Presidente da Fifa responde críticas à Copa do Mundo: ‘Hoje me sinto catari, gay e imigrante’

Gianni Infantino faz longo discurso e tenta se aproximar da população que enfrenta dificuldades no Qatar

Gianni Infantino, presidente da Fifa
Gianni Infantino faz longo discurso em defesa das minorias (Foto: FRANCK FIFE / AFP)

Escrito por

Na véspera da Copa do Mundo, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, concedeu entrevista coletiva em Doha, na manhã deste sábado, e reagiu às críticas que o Mundial no Qatar vem sofrendo nas últimas semanas. O mandatário da entidade máxima do futebol fez um longo discurso em defesa das minorias e mandou um recado para quem é contra a realização da Copa no país árabe: "Não assista".

- Não assista. É como essas pesquisas que mostram alguns candidatos na frente, e depois eles não ganham. Pega bem para alguns dizer que não vão assistir, porque o Qatar isso, porque a Fifa aquilo... mas a gente sabe que essas pessoas vão assistir, talvez escondidos. Porque nada é maior do que a Copa do Mundo. Para estas pessoas, as que vão ver escondidas, eu digo que vai ser a melhor Copa do Mundo da história - disse Infantino.

O presidente da Fifa ainda tentou se aproximar da população que enfrenta dificuldades no Qatar, falou em "sentimentos muito fortes" e, ao mesmo tempo, fez duras críticas aos países europeus. Segundo o presidente, eles deveriam parar de "dar lições de moral".

+ Tite faz mistério em último treino da Seleção Brasileira antes de embarcar para Doha

- Hoje estou com sentimentos muito fortes. Hoje me sinto catari. Hoje me sinto árabe. Hoje me sinto africano. Hoje me sinto gay. Hoje me sinto deficiente. Hoje me sinto como um trabalhador imigrante. (...) Eu sou europeu. Pelo que temos feito por 3.000 anos em todo o mundo, devemos nos desculpar pelos próximos 3.000 anos antes de dar lições de moral - explicou.

Na sequência, Infantino citou sua experiência pessoal e diz ter enfrentado discriminação por ser estrangeiro, ter cabelo ruivo e sardas.

- Claro que eu não sou catari, nem árabe, nem africano, nem gay, nem deficiente, nem um trabalhador imigrante. Mas eu sinto, eu sei como é ser discriminado, como é ser tratado como um estrangeiro. Como criança na escola eu sofria bullying, porque eu tinha cabelo ruivo e sardas. Eu era italiano, então imagine, eu não falava bom alemão. O que você faz? Você vai para o seu quarto, fica mal, chora. E então tenta fazer amigos, tenta convencer os amigos a se relacionar com outros e outros. Não acusa, não insulta. Você começa a se engajar. E isso é o que nós deveríamos fazer - completou.

+ Universidade de Oxford projeta título do Brasil na Copa do Mundo; veja favoritos

O governo do Qatar vem sendo criticado por questões políticas e culturais contra os direitos humanos. O Código Penal do país anfitrião proíbe a atividade homossexual para homens e mulheres e ainda prevê, como pena máxima, até mesmo o apedrejamento. Além disso, Infantino também comentou as críticas pelo tratamento aos trabalhadores no país.

- Quem está realmente se importando com os trabalhadores? A FIFA se importa, o futebol se importa, a Copa do Mundo se importa e, para ser justo com eles, o Qatar também. Eu estive em um evento alguns dias atrás, onde explicamos o que estávamos fazendo nesta Copa para pessoas com deficiência... 400 jornalistas estão aqui (na coletiva de hoje) aquele evento foi coberto por 4 jornalistas. Há 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo. Ninguém se importa. Ninguém se importa. Quatro jornalistas - concluiu o presidente da Fifa.

News do Lance!

Receba boletins diários no seu e-mail para ficar por dentro do que rola no mundo dos esportes e no seu time do coração!

backgroundNewsletter