Ex-presidente do Iphan diz que troca de nome do Maracanã pode virar caso de Justiça por ação de 2000

Kátia Bogéa lembra que estádio é um patrimônio nacional, tombado por lei federal, ou seja, em caso de alteração estadual, decisão pode ser questionada, revela ela ao 'Bom Dia Rio'

Maracanã Libertadores
Casa do futebol carioca, Maracanã está envolvido em polêmica política que mobilizou torcedores (Foto: Divulgação)

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A votação que pretende alterar o nome do Maracanã de Mário Filho para Rei Pelé segue gerando debate entre especialistas e torcedores. Nesta quinta-feira, em entrevista ao "Bom dia Rio", da Globo, a historiadora e ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Kátia Bogéa lembrou que o estádio é um patrimônio nacional, tombado por lei federal, desde dezembro de 2000, ou seja, em caso de alteração estadual, ela pode ser questionada na Justiça.

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- O Maracanã é declarado patrimônio brasileiro no ano de 2000, foi tombado pelo Iphan, em um processo que demorou anos e com ampla discussão. A alteração do nome sem nenhuma consulta, sem que o órgão de Patrimônio que tombou sequer tenha sido consultado é algo que não conseguimos entender. Porque o Maracanã faz parte da história brasileira, ele é um marco histórico, e o nome dele é marco também. Então o nome faz parte do tombamento - comentou a ex-representante do Iphan, que ainda detalhou o argumento:

- Não pode ser modificado (o nome do Maracanã) por uma legislação estadual que não está acima de uma legislação federal. A fachada não pode ser alterada e o nome não pode ser modificado, porque o que foi tombado foi o Estádio Mário Filho, que é denominado Maracanã - completou.

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O jornalista André Loffredo, comentarista esportivo da edição matinal do programa, ainda recordou que o ex-jogador Pelé merece toda e qualquer homenagem por sua história de conquistas e habilidades no futebol, porém, ele reforçou a importância de Mário Filho para que o Maracanã se tornasse o maior templo do esporte mundial. Mário foi um dos idealizadores do projeto que colocou mais de 100 mil pessoas no Maraca.

- Foi o Mário Filho que lutou para ter um estádio desse tamanho, exatamente onde é. Não podemos ficar calados diante dessa ideia sem sentido, como se a Assembleia não tivesse mais o que fazer. Primeiro que não pode. 

LEI PODE IMPEDIR HOMENAGEM AO REI
Loffredo ainda recordou que há uma lei que delimita homenagens em locais públicos para pessoas vivas. Por isso, Pelé só poderia ter seu nome citado em algum processo de mudança do estádio quando morresse, diferente do que ocorreu no Estádio Rei Pelé, em Maceió. O local onde joga o CSA tem o nome do eterno camisa 10 da Seleção por ter sido construído  anos antes, em 1977, sete anos precedentes à lei ter sido criada. O estádio foi criado em 1970, logo, se manteve o nome.

Quem também chamou a atenção do público foi o apresentador Flávio Fachel, que por duas oportunidades no programa detonou a proposta de alteração. Ele apontou que seria um equívoco o governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro aceitar a mudança, chamou a alteração de "mico" e justificou inclusive que não há "caráter de urgência" na mudança em meio à pandemia.

Vale lembrar que, após ser aprovada na Alerj, a decisão final está nas mãos do governador. No texto aprovado pelos deputados, o complexo poliesportivo do Maracanã, que conta com o estádio de futebol, o Maracanãzinho, o parque aquático Júlio Delamare e o estádio de atletismo Célio de Barros, passaria a se chamar Complexo Mário Filho, para continuar homenageando o jornalista. Já o estádio seria chamado de Estádio Edson Arantes do Nascimento - Rei Pelé.

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