Papo com Castroneves: do oval de Indianapolis para as ruas de Detroit
Após a Indy 500, piloto brasileiro fala sobre seu próximo desafio nas pistas
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Olá, amigas e amigos, tudo bom?
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Depois do movimentadíssimo mês de maio na IndyCar, era de se supor que houvesse uma distância maior entre a Indy 500 e a primeira corrida de junho. “Está de folga agora, Castroneves?”, teve gente que perguntou. E a resposta foi sempre a mesma: “Não!”. O NTT IndyCar Series não para e o próximo desafio é neste domingo, 4, em Detroit.
Será uma prova inédita porque marcará a volta ao centro de Detroit. Nas primeiras provas da Indy na cidade, entre 1989 e 1991, aconteciam bem no centrão. Isso faz um tempão, pois estava no kart ainda nesse período. Já a partir de 1992, as disputas passaram para o belíssimo Belle Isle Park, onde venci três vezes (dentre elas, a primeira da minha carreira na categoria, que fez nascer a comemoração nas grades) e fiz igual número de poles. Aliás, esses recordes ainda são meus.
A volta ao centro faz parte de um importante projeto de revitalização do centro de Detroit, que foi criado há muitos anos e tem, desde o início, participação decisiva de Roger Penske. Esse programa promoveu uma transformação gigantesca em Detroit, que eu pude ver de perto, tantas foram minhas visitas desde que entrei na Indy. Vai ser muito legal ver esse circuito de perto e o público brasileiro poderá assistir ao vivo, no domingo, a partir das 16:00, na TV Cultura e ESPN.
Indy 500
Agora, gostaria de falar da Indy 500. Foi uma luta que vocês não fazem ideia. Claro que estava pronto para fazer a melhor corrida possível com o #06 da Meyer Shank Racing, mas penamos com problemas de acerto e não teve como resolver a tempo de lutar pelas primeiras posições.
A preparação começou prejudicada porque choveu na terça-feira, 16, e perdemos aquele que seria o primeiro dia de treinos. Quando entrei na pista, ainda na quarta-feira, já utilizei o meu acerto vitorioso em Indianapolis. Só que o resultado não vinha e o negócio foi fazer modificações, afastando a gente do meu modelo. Mas logo depois do Qualifying, descobrimos que não era o meu acerto que estava errado. O problema estava em uma medição errada num dos sistemas da parte traseira.
Infelizmente, esse problema foi descoberto muito tarde e, infelizmente, não houve tempo para voltar exatamente ao original para a prova. Como consequência, o carro saía muito de traseira, era muito difícil dirigir no tráfego e o desempenho caía bastante quando o jogo de pneus já estava na metade do stint. É verdade que a equipe evoluiu bastante após a vitória na Indy 500 de 2021, mas atualmente está ficando claro que poderíamos ter avançado um pouco mais. Por tudo isso, a Indy 500 de 2023 foi uma importante lição.
Tony Kanaan
Não poderia terminar a minha coluna sem mandar um abraço do tamanho do mundo para Tony Kanaan, que no dia 28 de maio disputou sua última Indy 500. O mais incrível é que recebemos a bandeirada de chegada praticamente juntos, pois duelamos pela mesma posição nas voltas finais. Na volta de retorno aos pits, emparelhei com ele e fiz sinais de cumprimento. Isso me deixou tão emocionado que mesmo agora, quando escrevo sobre isso, fico com um nó na garganta. Depois, ele revelou que chorou naquele momento.
Nossas carreiras estiveram sempre muito ligadas, desde o kart até aqui, que tenho certeza de que vamos dividir as pistas por muito mais tempo ainda. Pode não ser mais na Indy 500, mas acredito que as possibilidades existem. Quem sabe na Stock Car, categoria na qual o Tony Kanaan compete atualmente, né?
Grande abraço a todos e até semana que vem.
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