Pelé, 80 anos em 80 dias: a noite em que o Rei do Futebol ‘expulsou’ o juiz

Em 1968, durante amistoso entre o Santos e a seleção sub-23 da Colômbia, árbitro tentou expulsar Pelé, mas pressão da torcida, que queria assistir ao Rei, fez federação tirar o juiz 

Pelé e juiz colombiano
Pelé e Guillermo Velásquez, último à direita: jogo entrou para folclore do futebol (Foto: montagem sobre reprodução)

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Uma das inúmeras histórias envolvendo o maior jogador de futebol de todos os tempos aconteceu quando o então árbitro colombiano Guillermo Velásquez
tentou expulsar Pelé de campo e acabou ele próprio expulso para que o jogo pudesse continuar com o craque brasileiro. Isso aconteceu em partida do Santos contra a seleção sub-23 colombiana, em Bogotá, conforme exigia o público que lotava o Estádio El Campín.

O fato aconteceu no dia 17 de julho de 1968, e o Santos era a equipe mais poderosa do mundo, com Pelé no auge da forma, durante um dos inúmeros amistosos que o time disputava pelo mundo naquela época. Era comum a equipe paulista golear os adversários, mesmo os principais times do mundo, com Pelé marcando gols em quase todos os jogos.

Guillermo Velásquez era do quadro da Fifa e um dos principais árbitros do futebol mundial, que durante a carreira apitou em quatro Jogos Olímpicos e na Copa do Mundo de 1970, no México, na qual o Brasil foi tricampeão com Pelé como seu principal destaque.

Durante o jogo entre seleção colombiana sub-23 e Santos, pouco antes do final do primeiro tempo, Pelé fez uma falta violenta, por trás, no zagueiro colombiano Luis Eduardo Soto. Velásquez não hesitou: na época, não existia cartão vermelho – nem amarelo – no futebol, e o árbitro simplesmente apontou o vestiário para o craque brasileiro. Mas ele não chegou a sair de campo, e quem acabou indo embora foi o árbitro.

A expulsão de Pelé provocou a revolta do time do Santos, que partiu para cima do árbitro. Mas, pior ainda para ele, é que a torcida colombiana também começou a protestar com gritos e vaias por todo o estádio e a situação começou a se tornar perigosa para a segurança de todos. Afinal, os torcedores estavam lá e pagaram ingresso exatamente para ver Pelé jogar.

Para evitar que a situação se agravasse, a federação colombiana tomou uma atitude inédita no futebol mundial: decidiu substituir o juiz e permitir que Pelé continuasse em campo. Nos dias de hoje, seria como um autêntico cartão vermelho para o árbitro, que alegou como motivo da expulsão, além da falta praticada por Pelé, ter sido ofendido pelo jogador.

Conforme Velasquez relatou anos mais tarde, foi o assistente número 1 (ou bandeirinha), Omar Delgado, quem lhe levou o recado sobre seu afastamento da partida determinado pelos dirigentes colombianos, e a ordem para que Delgado apitasse o restante do jogo. Velasquez se conformou, deixou o gramado, e a partida continuou sem problemas, terminando com a vitória do Santos por 4 a 2, com um gol de Pelé. Velásquez morreu em 2017, aos 84 anos, em Medellín, na Colômbia.

Os cartões amarelo e vermelho no futebol, para advertir e expulsar jogadores, só foram introduzidos no futebol pela Fifa no Mundial de 1970, sendo que nenhum cartão vermelho foi aplicado durante o torneio.

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