Levanta, Paes! Como um erro grave mexe com a cabeça de um atleta

LANCE! detalha carreira de goleiro do São Caetano e aborda tema com especialistas em psicologia do esporte: o que fazer para reagir? Presidente do Azulão reafirma apoio

Paes - São Caetano
Paes não escondeu lágrimas após revés do São Caetano  para o São Paulo (Foto: Ricardo Moreira/Fotoarena/Lancepress!)

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As lágrimas de Paes após a eliminação do São Caetano nas quartas de final do Paulistão evidenciaram como um erro decisivo pode causar diversos impactos emocionais na carreira de um atleta. O jogador de 35 anos, que desabafou após sua falha culminar no gol de Tréllez, do São Paulo, tenta se levantar do grande tombo. Ao sair jogando errado, o goleiro entregou a bola ao atacante, que abriu o caminho da classificação do time da casa no Morumbi.
 
- Hoje, a gente ainda está triste, mas estamos trabalhando da melhor maneira possível para recolher os cacos. O momento é de reerguer a cabeça - afirmou, o goleiro do Azulão, ao SporTV, na quarta-feira, um dia após a derrota do Azulão por 2 a 0 para o Tricolor, culminando na eliminação do time do ABC paulista.

Paes tem agora um desafio bem intenso para encarar na já longa trajetória.

PSICÓLOGOS APONTAM CAMINHOS

São Paulo x São Caetano
'Dá sensação de que todo trabalho foi posto em xeque por um erro' (Divulgação São Paulo)

O apoio surge como fundamental para que Paes vire a página de seu erro no Morumbi. Especialista em psicologia esportiva, Eduardo Cillo contou ao LANCE! como o momento após a falha é, geralmente, sentido entre jogadores. 

- É um lance realmente custoso para um goleiro, difícil de ser digerido, daqueles que até corre risco de ele cogitar encerrar a carreira. Ele experimenta um sentimento comparável com o luto, do qual tem de sair para depois pensar em trabalhar com novas metas e readquirir sua confiança completa - disse.

Aos seus olhos, a falha ganha uma proporção maior quando custa a eliminação de uma equipe de menor investimento, como no caso do São Caetano.

- Dá uma sensação de que o nível de competitividade, de todo o trabalho por resultados maiores de uma equipe, foram postos em xeque por um erro isolado dele. É muito difícil, custoso de sentir - analisa Cillo.

Outro especialista em psicologia esportiva, Gustavo Korte destacou outras situações com os quais Paes terá de lidar.

- A idade avançada pode, às vezes, causar um abalo após uma falha. Como o Paes tem 35 anos, há o risco de ele se abater, e achar que não pode mais corresponder. Outra preocupação é como lidar com a percepção de competência. É importante que o Paes tenha recursos psicológicos para lidar com o erro, saber o que tem de fazer da próxima vez - comentou.

Eduardo Cillo também crê que o amparo tem de surgir de várias maneiras.

- Paes vai precisar de apoio tanto psicológico quanto social, que é o da família e de quem o cerca no São Caetano. O preparador de goleiros, os demais companheiros de time...

É o que o goleiro já conta.

- Minha esposa me apoiou muito. Ela ainda disse: "calma, você tem 2018 inteiro, o mundo não acabou ontem" - afirmou Paes.

DESTAQUE NO AVAÍ, PASSAGEM EM PORTUGAL...

Paes - São Caetano
Paes está no Azulão desde 2016 (Divulgação/São Caetano)

Paes iniciou no Silva Jardim (clube de Rio das Ostras, cidade no litoral do Rio de Janeiro) uma carreira basicamente construída em clubes de menor investimento. Após defender o Unaí-MG, não se firmou no Brasiliense, e acabou atuando por clubes como Ceilândia-DF e Guará-DF.

Após curta passagem no Atlético Tubarão-SC, no ano de 2008, desembarcou no Avaí, e logo contribuiu para o acesso da equipe à elite do Campeonato Brasileiro. Nos anos seguintes, Paes viria a saborear o gosto dos títulos: em 2009 e 2010, foi bicampeão catarinense.

O bom rendimento no clube avaiano conduziu Paes ao Beira-Mar (POR), onde atuou por duas temporadas. Retomou sua carreira no Brasil em 2013, pelas portas do Cianorte.  Ainda atuou por dois anos com a camisa do Oeste-SP, até, em 2016, desembarcar no Anacleto Campanella, onde já jogou na Série A2 e na elite do Paulistão pelo São Caetano. Seu vínculo com o clube vai até maio de 2019.

PRESIDENTE REFORÇA CONFIANÇA

Nairo Ferreira - presidente do São Caetano
'Paes vai seguir conosco, tem nosso apoio', diz Nairo Ferreira (Divulgação/São Caetano)

Nem mesmo a falha no Morumbi foi suficiente para abalar a confiança que Paes recebe no São Caetano. Em contato com o LANCE!, o presidente Nairo Ferreira, do Azulão, creditou o erro de Paes a uma "coisa do futebol". 

- Fizemos um grande trabalho depois da chegada do Pintado, e sabemos que o São Caetano podia ir muito mais longe no Paulistão. Mas o Paes não estava na noite dele, e, é claro, não podemos botar a culpa em um jogador só pela eliminação. Em especial porque o Paes tem todos os seus méritos, é um goleiro de qualidade.

Nairo destacou apoio irrestrito a Paes, que só assumiu a titularidade na meta no São Caetano em 2018 em março, após a lesão de Helton Leite contra o Palmeiras.

- Paes vai permanecer conosco, está conosco. Ele tem o nosso apoio incondicional e sempre fez por onde contar com este crédito. Está aqui no São Caetano há dois anos, foi importantíssimo na nossa campanha na Série A2 e também no Paulistão. Não será uma falha que tirará o seu prestígio - disse.

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