goleiro vê título paulista de 93 como razão para ser reconhecido mesmo usando máscara (Foto: Arquivo Pessoal)

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Nesta semana, respeitando a orientação de apenas sair de casa de máscara em meio à pandemia, Sérgio foi abordado por um corintiano, pedindo foto para mandar a um palmeirense. Uma prova de que o hoje ex-goleiro, aos 50 anos de idade, é inesquecível. E com uma explicação simples: ter sido titular na conquista do Campeonato Paulista de 1993, que encerrou um jejum de quase 17 anos sem títulos do Verdão, em jogo que completa 27 anos nesta sexta-feira.

- Passaram-se 27 anos e, onde vou, não passo despercebido. Até com máscara, os caras me reconhecem. Aquele título foi marcante demais. Fui escolhido. Passaram tantos grandes goleiros pelo Palmeiras desde 1976, e tive o prazer de estar no lugar certo, na hora certa. Olhando para trás, vejo a importância que era estar em uma posição muito delicada como a de goleiro do Palmeiras, formador de goleiros até hoje. E em um título como aquele, tendo acabado de completar 23 anos. Imagina... - recordou o ex-goleiro ao LANCE!

Um ano após subir ao time principal, Sérgio foi titular na histórica vitória por 4 a 0 sobre o Corinthians, em 12 de junho de 1993, no Morumbi, em um time com astros com passagens por Seleção Brasileira, como Antônio Carlos, Roberto Carlos, César Sampaio, Mazinho, Zinho, Edmundo e Evair. Tudo porque, logo no terceiro jogo do Paulista, Velloso se lesionou, e seu substituto foi logo alertado que, se não correspondesse, a Parmalat contrataria outro.

- Subi em 1992 e, de repente, o Velloso se machucou. No dia seguinte, teve uma reunião com Vanderlei Luxemburgo, (diretor da Parmalat, José Carlos) Brunoro e o treinador de goleiros, o Zé Mário. Eles me falaram: "você tem quatro jogos para se manter; se não der certo, teremos que contratar". Fui aparecendo, indo bem, me destacando. O time evoluiu, em uma sequência bacana, e apareci muito, ganhando prêmios. Não tive contestação no Paulista. Só foram falar em contratar outro goleiro no Brasileiro, no segundo semestre - lembrou.

Há um ano, Sérgio encontrou Luxemburgo em um restaurante, jantou com o técnico e perguntou o que ele achava de seu trabalho em 1993. Orgulhou-se ao ouvir do ex-chefe: "Você era um goleiro equilibrado, muito centrado, sem aquele negócio de defesa espalhafatosa, mas regular tecnicamente, aparecendo na hora certa. Isso me deixava mais tranquilo, porque não quero goleiro que faça defesa espalhafatosa e, na hora H, me faça perder o título".

A contestação mais forte, porém, ocorreu por parte de alguns torcedores e de analistas logo na primeira final. Neto cobrou falta, a bola atravessou a área e passou por Sérgio até encontrar Viola, que fez o gol da vitória por 1 a 0 do Corinthians e comemorou imitando um porco, mascote do Palmeiras, em imagem provocativa que Luxemburgo usou como motivação na época.

- Fui cobrado demais. Achavam que eu tinha que sair na bola, mas, quando a bola passa da marca do pênalti, tenho que ir de encontro a ela, não em diagonal, para a linha de fundo. A bola passou baixa e fez a curva. Tive culpa no lance, deveria ter acompanhado a bola e fechado o ângulo. Mas ela passou por todos e foi puro oportunismo do Viola, que entrou de repente. Eu e o Mazinho fomos pegos de surpresa - afirmou Sérgio, lembrando a repercussão na época.

- Sofri a semana toda. Mas a cobrança não foi tão direta a mim, não fui hostilizado nem nada. E nos fechamos em Atibaia, o que amenizou. O Vanderlei nos trancou e ninguém foi lá encher o saco. Tinha cobrança em cima de mim, mas eu estava tranquilo, porque tinha o segundo jogo para defender. O Corinthians poderia jogar até o outro dia que não ganharia. E posso dizer: se não tivesse acontecido aquilo, o título não seria tão bem comemorado, não teria tanta graça - sorriu, sem esconder a alegria pelo feito de 27 anos atrás.

- Mais jovem, antes de entrar no Palmeiras, eu ficava vendo jogos, ouvindo no rádio, e passava na cabeça estar em um jogo com quase 100 mil pessoas, com as pessoas me vendo. Na final de 1993, isso passava na minha cabeça antes do jogo e em alguns momentos do jogo também. Caiu a ficha quando fui campeão. Fui o goleiro que tirou o Palmeiras da fila - comemorou, orgulhoso.

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